Paris "desperta" do terror ao som dos Eagles of Death Metal

Paris "desperta" do terror ao som dos Eagles of Death Metal
De  Francisco Marques
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O grupo de Jesse Hughes e Josh Homme tem concerto marcado em Portugal a 5 de março. O grupo tem atuação prevista para o coliseu de Lisboa depois de ter cancelado o concerto esgotado que estava marcado

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Tal como três meses e três dias antes, no Bataclan, foi com “I only want you” que os Eagles of Death Metal abriram o concerto de regresso a Paris após os atentados de 13 de novembro, reivindicados pelo “Daesh”, o grupo terrorista autoproclamado Estado Islâmico. Na sala, então, 89 pessoas foram assassinadas a tiro por terroristas, entre elas uma portuguesa, e pelo menos 100 ficaram feridas — uma viria a morrer mais tarde e aumentar o balanço para 90 mortos no ataque ao concerto, um dos vários daquela noite trágica na capital francesa.

Na altura, os Eagles of Death Metal interpretavam o tema “Kiss the Devil” quando foram interrompidos pelos tiros. Desta vez, esse tema não se ouviu nem voltou a ser tocado ao vivo pelo grupo fundado por Jesse Hughes, o vocalista, e o multi-instrumentista Josh Homme, igualmente fundador dos Queens of the Stone Age e que normalmente não participa nas digressões dos “eagles”.

Vive la musique, vive la liberté, vive la France, and vive EODM.

Thank you for this, Paris. pic.twitter.com/3W3GKT5qsk

— EaglesOfDeathMetal (@EODMofficial) 17 Fevereiro 2016

Homme não estava em palco, no Bataclan, na noite de 13 de novembro, mas fez questão de participar neste emotivo regresso do grupo a Paris, subindo ao placo na função de baterista.

De forma simbólica, os Eagles of Death Metal entraram em palco ao som de uma gravação de “Il est cinq heures, Paris s‘éveille” (“São cinco horas, Paris desperta”), um original com quase 40 anos de Jacques Dutronc. A meio do primeiro tema, a banda parou de tocar e o vocalista, Jesse Hughes, pediu “89 segundos de silêncio”: “Vamos parar um momento para lembrar e depois voltamos à diversão.”

O concerto prosseguiu carregado de emoções. Notórias nas palavras de quem assistiu. Andre, por exemplo, um norte-americano a viver em França, reparou “em muitas pessoas com muletas”: “Presumo que fossem algumas das que ficaram feridas no concerto de novembro.”

!. pic.twitter.com/304nwCS50y

— Brian Tomasini (@acebjt) 16 Fevereiro 2016

Julien, um francês, tinha estado no Bataclan, e conseguiu reunir a coragem para voltar agora, ao Olympia, e reviver as memórias daquela trágica noite: “O concerto foi magnífico. Estive lá, no de 13 de novembro. Foi um pouco difícil para cada um de nós, mas o que se passou aqui foi magnífico. Todos chorámos um pouco, vi isso na assistência, mas foi tudo muito bonito.”

Os Eagles of Death Metal completaram finalmente o que tinha ficado “pendurado”, por causa do terrorismo. Confirmaram que a música Rock é mais forte que o terrorismo, interpretaram 23 temas incluindo versões de Rolling Stones (“Brown Sugar”), Boots Eletric, o projeto pessoal de Jesse Hughes (“Complexity”), e dos Duran Duran (“Save a Prayer”).

A 13 de novembro, “Kiss the Devil” era a 10.a música no alinhamento. Desta feita, de acordo com a página Setlist.fm, no Olympia essa “slot” foi preenchida com “I Love You All the Time”, o tema com que o grupo lançou uma campanha entre artistas que a tocarem para recolha de fundos para ajudar as vítimas do ataque no Bataclan.

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Publicado por Eagles Of Death Metal em�Sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

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Publicado por Eagles Of Death Metal em�Terça-feira, 16 de Fevereiro de 2016

Este concerto dos Eagles of Death Metal no Olympia de Paris esteve rodeado de fortes medidas de segurança. Entre as cerca de 2000 pessoas a assistir, estiveram sobreviventes e familiares das 90 vítimas mortais daquela noite trágica de novembro no Bataclan.

Depois de Estocolmo, Oslo e Paris, a primeira digressão europeia do grupo norte-americano prossegue esta quinta-feira em Munique, na Alemanha. Para 5 de março está marcada escala em Lisboa, para um concerto no Coliseu, resultado da remarcação do resto da última digressão europeia, interrompida em Paris e que tinha uma atuação já esgotada prevista para 10 de dezembro, no Armazém F, na capital portuguesa.

Vocalista dos Eagles of Death Metal defende posse de armas

Jesse Hughes é um conhecido opositor da ideia do Presidente norte-americano Barack Obama em proibir a posse legítima de armas por qualquer pessoa, uma das controvérsias atuais nos Estados Unidos, nomeadamente na campanha das presidenciais. Na sequência do ataque terrorista a que sobreviveu no Bataclan, durante um concerto dos Eagles of Death Metal, a 13 de novembro, em Paris, o vocalista do grupo tem vindo a defender a posse de armas. Voltou a faze-lo esta semana, em entrevista à estação de televisao francesa iTélé quando questionado se a sua visão sobre o controlo da posse de armas tinha mudado depois do sucedido em Paris.

Jesse Hughes foi inciscivo na resposta: “O vosso controlo de armas em França evitou a morte de alguma pessoa no Bataclan? Se alguem puder responder ‘sim’, eu gostava de o ouvir porque eu não concordo. Eu penso que a única coisa que o parou foram alguns dos homens mais corajosos que eu alguma vez vi a avançar de cabeça para a face da morte com as suas armas. Sei que há pessoas vão discordar de mim, mas o que me parece é que Deus fez homens e mulheres, e naquela noite as armas tornaram-nos iguais. Odeio que tenha sido assim, mas a única forma em que posso ter mudado é na ideia de que, até que não haja uma pessoa com armas, todos temos de ter armas. Eu nunca vi ninguém que tenha tido uma arma morto e eu quero que todas as pessoas tenham acesso a armas. Eu vi pessoas a morrer à que talvez pudessem ter sobrevivido. Não sei.”

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