O Cazaquistão comemora as suas raízes centenárias. O festival de Astana é apenas um dos vários eventos que têm lugar em todo o país, para assinalar
O Cazaquistão comemora as suas raízes centenárias. O festival de Astana é apenas um dos vários eventos que têm lugar em todo o país, para assinalar os 550 anos do Reino Cazaque.”
Fundado por descendentes de Genghis Khan no século XVI, o Khanato Cazaque foi o primeiro reino independente da etnia cazaque – povo nómada de língua túrquica, que habitava as vastas estepes da Eurásia. O reino Cazaque existiu até o século XVIII, até que se fragmentou em três partes, posteriormente incorporadas no Império Russo.
Uma exposição comemorativa exibe, no Museu Nacional de Astana, achados arqueológicos, textos antigos e folclore, que moldaram as raízes da identidade nacional cazaque, eclipsada pela ideologia soviética no século XX.
Zhambyl Artykbayev, historiador e professor da Universidade Nacional de Eurásia, no Cazaquistão explica: “A desintegração do império soviético permitiu aos grupos étnicos que o integravam que procurassem a autodeterminação. Isto aconteceu igualmente com os cazaques – durante os últimos 20 anos, empenhámo-nos na procura das nossas bases históricas.”
Cientistas locais e estrangeiros estudam as origens históricas de uma nação que nasceu num vasto território de estepe sem litoral, no cruzamento das economias e culturas regionais.
Ermanno Visintainer, responsável do centro de investigação “Vox Populi”, em Itália acrescenta: “Mais que qualquer outro país da Ásia Central ou na Eurásia, o Cazaquistão soube entender o destino escrito nas páginas mais antigas da sua história.”
Para Catherine Poujol, historiadora e diretora do Centro de Estudos da Eurásia e da Rússia, INALCO, em França: “O Cazaquistão procura mostrar aos seus vizinhos que o Estado cazaque tem uma história antiga e não se tornou pela primeira vez independente com a dissolução da União Soviética em 1991”.
Os cazaques fazem igualmente uma reflexão séria sobre a etapa soviética da sua história – que trouxe não apenas a modernização, mas também muitas tragédias nacionais, como a fome que resultou da coletivização forçada das décadas de 1920 e 1930, e as quatro décadas de testes nucleares que ainda afetam a saúde dos cidadãos.
“Não matamos o espírito de um povo, não é possível matar a cultura de um povo, tudo aquilo que sobrevive às dificuldades políticas, crises e guerras”, diz Catherine Poujol.
Irina Konovalova, historiadora e diretora-adjunta do Instituto de História Mundial da Academia de Ciências da Rússia conclui: “Esta manhã participei no encontro com os dirigentes dos Estados túrquicos, onde o presidente do Cazaquistão fez um longo discurso, que mostrou claramente que a liderança deste país está apostada em apoiar a recuperação das tradições – o que me parece muito acertado.”
As comemorações deste aniversário continuarão durante o resto do ano.