Israel/Palestina: A onda de violência que pode transformar-se numa intifada

Israel/Palestina: A onda de violência que pode transformar-se numa intifada
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Continuam os violentos ataques, com facas, de palestinianos a israelitas mas, no balanço final o número de mortes pesa mais sobre os primeiros. Pelo

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Continuam os violentos ataques, com facas, de palestinianos a israelitas mas, no balanço final o número de mortes pesa mais sobre os primeiros. Pelo menos 30 palestinianos e sete israelitas morreram, desde 1 de outubro. Há dezenas de feridos israelitas e centenas palestinianos.

Muitos dos casos de violência ocorrem em Jerusalém Oriental, local sagrado para ambas as partes, ocupado e anexado por Israel.

Israel que começou, na quarta-feira, a controlar os acessos aos bairros árabes desta cidade e reforçou o contingente policial, para tentar travar a vaga de ataques.

Mas a violência estende-se a outras cidades, entre elas Gaza. Esta quinta-feira, em Belém, centenas de palestinianos atiraram pedras contra as forças de segurança israelitas, depois do funeral de um homem, morto nos confrontos, no dia anterior, com a polícia.

Sobre esta questão a euronews falou com o ex-embaixador israelita em França:

Euronews

Elie Barnavi, enquanto antigo diplomata do Estado de Israel, pode explicar um pouco o que se está a passar em Jerusalém, em Belém, e em toda a Cisjordânia, mas também em Gaza?

Elie Barnavi, antigo embaixador israelita em França, historiador e analista

Houve um aumento, repentino, da violência, algo inesperado, uma espécie de princípio de uma intifada mas que não se assemelha às anteriores.

Este movimento é, inteiramente, liderado por jovens, jovens que são mobilizados através das redes sociais e sobre os quais, aparentemente, os lideres palestinianos não têm controlo.

O motivo, mais imediato é uma espécie de sentimento de que Israel está a ameaçar o Monte do Templo, mas as razões mais profundas têm a ver com a ocupação, em relação à qual, aparentemente, não há qualquer perspetiva de uma solução diplomática. É um acumular de frustrações e de ódio.

Euronews

Mencionou Al Aqsa, o Monte do Templo. Os movimentos da extrema-direita israelita estão a pôr esse lugar em perigo?

Elie Barnavi

Há elementos da extrema-direita, incluindo no governo, que gostariam de mudar o status quo, mas isso não vai acontecer e o primeiro-ministro Netanyahu deixou-o claro várias vezes.

Não há nenhuma possibilidade de alterar o status quo de Al Aqsa. Mas Al Aqsa é um lugar de reunião, conveniente, altamente simbólico e, para todos os que procuram um símbolo, Al Aqsa é o lugar ideal.

Euronews

Estamos já numa intifada três?

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Elie Barnavi

É o que parece mas ainda não chegámos lá.

Mas se não conseguirmos conter a onda de violência, rapidamente, pode transformar numa verdadeira intifada.

Já é uma onda, considerável, de violência, há uma espécie de histeria que agarra o público.

As pessoas têm medo de sair à rua, e, obviamente, o governo não sabe o que fazer. Na situação anterior sabíamos a quem nos endereçar. Hoje não sabemos. São pessoas que não têm, verdadeiramente, um líder, alguém a dirigi-las. Por isso, é difícil fazer previsões e reprimir as ações.

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Euronews

Em relação a isso e ao bloqueio a Jerusalém Oriental, o governo israelita e a Autoridade Palestiniana podem fazer alguma coisa para retomar as negociações?

Elie Barnavi

Não há um bloqueio a Jerusalém Oriental, são coisas que se dizem. O objetivo é dar a impressão aos cidadãos que se passa alguma coisa. Mas, na verdade, não há bloqueio. Não é possível bloquear a cidade, até porque, ideologicamente, Jerusalém é uma cidade unificada. Como se pode unificar uma cidade se se criarem bloqueios a alguns dos seus bairros?

Euronews

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Como é que os israelitas estão a viver esta situação?

Elie Barnavi

Vivem com medo do próximo ataque, mas ainda é muito cedo. Ninguém, exceto uma parte da imprensa, está a tentar compreender as razões subjacentes a este problema a procurar soluções para resolvê-lo.

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