O rei de Espanha pediu estabilidade e união na tradicional mensagem de Natal transmitida pela televisão, mas as reações às palavras de Filipe VI já se fizeram ouvir, numa altura em que o país se depara com um futuro político incerto.
O presidente da Generalitat catalã e principal figura pró-independência da região, Artur Mas, respondeu e disse que o Estado espanhol “quer impor a voz e o voto da maioria sobre os direitos democráticos e nacionais”: “O chefe de Estado apresenta, ainda que seja de forma indireta, a questão da Catalunha como a imposição de uns sobre os outros. Representamos 16% da população e também não há uma posição unânime em relação ao tema da independência nem em relação à construção de um Estado. O que existe é uma vontade de construir um futuro melhor.”
Artur Mas não foi caso único porque também se ouviram críticas por parte de Aitor Esteban, do Partido Nacionalista Basco (PNV): “Consideramos que deveria ter usado o momento mais como uma oportunidade, como mais um repto. Com a mensagem que transmitiu, o rei deu a sensação de que era uma espécie de ameaça apelando a uma espécie de ‘proteção ou catenaccio constitucional’.”
Terceira força política resultante das eleições recentes, o Podemos, que defende um referendo sobre a autodeterminação da Catalunha, alertou o Partido Socialista (PSOE) de que se não compreender a “plurinacionalidade” de Espanha não poderá liderar “um pacto de convivência.”
As negociações para formar Governo prometem ser complexas. O Partido Popular (PP), de Mariano Rajoy, venceu o escrutínio, mas sem maioria absoluta. Da parte do Ciudadanos, quarta força política, já recebeu uma proposta de acordo. Do lado socialista, Pedro Sánchez já fez saber que não apoia a reeleição de Rajoy.