Bergman e Hitchcock levam os nossos medos à ópera

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2015 assinala o centenário do nascimento de Ingrid Bergman. A Ópera de Gotemburgo celebra a atriz sueca com a versão operática do filme de Hitchcock "Difamação".

Encenar uma ópera é, por si só, um desafio à inspiração. Encenar uma ópera inédita, baseada numa estória contemporânea, eleva a fasquia. Sobretudo porque estamos a falar da versão operática de “Difamação” ou “Notorious”, o filme culto de Alfred Hitchcock, que alguns consideram como uma das obras cimeiras do Cinema. Afinal, trata-se de uma película protagonizada por Cary Grant e Ingrid Bergman, a mítica atriz sueca. 2015 assinala o centenário do seu nascimento. A Ópera de Gotemburgo levou o filme ao palco, onde a soprano Nina Stemme desempenha o papel de Bergman. O Musica foi espreitar os ensaios.

A abordagem tem um toque político e uma dimensão psicanalítica que também os personagens secundários veiculam. A mezzo soprano Katarina Karnéus afirma que “a relação entre a Madame Sebastian e o seu filho, Alex, é muito interessante. É tão íntima que chega a ser desconfortável. Ela castigou-o muito quando ele era criança. Basicamente, ele está nas mãos da mãe. No filme, a personagem dela não é tão dura. Na ópera, ela é mais ríspida, mais maléfica.”

O encenador Keith Warner vai ainda mais longe na análise. “São muito interessantes as outras leituras que a estória traz, sobretudo sobre as mulheres, as atrizes, filhas de pais impositivos, que se debatem com o problema da dominação. A personagem de Alicia, de Bergman, não enfrenta apenas a problemática de ser a filha de um nazi. É alguém que não escapa ao controlo da figura parental ou, como sucede com todos nós, alguém que luta psicologicamente contra o controlo externo dos seus pensamentos, das suas ações. Como é que nos libertamos disso?”, pergunta.

Para Warner, “isto tem tudo a ver com a forma como o mundo lida com a questão da autoridade. Será que todos os filmes de Hitchcock não têm a ver com o medo em relação às figuras autoritárias? Ele explorou o coração dos nossos medos, das nossas vidas. Há todo o rol de mães, pais, chefes, pessoas que dominam as nossas vidas, que têm a capacidade de nos tornar miseráveis, completamente manietados. A ópera lida também com essa questão: como enfrentar a voz que domina os nossos pensamentos?”

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