Corrupção, doping e ensaios, as três palavras-chave do desporto em 2015

Corrupção, doping e ensaios, as três palavras-chave do desporto em 2015
De  Bruno Sousa
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Annus Horribilis. É uma expressão do latim usada para descrever um ano horrível, desastroso. Serve que nem uma luva para o relato dos acontecimentos

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Annus Horribilis. É uma expressão do latim usada para descrever um ano horrível, desastroso. Serve que nem uma luva para o relato dos acontecimentos de 2015 para duas das organizações desportivas mais poderosas: a FIFA e a Federação Internacional de Atletismo. A corrupção e o doping abalaram as fundações do desporto mundial.

Na FIFA o castelo de cartas começou a ruir em Maio, quando as autoridades suíças, a pedido do departamento de justiça dos Estados Unidos, procederam à detenção de vários dirigentes do organismo num hotel de luxo, em Zurique.

A investigação teve origem no controverso processo de candidatura para os mundiais de 2018 e 2022 mas rapidamente cresceu para incluir todos os negócios duvidosos da FIFA nos últimos vinte anos.

O número de dirigentes acusados pela justiça norte-americana de corrupção, fraude e branqueamento de capitais não para de crescer mas parece ser apenas a ponta do iceberg.

Para Loretta Lynch, Procuradora-Geral dos Estados Unidos, “a quebra de confiança que teve lugar no desporto é ultrajante e a escala de corrupção a que se chegou é inimaginável.”

Mesmo o outrora intocável Joseph Blatter e foi apanhado no turbilhão. Já depois de ter convocado eleições antecipadas foi suspenso pelo Comité de Ética da FIFA por suspeitas de corrupção. O presidente da UEFA, Michel Platini, teve a mesma sorte.

A 26 de fevereiro saberemos quem será o novo homem forte do futebol mundial, e que terá a dura tarefa de limpar os corredores da FIFA.

Doping, política e trocas de favores

No atletismo o sangue novo chegou em agosto, com Sebastien Coe a suceder a Lamine Diack como presidente da Federação Internacional. O inglês teve um batismo de fogo.

Tudo começou com um relatório da Agência Mundial Antidopagem que denunciou a existência de um esquema de uso de doping, com apoio do Estado, no seio da Federação Russa. Como resultado, os atletas do país foram imediatamente excluídos dos mundiais de pista coberta e correm o risco de ficar fora dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

O relatório também deixou a nu a cumplicidade das altas esferas do atletismo. Tal como no futebol, o escândalo chegou ao topo. Lamine Diack, então presidente, foi acusado de aceitar subornos para cobrir testes antidoping positivos. O senegalês já confessou que o fez para financiar a sua campanha política.

Sebastien Coe, no entanto, também teve direito a um escândalo só para si. A polémica atribuição dos mundiais de 2021 a Eugene, nos Estados Unidos, sem a realização do habitual processo de candidaturas, foi vista como um favorecimento à Nike, empresa da qual o inglês até era conselheiro.

A corrida para restaurar a credibilidade do atletismo ainda está no início.

No meio dos escândalos também houve algum desporto

No entanto o ano que chega ao fim não se fez só de escândalos e polémicas. A oitava edição do Campeonato do Mundo de Râguebi constituiu um verdadeiro raio de luz no meio de um dos períodos mais negros da história do desporto.

A Taça Webb Ellis foi ferozmente disputada por 20 países nos relvados de Inglaterra e País de Gales… só um podia sair vencedor. Uma vez mais, a Nova Zelândia mostrou estar um nível acima da concorrência.

Os All Blacks dominaram a competição do início ao fim e tornaram-se na primeira equipa a revalidar com sucesso o título mundial, assim como a primeira equipa a somar três vitórias na competição.

A grande desilusão deu pelo nome de Inglaterra, pela primeira vez na história do torneio a equipa da casa ficou-se pela fase de grupos. Uma prestação que valeu o lugar a Stuart Lancaster.

O selecionador inglês foi substituído pelo australiano Eddie Jones, que fez milagres ao serviço do Japão. A equipa nipónica foi a grande revelação e cometeu mesmo a proeza de bater o pé à poderosa África do Sul.

Apesar de alguns momentos inolvidáveis no mundo do desporto, 2015 será para sempre lembrado pelo caos e pela crise. 2016 promete ser um ano de reforma e de renascimento, esperemos que as atenções se voltem novamente para o terreno de jogo.

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