Os familiares das vítimas contavam com uma pena de prisão perpétua, os sérvios temem o recrudescimento do nacionalismo na República Sérvia da Bósnia.
A condenação de Radovan Karadzic a 40 anos de prisão – por genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade – parece não ter agradado nem a bósnios nem aos sérvios da Bósnia. Os familiares das vítimas contavam com uma pena de prisão perpétua, os sérvios temem o recrudescimento do nacionalismo na República Sérvia da Bósnia.
“Que outra sentença deveria ter sido dada, a não ser a prisão perpétua. Não sei se ele ainda tem família viva, mas eu perdi todos os que amava. Estou sozinha”, lamenta uma viúva do massacre de Srebrenica.
8000 adolescentes e homens em idade de combater foram chacinados e despejados em valas comuns no que é considerado o pior massacre na Europa desde o final da Segunda Guerra Mundial. Por isso, “40 anos é um ‘jackpot’ para Karadzic, tendo em conta o que organizou, ordenou e fez”, critica um sobrevivente do genocídio.
“Para os Bósnios, a prisão perpétua era a única forma de encerrar o passado, mais de duas décadas depois dos factos”, complementa a enviada da euronews a Srebrenica, Andrea Hajagos.
Em Pale, na República Sérvia da Bósnia-Herzegovina, o sentimento é que este veredicto não vai resolver os problemas de relacionamento entre as comunidades:
Um sérvio da Bósnia considera que pelo facto de Karadzic “ter sido condenado a 40 anos de prisão, os sérvios vão reclamar e isso não trará, com certeza, a paz e a reconciliação. Mas, se tivesse sido libertado, seria o outro lado a protestar. Não acredito que este veredicto vá melhorar as relações entre sérvios e muçulmanos”, conclui.
Segundo outro residente de Pale, “Aqui, ninguém gostou deste veredicto e as coisas não vão melhorar. As pessoas estão desiludidas. A nossa vida já é má e esta sentença surge como mais uma grande desilusão”.