A (in)decisão da Fed na mira do mundo

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Com o relógio a avançar rumo à tão ansiada reunião da Reserva Federal americana, a tensão cresce nos mercados, incluindo no Médio Oriente

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Com o relógio a avançar rumo à tão ansiada reunião da Reserva Federal americana, a tensão cresce nos mercados, incluindo no Médio Oriente, desestabilizando moedas e a fluidez de capitais.

Desde o início de 2015 que Janet Yellen tem insinuado o aumento dos juros, mas o adiamento sucessivo tem garantido a instabilidade. Que opções tem a Fed neste momento e qual tem sido o desempenho dos mercados?

Divisas sob pressão

Enquanto se aguarda a decisão da Fed, a pressão tem sido extrema nos mercados cambiais em todo o mundo. Nas duas últimas semanas, face à volatilidade dos mercados, o dólar caiu cerca de 3 pontos percentuais perante o chamado cabaz internacional de divisas.

O yuan recuou até ao índice mais baixo dos últimos 4 anos e meio, perdendo 1,8% do seu valor depois do Banco Popular Chinês ter desindexado a moeda chinesa do dólar.

Na Europa, as ações atingiram o patamar mais reduzido em cerca de dois meses: desde o início de dezembro, o DAX alemão perdeu 8,24%, enquanto que o FTSE britânico derrapou 6%. Nos Estados Unidos, Wall Street fechou a semana no vermelho.

No mercado das matérias-primas, os preços do crude afundaram-se até aos mínimos dos últimos 7 anos; o barril de Brent caiu mais de 5% e o americano desvalorizou 2,8% na semana passada.

Os mercados do Médio Oriente também acusaram uma queda acentuada. Desde o início do mês, tem-se assistido a uma espiral descendente. O Dubai e a Arábia Saudita protagonizaram os retrocessos.

A indecisão da Reserva Federal e a instabilidade no mercado do petróleo continuam a lançar muitas dúvidas entre os investidores nesta região.

A opinião de Nour Eldeen al-Hammoury, analista da ADS Securities

Daleen Hassan, euronews: No que diz respeito ao mercado cambial, temos assistido a um enfraquecimento do dólar perante o cabaz global de divisas, à exceção da moeda chinesa. Quais são as consequências de ter o yuan em baixa?

Nour Eldeen al-Hammoury: O declínio do yuan pode ser um apelo indireto à Reserva Federal para que não baixe as taxas esta semana. A China pode vir a desvalorizar a sua moeda mais rapidamente, de forma a reforçar a competitividade das suas mercadorias e o excedente da balança comercial, que tem decrescido. Também gostaria de salientar que o iene japonês se mantém como um investimento seguro. O rácio perante o dólar atingiu os 120 ienes por unidade.

euronews: Como é que a reunião da Fed pode afetar as transações de matérias-primas e de títulos, tendo em conta também a queda recente do valor do petróleo?

Nour Eldeen al-Hammoury: Ao longo do ano, sempre que se aproximava uma reunião da Fed, os mercados começavam a registar quedas acentuadas, uma vez que os encontros eram antecedidos de grandes expetativas relativamente à subida das taxas de juro. Essas quedas nos mercados globais abrangem tanto as ações, como as matérias-primas. É um indício de que os investidores estão a liquidar as suas posições e a manter-se arredados dos mercados devido às indecisões da Fed.

euronews: Os mercados de capitais têm registado então um declínio flagrante no Médio Oriente. O petróleo é o único fator que explica isto?

Nour Eldeen al-Hammoury: Uma das razões é, de facto, o petróleo. Pela primeira vez em anos, o barril de Brent caiu para baixo dos 40 dólares. Mais: as notícias sobre a aplicação de um imposto de valor acrescentado nesta região tiveram um impacto sobre a venda de ações. A queda global nos mercados surge num quadro de receio de que a Reserva Federal aumente as taxas esta semana.

euronews: Tendo em conta a situação económica dos Estados Unidos, quais são as mais opções mais viáveis para a Fed?

Nour Eldeen al-Hammoury: Há três cenários possíveis. No primeiro, a Fed sobe a taxa em 25 pontos base e limita as perspetivas para o futuro. Pode muito bem decidir esperar bastante tempo, com o argumento de que pretende apurar os efeitos reais dessa subida antes de ponderar sequer uma nova subida, ou até uma nova descida. Para nós, esta é a hipótese mais provável. Uma segunda possibilidade é manter a política atual e adiar, mais uma vez, a subida das taxas de juro. No entanto, esse é um caminho que pode abalar consideravelmente a credibilidade da Fed e que, por isso, ela o vai evitar. Um terceiro cenário, que não creio ser possível, é um aumento significativo das taxas, o que criaria um abanão nos Estados Unidos. Mas a Reserva Federal não pretende um dólar forte.

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