Em que consiste o acordo que concede um estatuto especial ao Reino Unido na UE?

Em que consiste o acordo que concede um estatuto especial ao Reino Unido na UE?
Direitos de autor 
De  Pedro Sacadura com Damon Embling
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button

Depois da maratona negocial que se prolongou, mais do que o esperado, no Conselho Europeu, em Bruxelas, o Reino Unido acabou por conseguir um acordo

PUBLICIDADE

Depois da maratona negocial que se prolongou, mais do que o esperado, no Conselho Europeu, em Bruxelas, o Reino Unido acabou por conseguir um acordo sobre as reformas exigidas aos parceiros europeus em nome da permanência na União Europeia.

Um acordo com o qual o primeiro-ministro britânico, David Cameron, se congratula, mas que os eurocéticos repudiam. Em que consiste exatamente este acordo? E o que significa para a relação futura do Reino Unido com a União Europeia?

A decisão, irreversível e vinculativa, do ponto de vista legal, responde às preocupações do primeiro-ministro britânico e nas palavras do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, é “responsável.”

Uma das concessões mais importantes conseguidas por David Cameron diz respeito ao “travão de emergência” em benefícios sociais concedidos a trabalhadores da União Europeia. A exigência foi fortemente criticada pelos países do grupo de Visegrado (Eslováquia, Hungria,Polónia, República Checa).

O mecanismo pode ser aplicado por sete anos, sem hipótese de renovação. Para isso, o “sim” terá também de vencer no referendo à permanência do Reino Unido na União Europeia.

Em matéria financeira, o acordo também contempla condições para assegurar o respeito entre os Estados-membros que queiram, como o Reino Unido, ficar à margem do aprofundamento da União Económica e Monetária.

Um mecanismo permitirá que uma nação de fora da zona euro possa opor-se a uma medida legislativa contrária aos interesses nacionais. O centro financeiro de Londres será supervisionado pelas mesmas regras que outras praças.

Cameron também conseguiu colocar o Reino Unido à margem de “mais integração europeia.” Uma vitória sobre a Bélgica. O primeiro-ministro belga, Charles Michel, temia que a iniciativa pudesse fazer descarrilar o processo de integração para o resto do bloco.

No campo da soberania, também foi reconhecida a possibilidade do Reino Unido levantar um “cartão vermelho” a Bruxelas e assim se colocar de parte uma lei se 55% dos países estiverem de acordo sobre o desrespeito do princípio da subsidiariedade.

Terminada a desgastante ronda de negociações, o complexo processo prossegue agora rumo ao referendo à permanência do Reino Unido no seio da União Europeia, prometido por David Cameron.

Na frente doméstica, o primeiro-ministro britânico enfrenta críticas como as do presidente da campanha pela saída, Matthew Elliott, que disse que Cameron “declarará vitória agora, mas que ela é totalmente inócua.”

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

"Estado da União": Escândalos políticos "aquecem" campanha eleitoral

Lei da "influência estrangeira" afasta Geórgia da UE, alerta Charles Michel

Presidente do Conselho Europeu alerta para "horas críticas" nos ataques Israel-Irão