Eleições Turquia: Aumento da violência marca período pré-eleitoral

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Cinco meses depois, os turcos voltam às urnas este domingo para tentar resolver o impasse político. A 7 de junho, o eleitorado pôs fim a um ciclo de

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Cinco meses depois, os turcos voltam às urnas este domingo para tentar resolver o impasse político. A 7 de junho, o eleitorado pôs fim a um ciclo de treze anos de maiorias absulutas consecutivas do AKP, partido que lidera os destinos da Turquia desde 2002. Como todas as tentativas de formar coligações falharam, pela primeira vez na história, o país é gerido por um governo interino.

E neste período de instabilidade muita coisa mudou: a Turquia voltou a mergulhar num passado de violência. Em julho, o PKK quebrou a trégua em vigor desde março de 2013. O sudeste do país é palco de uma nova guerra entre o exército e as milícias curdas. 140 soldados e polícias morreram, em relação aos rebeldes não há números oficias, mas serão muitos mais, para além de dezenas de civis que foram apanhados neste fogo cruzado.

O terrorismo e a segurança tornaram-se assim as prioridades dos partidos políticos depois do massacre de Ancara. A 10 de outubro, um duplo atentado suícida fez 102 mortos. O pior atentado da história da Turquia. De acordo com a justiça do país, foi realizado pelo auto-proclamado Estado Islâmico para impedir as eleições. O ataque, que pretendia atingir o partido pró-curdo HDP e os militantes da Esquerda, em vez de provocar a união dos turcos, acabou por dividir ainda mais o país.

O ambiente de tensão cresceu ainda mais depois de, na quarta-feira, a polícia ter interrompido as emissões de dois canais de televisão privados, em Istambul, do grupo de media Koza Ipek Holding. As autoridades turcas acusam estes meios de comunicação de financiar e fazer propaganda ao clérigo Fethullah Gülen, ex-aliado e agora inimigo e rival do Presidente Erdogan e que é acusado de terrorismo.

Ainda que menos decisiva, a degradação económica é outra das questões importantes com que vai ter de lidar um futuro governo, sobretudo porque durante 13 anos foi um fator de adesão ao AKP. Num ano a moeda perdeu 25% do valor face ao dólar e 15% face ao euro. A inflação é de 7,9% e o desemprego chega aos 11,2%, numa altura em que o crédito mal parado, sobretudo nos empréstimos ao consumo, disparou. A atividade económica abrandou, uma situação que de acordo com os analistas se vai manter até à formação de um novo governo.

Antes das últimas eleições, a 7 de Junho de 2015, o diretor do Instituto de Sondagens A&G, Adil Gür, disse à euronews que: “Estas eleições [07 junho] vão trazer novas eleições em breve.” Agora, a poucos dias das próximas eleições – que previu com precisão -, Adil Gür é novamente nosso convidado.

Omer Gülel, euronews: Que resultados espera a 01 de novembro? O que demonstram as últimas sondagens?

Diretor do Instituto de Sondagens A&G, Adil Gür: “Vou responder novamente com um resultado impressionante, das últimas sondagens. De acordo com os nossos estudos, o AKP vai formar um governo mono-partidário, confortavelmente. Na última pesquisa, que foi concluída ontem, o AKP tem 47% dos votos. O que lhe dá entre 285 a 290 assentos parlamentares (550 no total).”

euronews: Na sequência dos ataques terroristas após as eleições disse que o HDP passou dos 13 para os 11%. Acha que a regressão tem continuado? Vai ter dificuldades em atingir o mínimo de 10%.

Adil Gür: “Posso dizer-lhe rapidamente as percentagens de voto dos outros partidos: AKP 47,2, CHP 25,4, MHP 13,5 e o HDP está nos 12,2 . Existe uma diminuição nos votos do HDP, mas não a um nível considerável. Quando os ataques terroristas se intensificaram, os votos no HDP caíram para os 11, mas estão agora novamente em mais de 12%. Teremos, novamente, uma assembleia com 4 partidos. Um ponto interessante é que o MHP será o terceiro maior partido em termos de votos, mas terá mais assentos parlamentares e será o terceiro partido mais forte no parlamento.”

euronews: Dois milhões dos 46 milhões de eleitores de 7 de junho votaram nos partidos que não atingiam a margem mínima, de 10%. Um milhão e meio de votos foram para os partidos que convenceram os eleitores que ultrapassariam esse limite. E esses partidos acabaram por ficar muito longe desse objetivo. Acredita que esses votos vão agora para os 4 grandes partidos?

Adil Gür: “Sim. Vemos isso nas sondagens, de forma bem explícita. A 7 de junho, 4% dos votos foram desperdiçados. No entanto, nestas eleições, vemos que esses partidos não vão conseguir mais do que 2-2,5%. Este é um dos fatores que faz com que o AKP esteja nos 47%. Um exemplo: a coligação SP-BBP obteve 2,1% por cento, com mais de 1 milhão de votos a 7 de junho. As nossas sondagens demonstram que os eleitores vão votar nos grandes partidos.”

euronews: Se 4 partidos ultrapassarem a margem mínima e em caso de uma distribuição equitativa de assentos parlamentares, isso que poderia provocar uma nova fragmentação, trazendo um quinto partido para a assembleia, mas como acredita que o AKP vai conseguir a maioria necessária para formar governo sozinho – não espera a formação de um quinto partido, pois não?

Adil Gür “Não, não espero. Creio que vai haver um governo a governar sozinho. Mesmo que isso não se verifique, para haver a formação de um quinto partido na Turquia, teria de haver uma forte crise económica, algum acontecimento social ou uma ameaça externa. Nas condições em que estamos, acho que as declarações nesse sentido não passam de pura especulação. Não acho que seja uma possibilidade, pelo menos, nos próximos 1 a 2 anos. Na minha opinião não existem condições para a formação de um quinto partido.

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