Ameaça terrorista na Europa: As duas frentes da guerra à "jihad"

Ameaça terrorista na Europa: As duas frentes da guerra à "jihad"
De  Francisco Marques com sophie Desjardin, Bora Bayraktar
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Numa altura em que a União Europeia anda a discutir a segurança das fronteiras externas, devido à crise de migrantes e refugiados, voltou a ser

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Numa altura em que a União Europeia anda a discutir a segurança das fronteiras externas, devido à crise de migrantes e refugiados, voltou a ser, porém, uma vez mais , o centro da Europa a ser atacado em força. Depois de Paris, o terrorismo atingiu em força Bruxelas. O grupo autoproclamado Estado Islâmico assumiu o atentado que, a 22 de março, fez mais de 30 mortos e 200 feridos na capital belga.

Um dos três bombistas no aeroporto de Zaventem terá sido o belga Brahim Bakraoui, natural de Bruxelas. Este presumível “jihadista” suicida já teria sido detido na Turquia há cerca de nove meses. Ancara alega tê-lo recambiado para a Europa com um alerta de eventual terrorista. “Nós reportámos a deportação às autoridades belgas a 14 de julho de 2015 através de uma notificação”, garantia esta semana o presidente turco Recep Tayyp Erdogan.

#Brussels: the three airport suspects named. Follow our live blog for all the latest https://t.co/okZD1KWPlWpic.twitter.com/QVjuUR9XN7

— euronews (@euronews) March 23, 2016

Um procedimento normal na Turquia, explicou-nos, em exclusivo, Serhat Güvenç, especialista de relações internacionais da universidade de Kadir Has, em Istambul. “Os números que temos apontam para cerca de 5000 pessoas investigadas e sob suspeita. Destas, 2000 foram deportadas para os respetivos países, mas sem qualquer resultado. O que nos mostra que, apesar de os mecanismos de comunicação mais ou menos funcionarem, as bombas e as ações terroristas continuam. Mostra-nos também que estas informações não terão sido devidamente avaliadas”, acusa este analista, entrevistado pelo nosso correspondente na Turquia, Bora Bayraktar.

Contudo, embora belga, Brahim Bakraoui terá sido deportado para a Holanda. As autoridades holandesas registaram a sua entrada no país, mas acusam, por outro lado, a Turquia de não ter cumprido os procedimentos devidos, não tendo, sobretudo, explicado os motivos da deportação.

Com este ataque em Bruxelas, quatro meses depois do mais mortífero dos atentados no centro da Europa reivindicados pelo “Daesh”, o grupo “jihadista” mostra continuar bem ativo no “coração” da União Europeia. Há suspeitas de que mais de 400 elementos afetos ao autoproclamado Estado Islâmico poderão estar na Europa a preparar novos atentados.

Serhat Güvenç recordou-nos uma recente pretensão de Erdogan: levar a Europa a alterar a definição de “terrorismo”, juntando aos principais suspeitos também os alegados cúmplices mesmo que não participantes diretamente em qualquer atentado terrorista. O presidente turco referia-se aos grupos terroristas curdos que têm lançado o terror naquele país, mas os acontecimentos de Bruxelas levaram-no a alargar a abrangência do alerta.

“Há uma grande diferença entre as definições turca e europeia do termo ‘terrorismo’. Por isso, quando a Turquia procede a deportações para a Europa alertando para presumíveis terroristas, é possível que os países europeus interpretem de forma diferente dos sinais evidenciados”, admite.

The #BrusselsAttacks suspects have strong links with those behind the #ParisAttackshttps://t.co/S9jcspUpmDpic.twitter.com/Xge605i4wu

— Sky News (@SkyNews) 23 de março de 2016

O analista reconhece que Europa e Turquia “não usam a mesma definição nem o contexto é similar” e considera que isso pode resultar num problema: “Quando a Turquia investiga uma pessoa a fundo e a classifica como um potencial terrorista, a Europa não reconhece os critérios turcos seguidos. Nem sequer considera estas pessoas como suspeitos. Pode ser um reflexo das diferentes culturas em termos de segurança e, isto, é importante.”

Recentemente, foram revelados documentos com mais de 20.000 nomes de potenciais “jihadistas” a trabalhar pelo mundo em diferentes funções ao serviço do “Daesh”, incluindo recrutamento ou mero apoio logístico a terroristas inflitrados nas sociedades ocidentais. Entre eles haverá portugueses. A autenticidade dos documentos está ainda por confirmar a 100 por cento.

A guerra ao terrorismo prossegue no norte da Síria e do Iraque, onde a Bélgica, entretanto, fez saber já esta semana que irá reativar a sua participação direta no combate aos “jihadistas”. O contra-ataque, no entanto, tem surgido sem dó nem piedade, onde menos se espera.

Depois da redação de um jornal satírico em Paris, no início de janeiro, um estádio de futebol, um concerto lotado de Rock e cafés repletos de clientes foram alvejados pelo terrorismo numa sexta-feira à noite, em novembro. Agora foi em Bruxelas, no aeroporto e no metro. As células “jihadistas” estão a manter a Europa sob uma perigosa e imprevisível ameaça.

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