Rússia: magnata da internet lança centro online de combate a "ataques de informação"

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Natalia Kasperskaya, cofundadora da “Kaspersky Lab” – empresa criadora do “software” antivírus Kaspersky -, decidiu lançar o primeiro centro “online”

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Natalia Kasperskaya, cofundadora da “Kaspersky Lab” – empresa criadora do “software” antivírus Kaspersky -, decidiu lançar o primeiro centro “online” de prevenção contra “ataques de informação”. A base física do centro será em Innopolis, um novo “Silicon Valley” russo, perto de Kazan, no Tartaristão, segundo explica o site Globalvoices.org.

Em declarações ao jornal Vedomosti, disse que “a Rússia já dispõe de agências que combatem e respondem a ciberataques, mas esta será a primeira organização deste tipo, que vigia e combate ataques de informação online”.

Kasperskaya espera receber encomendas do governo russo. Durante um encontro, no ano passado, com profissionais da “ciberindústria”, o presidente Vladimir Putin sugeriu que os serviços de segurança e outras agências estatais deveriam fazer das “ameaças de informação” online uma prioridade e procurar ferramentas para as vigiar.

O Kremlin ainda não reagiu ao anúncio, na semana passada, da criação do centro proposto pela magnata da internet. A empresa ainda está numa fase de prospeção, à procura de investidores para o projeto.

O que é um “ataque de informação”?

Segundo Igor Ashmanov, parceiro de projeto de Kasperskaya, um “ataque de informação” consiste em “campanhas de propaganda, desinformação, falsidades e conteúdo viral” com objetivos políticos ou comerciais.

O centro vai recorrer a um “software” de gestão de “reputação online” desenvolvido pelo laboratório Kribrum, outro projeto conjunto de Kasperskaya e Ashmanov, que é “suficientemente sofisticado para prevêr um ataque de informação online logo que é iniciado, bem como identificar os responsáveis”.

Tetyana Lokot, investigadora e contribuidora da Global Voices, afirma que as autoridades russas estão a tentar aumentar a pressão sobre os utilizadores da internet, já que as ferramentas tradicionais para bloquear e filtrar conteúdo são consideradas ineficazes.

De acordo com o mais recente relatório anual do grupo de defesa de Direitos Humanos Agora:

“As penas de prisão efetiva atribuídas pela partilha de informação publicada em redes sociais pretendem intimidar os utilizadores, para que não debatam problemas sociais sensíveis. Os temas que representam maior risco, neste aspeto, são nomeadamente a anexação da Crimeia, as manobras militares russas no Leste da Ucrânia, a religião, LGBTI, a corrupção ou protestos antigovernamentais.”

A organização sem fins lucrativos Freedom House, que vigia nomeadamente a evolução democrática no mundo, assinala que a liberdade da internet na Rússia tem-se “deteriorado de forma constante” nos últimos anos.

No mais recente “ranking”, a Rússia aparece classificada como “Não Livre”, entre o Egito e a Tailândia.

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O paradoxo é que a penetração da internet é crescente e a estratégia de “independência cibernética” dos Estados Unidos (em termos nomeadamente de fornecedores de acesso ou motores de busca, como o russo Yandex) tem sido bastante eficaz e bem sucedida.

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