Ataques de Paris: Segunda cidade europeia mais visitada do mundo fica deserta

Ataques de Paris: Segunda cidade europeia mais visitada do mundo fica deserta
De  Francisco Marques com VáLERIE GAURIAT
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Paris acordou este sábado estranha. Eleita há alguns meses como a segunda cidade europeia mais visitada do Mundo, atrás de Londres, a capital

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Paris acordou este sábado estranha. Eleita há alguns meses num estudo da MasterCard, como a segunda cidade europeia mais visitada do Mundo, atrás de Londres, a capital francesa parecia deserta, na ressaca de mais um ataque terrorista 10 meses depois dos 12 mortos na redação do jornal satírico Charlie Hebdo.

Cidades mais visitadas em 2015

1.° Londres (Reino Unido): 18,82;
2.° Banguecoque (Tailândia): 18,24;
3.° Paris (França): 16,06;
4.° Dubai (EAU): 14,26;
5.° Istambul (Turquia): 12,56.
(Em milhões de visitantes internacionais)

Fonte: Master Card (2015)

Há algumas pessoas na rua, mas o que se destaca são as forças da ordem. França está em estado de emergência, em especial Paris. A maior parte dos espaços culturais estão fechados. Depois de o concerto dos Eagles of Death Metal ter sido o alvo mais sangrento dos 6 ataques de sexta-feira também os U2 cancelaram a atuação especial prevista para este sábado em Paris e com transmissão para todo o mundo via HBO. O governo advertiu os parisienses a manterem-se recolhidos. Junto à emblemática Torre Eiffel, o responsável por uma pequena banca de comércio sublinha a anormal falta de clientes. “Penso que as pessoas que vieram aqui esta manhã, são as que se foram deitar ontem pelas dez ou onze da noite. Não há quase ninguém. É horrível. Não há palavras. Normalmente, isto está cheio de gente aqui à volta. A toda a hora. Agora, não há ninguém”, apontou.

DATA CHART: The city that never sleeps makes top 10 destination cities by international overnight visitors #GDCI15pic.twitter.com/V7IG7kwMiv

— MasterCard News (@MasterCardNews) 5 junho 2015

Os seis ataques de sexta-feira à noite, com recurso a armas automáticas e bombistas suicidas, fizeram pelo menos 128 mortos, incluindo um português, de 63 anos. Há cerca de três centenas de feridos, um terço em estado grave.

Estado de Emergência em França

Criado em 1955, este instrumento legal é declarado por um decreto do Conselho de Ministros e resultou dos tumultos, à altura, provocados em França pela guerra da independência da Argélia.

O Estado de Emergência permite às autoridades "interditar a circulação de pessoas ou veículos" e instituir "zonas de proteção ou de segurança onde a permanência das pessoas está regulamentada". Possibilita também às autoridades proibir a permanência numa determinada zona geográfica de "todas as pessoas que tentem obstaculizar, de qualquer forma, a ação dos poderes públicos", lê-se na lei. O Estado de Emergência tem a duração de 12 dias, mas pode ser prolongado pela aprovação de uma outra lei, votada no parlamento, fixando a sua duração definitiva. Implementado várias vezes durante a guerra da Argélia, o Estado de Emergência só foi decretado duas vezes depois: em 1985, na Nova Caledónia, no âmbito de confrontos que assolaram o arquipélago; e em 2005, na sequência de conflitos nos subúrbios da capital francesa.

Um dos enviados especiais da euronews a Paris, a jornalista francesa Valérie Gauriat, conversou com alguns transeuntes nas ruas da capital. Uma idosa começou por sublinhar ter conhecido “a guerra da Argélia”, evento que levou a criação em França do chamado Estado de Emergência. “Posso dizer-vos que isto é uma guerrilha, não é uma guerra. Mas é terrível lutar contra o terrorismo”, considerou. Uma mulher mais jovem confessou sentir “um pouco de medo”, mas, resiliente, defendeu que é preciso “continuar”. “Vou sair com as crianças. Infelizmente, não podemos ir assistir a nenhum espetáculo. Mas temos de continuar a viver e ir contra esta violência gratuita”, defendeu.

O ambiente em Paris é pesado e de consternação. Ainda com a ferida a sarar pelo ataque, a 7 de janeiro, à redação do Charlie Hebdo, seguido de dois outros eventos mortíferos nos dias seguintes, inclusive num supermercado judaico, os atentados concertados desta sexta-feira 13 ameaçam o turismo de Paris.

Válerie Gauriat antevê que desta vez a depressão pode demorar a deixar Paris: “A lei prevê que o Estado de Emergência dure 12 dias e pode ser ainda prolongado pelo parlamento. O ambiente pesado que se abateu sobre a capital francesa e os parisienses parece estar aqui para ficar por muito tempo.”

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