Lula da Silva, o homem que protagonizou o milagre brasileiro dos anos 2000, ex-presidente carismático, encontra-se no cerne de uma crise política que
PUBLICIDADELula da Silva, o homem que protagonizou o milagre brasileiro dos anos 2000, ex-presidente carismático, encontra-se no cerne de uma crise política que mergulhou o país na divisão e no caos institucional.
Seis anos após deixar o poder, José Inácio Lula da Silva está na mira dos juizes, sob suspeita de enriquecimento ilícito, falsificação de documentos e branqueamento de dinheiro. Tudo no âmbito do escândalo de corrupção da Petrobras.
Investigado em dois processos judiciais, Lula nunca deixou de contar com o apoio da mulher que lhe sucedeu no poder, Dilma Roussef, que chegou mesmo a visitá-lo em casa, após a sua detenção há duas semanas.
A mesma Dilma que logo a seguir o nomeia ministro de Estado e chefe da Casa Civil, um cargo com enormes poderes, mas sobretudo com o poder de o fazer escapar à ameaça de ordem de detenção por parte do juiz federal Sergio Moro, que dirige a investigação no processo Petrobras.
Na véspera da tomada de posse, o juiz Moro tinha difundido uma conversa telefónica entre Dilma e Lula que sugeria que a nomeação se destinava a evitar a prisão.
O caso está a contribuir fortemente para a agitação no país, com manifestações nas ruas das principais cidades e conforta a opinião dos que defendem a destituição da presidente e que a acusam desde dezembro de ter maquilhado as contas públicas em 2014 e 2015, para camuflar a crise económica. Roussef é ainda acusada de ter financiado a sua campanha eleitoral de 2014 com fundos desviados da Petrobras.
A nomeação de Lula parece ser a gota de água. No próprio dia em que nomeou o seu mentor político, Dilma viu o tribunal suspender a nomeação e os deputados darem início a um processo que pode levar à sua saída, pela porta dos fundos, do Palácio do Planalto.