Portugal: gerações em crise

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De  Filipa Soares
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Sábado é dia de compras para Laura Lavandeira, mas os hábitos de consumo desta reformada portuguesa foram alterados pelas medidas de austeridade. A sua reforma foi cortada em cerca de 500 euros por mês.

“Nas minhas compras diárias comecei a comprar praticamente o essencial. Embora eu realmente goste muito mais de peixe do que de carne, comecei a comprar peixes mais baratos do que comprava. Comecei a ter cautela com o tipo de vegetais. Eu fui criada em África e gosto muito de frutos tropicais, mas agora, acabaram-se, porque são muito mais caros”, conta Laura:

Com os cerca de 1560 euros que recebe todos os meses, Laura tem de ajudar a filha, desempregada, e a neta. Mesmo assim, Laura sabe que recebe bem mais do que muitos portugueses.

A austeridade fez esta reformada reagir. Aos 75 anos, aderiu, pela primeira vez, a uma formação política. É mandatária, no Porto, do Partido Unido dos Reformados e Pensionistas, que participa, pela primeira vez, nas eleições legislativas de 4 de outubro.

Laura Lavadeira garante que não foi só o corte na sua reforma que a fez avançar: “É o corte em tudo. Nós já não somos donos de nada neste país. Eu estive ao longo deste tempo todo a ver a decadência na Educação, a decadência na Saúde. Isto está tudo decadente, se nós não lutamos quem luta?”

A reformada não acredita que possa haver mudanças para melhor no rumo do país se os portugueses elegerem os mesmos de sempre, mas tem esperança que a eleição de alguns deputados do seu partido possa fazer a diferença.

Geração a recibos verdes

Nélson Aguiar pertence a outra geração, mas a sua vida não é mais fácil. Trabalha para três empresas a recibos verdes, para ganhar cerca de 1100 euros brutos por mês.

“Ontem fiz segurança até às 6 horas. Dormi três horas ou quatro, que normalmente é o costume. Fui dar aulas da parte da manhã até às 13 horas. Entro às 15h30 no ginásio. Trabalho lá até às 19h30. Depois, tenho duas horas para jantar, tomar um banho, descansar um bocado e depois tenho que ir fazer segurança outra vez até às 7 horas”, explica Nélson.

Aos 30 anos, o campeão do mundo de kickboxing continua a viver em casa dos pais.

Nélson não perde a esperança. Sonha ter um contrato e os mesmos direitos que os trabalhadores com um vínculo laboral “Eu vou votar e espero que o novo Governo tente melhorar as condições dos recibos verdes, mas também todos os outros problemas que existem no nosso país”.

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