Documentos do Panamá: Presidente da Ucrânia arrisca destituição por eventual omissão fiscal

Documentos do Panamá: Presidente da Ucrânia arrisca destituição por eventual omissão fiscal
De  Francisco Marques com LUSA, REUTERS, DMYTRO POLONSKY
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

O presidente da Ucrânia Petro Poroshenko defendeu-se através do Twitter das acusações de evasão fiscal levantadas pela investigação jornalística que

PUBLICIDADE

O presidente da Ucrânia Petro Poroshenko defendeu-se através do Twitter das acusações de evasão fiscal levantadas pela investigação jornalística que está a abalar o mundo e conhecida como “Documentos do Panamá” (“Panama Papers”, em inglês). O líder ucraniano é acusado de ter aberto de forma secreta uma empresa no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas, a 21 de agosto de 2014, que manteve escondida do fisco.

Petro Poroshenko alega não ter responsabilidade na gestão dos próprios bens, nomeadamente na transferência da sede da sua conhecida fábrica de chocolates, a Roshen, para a tal empresa “offshore”. A operação terá sido realizada pela sociedade de advogados Avellum.

Having become a President, I'm not participating in management of my assets, having delegated this responsibility to consulting&law firms

— Петро Порошенко (@poroshenko) 4 de abril de 2016

(“Ao tornar-me Presidente, deixei de participar na gestão dos meus bens, tendo delegado essa responsabilidade em firmas de advogados e consultores.”)

Vadim Medvedev, da Avellum, defende Poroshenko e garante que tudo se passou dentro da lei e de acordo com as regras internacionais. “Esta estrutura está em linha com a lei ucraniana na regulação do conflito de interesses. A confiança da gestão a uma terceira parte respeita os critérios internacionais para gestão de ativos de personalidades políticas em funções”, alegou Medvedev.

A confirmar-se, no entanto, a eventual fuga de Poroshenko ao fisco ucraniano pode representar um duro golpe para o ainda frágil governo da Ucrânia, incapaz de solucionar o conflito separatista que se mantém a leste, junto à fronteira com a Rússia, e de se afirmar sólido, autónomo e consistente no plano internacional.

#Ukraine's #Poroshenko implicated 1: https://t.co/FVNwhsOi2w 2: https://t.co/VRM3Kp0ADu 3: https://t.co/kGEhcxY7qXpic.twitter.com/VAztT4IGyT

— WikiLeaks (@wikileaks) 3 de abril de 2016

Na opinião do grupo Transparência Internacional, “se o Chefe de Estado mentiu na sua declaração, isto representa um grave prejuízo para qualquer investigação anticorrupção a decorrer na Ucrânia”. “Nenhum funcionário público, seja ele ou ela, se vai sentir obrigado a respeitar as regras”, avisou o Andriy Marusov, da delegação ucraniana da Transparência Internacional.

A bola, entretanto, passa para o Parlamento ucraniano. De acordo com a Constituição, este é o único órgão que pode abrir uma investigação ao Presidente. A criação de uma comissão especial de inquérito já terá sido pedida para este caso por um grupo de deputados, incluindo alguns da própria força política de Poroshenko. Alguns membros da oposição já começam a falar de uma eventual destituição do Presidente.

Following #PanamaPapers- we call for immediate action by world leaders to stop secret companies https://t.co/58peZdeRrT#timeforjustice

— Transparency Int'l (@anticorruption) 4 de abril de 2016

(Na sequência dos Documentos do Panamá, pedimos uma intervenção imediata dos líderes mundiais para parar estas empresas secretas.)

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Abramovich financiou Putin através de offshore em Chipre, denuncia investigação

Autarca búlgaro acusado de corrupção com fundos comunitários

Filho de Biden declara-se não culpado de fraude fiscal após suspensão de acordo