Nadia Savtchenko: Moscovo rejeita críticas do Ocidente como "ingerências nos assutos internos da Rússia"

Nadia Savtchenko: Moscovo rejeita críticas do Ocidente como "ingerências nos assutos internos da Rússia"
De  Antonio Oliveira E Silva com DULCE DIAS, AFP e AP
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Moscovo rejeita as críticas do Ocidente ao processo que envolve a acusação da piloto e deputada ucraniana Nadia Svatchenko como ingerências nos assuntos internos da Rússia.

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Nadia Savtchenko, a piloto, deputada e ativista ucraniana detida por Moscovo e acusada da morte de dois jornalistas russos em território ucraniano durante o conflito entre a Ucrânia e a Rússia de 2014, disse esta quarta-feira que iria continuar com a greve de fome que arrasta há meses.

As declarações de Savtchenko tiveram lugar esta quarta-feira, no último dia de um longo processo judicial que decorreu num tribunal russo, na pequena cidade de Donetsk, perto da fronteira com a Ucrânia.

Lavrov: Savchenko's behaviour at court made Ukrainian doctors' visit impossible https://t.co/HGvE040013

— MFA Russia (@mfa_russia) March 9, 2016

Quando o juiz perguntou a Savtchenko se esta teria uma última palavra antes de encerrada aquela fase do processo, a que é considerada como uma heroína nacional na Ucrânia fez um manguito aos presentes na sala, levantando depois o dedo médio e explicando que referido gesto seria a sua última palavra.

“Querem a minha última palavra? Esta é a minha última palavra. Traduza”, disse, em ucraniano, antes de entoar o hino nacional do seu país.

A justiça russa pede 23 anos de prisão para Savtchenko por assassinato, tentativa de assassinato e invasão ilegal do território russo. A piloto teria, segundo as autoridades russas, ajudado a fornecer a posição exata de dois jornalistas russos que teriam sido mortos num ataque no este da Ucrânia no verão de 2014.

Moscovo mantém que deteve Savtchenko em território russo, mas os seus advogados insistem em que foi capturada por rebeldes pró-russos em território ucraniano.

Em entrevista à Euronews, Iulia Timochenko, antiga Primeira-ministra e líder do partido político Pátria e do Bloco Iulia Timochenko, disse que os líderes do mundo Ocidental deveriam tomar uma posição.

“Penso que os líderes do Ocidente e que as pessoas de todo o mundo deveriam unir-se contra as políticas de Vladimir Putin”, disse Timochenko.

“E isso inclui a defesa de Nadia SavTchenko e a defesa da Ucrânia contra a guerra”, concluiu.

Pressão internacional que tem vindo a fazer-se sentir por parte do Ocidente. Joe Biden, o Vice-Presidente dos Estados Unidos, exigiu, tal como fez a Alemanha a libertação “imediata” de Savtchenko.

Berlim recordou também que o processo em curso na Rússia contradiz os princípios do acordo de Minsk de 2015, que prevê que todos os prisioneiros feitos durante o conflito entre a Rússia e a Ucrânia sejam devolvidos aos respetivos países.

Paralelamente, cinco Estados-membros da União Europeia – a Lituânia, o Reino Unido, a Polónia, a Roménia e a Suécia, pedirão à UE que sancione os responsáveis russos que considerem implicados no processo que envolve o julgamento de Nadia Savtchenko.

Mas Moscovo insiste que Savtchenko não poderá ser libertada sem que se conheça a posição da justiça russa sobre o motivo pelo qual foi detida. Além disso, considera as tomadas de posiçõ por parte do Ocidente como uma ingerência nos assuntos internos da Federação Russa:

“Estamos a assistir a uma pressão feita por parte das autoridades ocidentais, dos líderes ocidentais, sobre um tribunal russo e sobre o sistema jurídico russo. É a única forma possível de encarar esta situação”, disse Maria Zakharova, porta-voz do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros.

“Vimos como, um dia antes da sessão do processo em causa, vários representantes do poder político dos Estados Unidos teceram diferentes declarações nesse sentido, assim como o fizeram oficiais, com o mesmo tom inaceitável, por exemplo, em Londres”, concluiu Zakharova.

A Ucrânia, por seu lado, tinha já exigido a libertação de Savtchenko.

Esta quarta-feira, manifestantes protegidos com máscaras lançaram ovos e granadas de dispersão sobre o consulado russo na cidade de Lviv, considerada um feudo nacionalista em território ocidental ucraniano. Alguns dos presentes queimaram também, segundo a AFP, uma bandeira russa.

Foram registados protestos semelhantes também na capital ucraniana Kiev, onde o edifício da representação diplomática russa foi atacado por alguns manifestantes, que lançavam ovos enquanto gritavam palavras de ordem a favor da libertação de Nadia Savtchenko.

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