Crise Migrantes: Milhares em Idomeni sobrevivem em condições sub-humanas

Crise Migrantes: Milhares em Idomeni sobrevivem em condições sub-humanas
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De  Euronews com RODRIGO BARBOSA, PEDRO SACADURA, ASSOCIATED PRESS
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Mais de 12 mil pessoas sobrevivem em condições sub-humanas no campo de refugiados de Idomeni, Grécia, depois do bloqueio da chamada rota dos balcãs.

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Os migrantes continuam à espera na fronteira entre a Grécia e a Macedónia enquanto esperam que não chova no campo de refugiados de Idomeni, onde mais de 12 mil pessoas sobrevivem como podem em instalações preparadas para pouco mais de 1500 pessoas.

Esta sexta-feira, o céu amanheceu limpo, o que, para quem tenta dormir em condições precárias, é muito importante, especialmente depois de três dias de chuvas torrenciais.

A situação tornou-se insuportável para os que fogem da guerra no Médio Oriente e do terror do autoproclamado Estado Islâmico (EI) ou Daech, pela sigla em língua árabe.

Ali, um sírio que procura fugir da guerra que assola o seu país e encontrar refúgio na Europa, disse à Associated Press que não sabe se é mais difícil fugir dos terroristas ou do frio do inverno:

“Há vinte dias que estamos na Europa. Estamos na Europa, mas não consigo encontrar um sítio para viver. Temos de lutar contra a natureza. Na Síria, lutávamos contra o Estado Islâmico, que tinha as suas limitações. Mas a natureza não conhece limitações.”

These 7 month old twins survived a war and the sea. For now they sleep by the side of the road in #Idomeni. pic.twitter.com/fyVOvzidz6

— MSF Sea (@MSF_Sea) March 11, 2016

São famílias inteiras que esperam que a Macedónia lhes permita entrar no seu território, de forma a, graças à chamada “rota dos Balcãs”, chegarem a países do centro e norte da Europa, onde anseiam por boas condições de asilo. A Alemanha é, muitas vezes, citada como o país de eleição entre os migrantes.

As autoridades gregas já pediram aos recém-chegados que aceitem mudar-se para outros campos de refugiados situados no norte da Grécia, uma vez que a Macedónia não mostrou qualquer intenção de reabrir as suas fronteiras num futuro próximo. Mas há gente sem dinheiro e sem forma de pagar um transporte de forma a chegar a esses campos. Muitos não conseguem sequer arranjar comida ou forma de proteger-se do frio.

Conditions in #Idomeni remain dire w people having to sleep in the open & queue for food for hours #ProtectHumanitypic.twitter.com/Fwp0LLTBg9

— IFRC (@Federation) March 7, 2016

O correspondente da Euronews em Atenas, Stamatis Giannisis fez um ponto da situação sobre os migrantes e refugiados que se encontram atualmente na Grécia e fala em mais de 40 mil pessoas por todo o território.

Bloqueio da rota dos balcãs e impasse na Turquia

Para esta situação contribuiu o “bloqueio unilateral da chamada rota dos balcãs por parte de países como a Eslovénia”: ou a Macedónia. A decisão foi tomada depois de países vizinhos feito o mesmo.

Uma estratégia que foi alvo de críticas por parte da União Europeia e da Alemanha esta semana.

A eurodeputada eslovena Tanja Fajon disse, em entrevista à Euronews, que espera que esta medida adotada pelo seu país seja temporária e que muitos dos cidadãos do território que representa se sentiram esquecidos pela União Europeia:

“Os cidadãos eslovenos acreditaram que a Eslovénia foi abandonada, que as medidas da União Europeia não estão a funcionar. Foi por isso que o Governo decidiu erguer a vedação. Espero que depois das afirmações dos líderes europeus, depois dos resultados concretos da cimeira, a rota dos Balcãs, seja, de certa forma, parada. Espero que também sejamos capazes e que o Governo decida derrubar a vedação”, disse Fajon.

Entretanto, a Turquia deverá formalizar um acordo com a União Europeia que prevê o reenvio para o seu território de migrantes chegados à europa de forma clandestina, acordo que já foi alvo de críticas por parte das Nações Unidas.

A ONU questiona a compatibilidade do acordo de princípio entre a União Europeia e a Turquia acerca dos migrantes com o respeito dos Direitos Humanos.

Em Genebra, o Alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos precisou que “entre as preocupações, está o potencial para expulsões coletivas e arbitrárias”. Zeid Ra’ad Al Hussein acrescentou que “restrições fronteiriças que não permitem a determinação das circunstâncias de cada indivíduo violam o direito internacional e europeu”.

Asylum seekers must be treated with dignity. This is essential. https://t.co/R26ZanygnT#Europepic.twitter.com/lTGBAHK9v6

— UN Refugee Agency (@Refugees) 11 de março de 2016

O Comissário Europeu para as Migrações, Dimitris Avramopoulos, por seu lado, defendeu que “é preciso respeitar as leis europeias e internacionais”, garantido (…) a possibilidade de requerer e receber o estatuto de refugiado, de acordo com a Convenção de Genebra”.

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