BCE e o caminho a seguir numa encruzilhada

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Nesta edição vamos analisar tudo o que está em jogo na reunião crucial que o Banco Central Europeu (BCE) realiza esta semana. Todos os focos do mundo

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Nesta edição vamos analisar tudo o que está em jogo na reunião crucial que o Banco Central Europeu (BCE) realiza esta semana. Todos os focos do mundo financeiro estão virados para um encontro no qual Mario Draghi vai anunciar as próximas linhas diretoras da política monetária europeia. As especulações em torno dos diferentes caminhos que podem ser seguidos têm criado alguma instabilidade na zona euro. Na semana passada, a divisa caiu para o valor mais baixo dos últimos sete meses perante o dólar. O desempenho face às outras moedas também não tem sido muito famoso. Vamos perceber porquê.

O caminho será prosseguir a injeção de ativos?

O Banco Central Europeu já deixou entender várias vezes que não vai poupar esforços se for necessário aumentar a taxa de inflação. No próximo dia 3 de dezembro, o conselho de governadores reúne-se para reavaliar o quadro de política monetária. Em cima da mesa vai estar o prolongamento do programa de flexibilização quantitativa.

O presidente do banco, Mario Draghi, admite que a meta de dois por cento de inflação vai demorar mais tempo a ser alcançada. Não obstante, a 20 de novembro, Draghi defendeu o programa de flexibilização quantitativa do BCE, dizendo que este tem ajudado a baixar os custos dos empréstimos às empresas da zona euro. Esta incerteza levou a uma queda no valor do euro no mês passado face às principais divisas mundiais.

As estimativas de inflação vão ser atualizadas pelo BCE durante o encontro. Mas alguns membros já alertaram que o quadro económico piorou desde as previsões publicadas em setembro.

A opinião de Nour Eldeen al-Hammoury, da ADS Securities

Daleen Hassan, euronews: Podes dar-nos mais detalhes sobre as hipóteses que estão em cima da mesa?

Nour Eldeen al-Hammoury: Há vários cenários possíveis. Primeiro, o BCE pode decidir cortar as taxas sobre os depósitos em 10 pontos base, situando-se nos -0,3%. Uma segunda hipótese é o aumento do programa de injeção de ativos – a flexibilização quantitativa – de 60 mil milhões de euros por mês para 70 ou mesmo 80 mil milhões. Um terceiro cenário é o Banco Central Europeu alargar o período de injeção de ativos para lá de setembro de 2016, a data prevista para a sua conclusão. O programa pode estender-se até dezembro ou março de 2017. Um último caminho é manter as políticas atuais e aguardar os próximos passos da Reserva Federal americana. Se a Fed subir as taxas de juro em dezembro, o banco europeu não precisa de intervir.

euronews: Qual é o impacto que cada um desses cenários pode produzir sobre o euro?

Nour Eldeen al-Hammoury: Cortar nas taxas de depósitos vai, naturalmente, aumentar a pressão sobre a moeda europeia. No entanto, isso não significa que o euro pode atingir a paridade com o dólar nos próximos tempos. Pode, sim, ficar mais próximo. Se o BCE decidir reforçar o programa de injeção de ativos, o euro poderá cair de forma significativa. E isso pode, de facto, acontecer dentro de alguns dias. O alargamento do período do programa pode não ter um impacto assim tão negativo sobre a divisa europeia, uma vez que o BCE pára de injetar dinheiro novo no sistema. Ou seja, o euro pode estabilizar durante algum tempo. Por último, manter a política atual pode afigurar-se como um quadro positivo, uma vez que toda a gente estava a estabelecer metas com base no reforço da injeção de ativos. Tudo isto para dizer que o euro pode estabilizar antes das próximas decisões da Reserva Federal dos Estados Unidos.

euronews: As últimas políticas dos bancos centrais tornam qual dos cenários o mais provável?

Nour Eldeen al-Hammoury: É difícil prever os passos do BCE quando há uma reunião da Fed a apenas duas semanas de distância. No entanto, se olharmos para a história do BCE, nunca houve uma flexibilização de políticas numa altura de melhorias nos Índices de Gestores de Compras. E foi isso que aconteceu na semana passada, esses índices atingiram os níveis mais elevados desde há um ano. No entanto, acreditamos que o BCE pode alargar a injeção de ativos até 2017 ou até ao final de 2016, com uma possibilidade muito reduzida de cortar as taxas de depósito em 10 pontos base.

euronews: Que efeitos poderá ter o alargamento do programa de flexibilização quantitativa nos mercados do Médio Oriente e do Norte de África?

Nour Eldeen al-Hammoury: Sempre que um dos grandes bancos centrais flexibiliza as suas políticas, os efeitos produzidos no Médio Oriente e a nível global costumam ser positivos. Ou seja, a transação de títulos nesta região pode vir a atravessar um momento favorável. No entanto, o elemento mais decisivo nesta altura continua a ser o crude. Estamos em vésperas da reunião da OPEP. A maioria dos nossos investidores é a favor da venda de euros, que foi aliás uma estratégia bem-sucedida ao longo do ano. As chamadas posições curtas e os volumes de vendas atingiram os níveis mais elevados desde o passado mês de maio, quando as previsões dos mercados se encontravam em alta devido às estimativas de uma subida das taxas por parte da Fed em junho.

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