Sucessão de Maomé na génese do conflito entre Xiitas e Sunitas

Sucessão de Maomé na génese do conflito entre Xiitas e Sunitas
De  João Peseiro Monteiro
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O conflito entre os dois ramos do islão, e entre os países que mais os representam, está atingir uma intensidade inédita.

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O conflito entre os dois ramos do islão, e entre os países que mais os representam, está atingir uma intensidade inédita. O diferendo entre a Arábia Saudita e o Irão poderia ser analisado do ponto de vista do confronto entre árabes e persas, mas neste texto abordamos apenas a génese da diferença religiosa entre sunitas e xiitas.

A cisão entre os seguidores de Maomé deu-se com a morte do Profeta, no ano 632, e a inexistência de um herdeiro designado. A luta pela sucessão opôs os partidários de Ali, genro e filho espiritual de Maomé, aos apoiantes de Abou Bakr, amigo de longa data do falecido. Esta última corrente acaba por se impor em nome dos valores tradicionais das tribos árabes. Abou Bakr é nomeado Califa mas morre dois anos depois. Omar e Otham sucedem-lhe mas quando o terceiro Califa é assassinado em 656, Ali e os seus partidários tomam o poder.

O genro de Maomé instaura uma aplicação estrita do Islão e estabelece que só os descendentes do Profeta podem tornar-se Califas. O termo xiita vem do árabe “síat Ali” que significa “partidário de Ali”. O xiismo começa a ganhar forma. Mas este assalto ao poder desencadeia uma guerra civil que vai terminar em 680 com a morte de Hussein, filho de Ali e neto de Maomé, em Kerbala (Iraque), às mãos da dinastia Omíada que estabeleceu um califado que no seu apogeu se estendeu até à Península Ibérica. Começou então a segregação dos xiitas pela maioria que viria a tornar-se conhecida como sunita.

Atualmente existem cerca de 1,6 mil milhões de muçulmanos no mundo, entre 10 e 13 por cento são xiitas. Azerbaijão, Bahrein, Irão, Iraque e Líbano são os únicos países onde os xiitas são maioritários. Existem minorias importantes no Afeganistão, Arábia Saudita, Paquistão, Iémen, Índia e Líbano.

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