"Confissão" sobre o Panamá derruba Cameron nas sondagens

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A popularidade de David Cameron não parece resistir às revelações dos ficheiros do Panamá. O primeiro-ministro confessou ontem ter beneficiado do

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A popularidade de David Cameron não parece resistir às revelações dos ficheiros do Panamá.

O primeiro-ministro confessou ontem ter beneficiado do fundo de investimento offshore, detido pelo pai, pelo menos até 2010.

A reação não se fez esperar, nas sondagens, com uma queda de 24% na popularidade, mas também nas ruas de Londres:

“Ele devia ter previsto isto não é? Penso que deveria ter sido honesto desde o início, logo após a revelação. Ou mesmo antes de que se soubesse”.

“Eu penso que as pessoas ricas encontram sempre uma forma de esconder o dinheiro”.

“Visto bem, temos todos que olhar-nos no espelho e pensar que o que aconteceu com ele não é muito diferente das pessoas que trabalham “ao negro”? Será que é correcto a nível moral?”.

“É uma decisão que tem a ver com a consciência pessoal, mas não queria estar no lugar dele. Ele tem que demitir-se, depois do que fez com os médicos, com os polícias e com todos os outros. David: tens que abandonar o cargo”.

Esta deveria ter sido uma semana em que David Cameron se posicionaria no sentido da permanência do Reino Unido na União Europeia. Em vez disso, o primeiro-ministro britânico viu-se obrigado a responder a questões delicadas relacionadas com questões fiscais familiares.

Em entrevista à Euronews, Joe Churcher, correspondente político chefe da agência de notícias Press Association, comentou esta matéria.

James Franey, euronews – O executivo britânico congratulou-se na arena internacional de ser um campeão em matéria de transparência fiscal. Como avalia a gestão das revelações recentes feita por David Cameron?

Joe Churcher, Press Association – O problema é que ele se assumiu como campeão. Posicionou-se com um cruzado pela transparência em paraísos fiscais e criticou publicamente celebridades que fazem fuga aos impostos. Falou em imoralidade. Por essas razões era importante não aparecer associado a este tipo de coisas.

Agora diz – talvez de forma correta – que o método que o pai usou não foi pensado para fugir aos impostos, que pagou tudo o que era devido. Mas ser associado a uma empresa instalada num paraíso fiscal, que envolveu ou usa técnicas que foram banidas por muitos lugares por causa do secretismo é bastante penalizador. Mostrar-se depois indisponível, pelo menos inicialmente, para clarificar o grau de envolvimento neste esquema em concreto pode ser ainda mais prejudicial.

euronews – É importante sublinhar que estamos a falar de elisão fiscal, que não é completamente ilegal, ao contrário da evasão fiscal. Muitos rumores circularam por Westminster sobre quem substituirá David Cameron. Considera que este escândalo pode ter impacto na liderança? Acredita que David Cameron será pressionado a demitir-se?

Joe Churcher – Não. Existem alguns números que suportam o cenário da demissão de Cameron. Mas a liderança dos principais partidos não irá certamente tão longe. Como referiu, a elisão fiscal não é ilegal. Por isso, David Cameron não fez nada de errado nesse sentido. Tem mais a ver com a perceção das coisas e com o que quer fazer.

Julgo que existem algumas implicações interessantes em relação a esta matéria, nomeadamente em perceber se isto irá acelerar a partida de Cameron. Ele referiu que partiria antes das próximas eleições gerais. Chegará às próximas eleições gerais, mas não lutará pela liderança. Poderá acelerar a partida? Sim, se Cameron sentir que quer partir. A outra implicação que considero interessante é a de que repetiu a vontade de divulgar as declarações de impostos e de se tornar a matéria do domínio público. Referiu que essa é uma questão que considera que os chefes de Governo e potenciais chefes de Governo deveriam fazer. Julgo que se referia aos líderes da oposição. É algo a pensar pelas pessoas que esperam sucede-lo.

euronews – Para junho está previsto um referendo à permanência do Reino Unido na União Europeia. Esta foi a semana em que o primeiro-ministro britânico se deveria manifestar sobre a matéria dizendo aos britânicos para confiarem nele, que é preciso permanecer na União Europeia porque é melhor para o Reino Unido. Acredita que os fatos recentes terão impacto na votação no referendo?

Joe Churcher – Julgo que sim. Potencialmente sim. Existem seguramente algumas preocupações nos bastidores. Julgo que não restam dúvidas de que o campo que quer que o Reino Unido permaneça na União Europeia no referendo de junho vê a autoridade do primeiro-ministro como um fator bastante importante no processo. Se questões como esta, questões como a gestão governamental da crise da siderúrgica indiana Tata Steel em Port Talbot, ou os confrontos partidários internos por causa dos benefícios para pessoas com deficiência, minam a confiança dos eleitores no primeiro-ministro isso pode traduzir-se numa tentativa de castigá-lo. Pode traduzir-se numa tentativa de usar o referendo para dizerem que não gostam do Governo e mudar de rumo na altura de votar.

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