"Julgo que a situação atual é pior do que quando estava em funções, nos anos 90", Madeleine Albright, ex-secretária de Estado dos EUA

"Julgo que a situação atual é pior do que quando estava em funções, nos anos 90", Madeleine Albright, ex-secretária de Estado dos EUA
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Madeleine Albright foi a primeira mulher a alcançar o cargo de secretária de Estado dos Estados Unidos da América, durante a presidência de Bill

Madeleine Albright foi a primeira mulher a alcançar o cargo de secretária de Estado dos Estados Unidos da América, durante a presidência de Bill Clinton. Mantém, desde então, um olhar atento sobre os assuntos internacionais e continua a defender a família Clinton, desta vez a candidata Hillary. A euronews encontrou-se com Albright no fórum Internacional de Segurança, GlobSec, em Bratislava, na Eslovénia.

Isabelle Kumar, euronews: Comecemos por questões que estão a ser debatidas no fórum de segurança. Parece que o mundo está a ser bombardeado por múltiplas crises. Olhando para trás, acredita que a situação é mais grave agora do que quando era secretária de Estado?

Madeleine Albright: “Julgo que a situação atual é pior do que quando estava em funções, nos anos 90. Na altura, o ambiente era de esperança e euforia com o fim da Guerra Fria, com a forma como a Europa poderia vir a fazer parte da Nato e o sentimento de que as Nações Unidas poderiam exercer a sua função. Penso que foi, realmente, um tempo de muita esperança e entusiasmo.”

Isabelle Kumar, euronews: Gostaria de relembrar aos telespetadores que Madeleine foi refugiada. Na altura, deixou a Checoslováquia por causa da ocupação Nazi. Se olharmos para a situação atual na Europa, assistimos a um aumento do populismo em toda a Europa. Ouve ecos dos dias negros da sua infância?

Biografia: Madeleine Albright

  • Madeleine Albright foi a primeira mulher a assumir o cargo de secretária de Estado dos Estados Unidos em 1997
  • Albright nasceu na Checoslováquia em 1937
  • Viveu com a família no exílio em Inglaterra depois da alemanha Nazi ter ocupado a Checoslováquia em 1939

Madeleine Albright: “Bem, é diferente. Mas, julgo que o populismo e o nacionalismo são forças muito perigosas, na medida em que se baseiam não só no extremismo, mas também no ódio. Uma coisa é ter orgulho em si próprio, na sua identidade, outra considerar as pessoas que vivem na porta ao lado inaceitáveis.”

Isabelle Kumar, euronews: Um dos problemas que leva ao aumento do populismo, e que a Europa se debate para encontrar uma solução, é a crise dos refugiados. Enquanto ex-refugiada, apreciaria uma política europeia que significa, de maneira simples, que a deportação de um migrante ilegal equivale à instalação de um refugiado sírio na Europa?

Madeleine Albright: “Matematicamente, soa bem. A questão é como é que o processo ocorre. Como se escolhe as pessoas e porque saem. Julgo que a maior parte dessas pessoas quer viver no país onde nasceu. A forma como são escolhidas para voltar e trocadas por outras consideradas aceitáveis cria uma questão polémica, difícil de lidar. Na verdade fui duas vezes refugiada. A primeira durante a Segunda Guerra Mundial com os meus pais, quando os Nazis ocuparam a Checoslováquia, a segunda nos Estados Unidos depois dos comunistas se apoderarem da Checoslováquia. Julgo que a questão é a forma como os refugiados são tratados. Há uma grande diferença. Quando chegámos aos Estados Unidos as pessoas diziam ‘Lamentamos que o seu país tenha sido ocupado por um sistema terrível’. ‘Como podemos ajudar?’ ‘Aqui, é bem-vinda.’ ‘Quando se tornará cidadã?’ Perguntas que já não ouvimos com frequência”.

Isabelle Kumar, euronews: Portanto, qual é a sua opinião sobre a resposta europeia?

Madeleine Albright: “É difícil ser crítica porque acho que os Estados Unidos deveriam fazer mais. Não é fácil dizer aos outros o que fazer se nós não estamos a acolher mais pessoas. Isto pode parecer peculiar neste momento, mas gostava que as pessoas vissem a questão dos refugiados como um fator positivo. Muitas das pessoas que fogem da Síria são instruídas, hábeis e empreendedoras. Acredito que tratarmos as pessoas como cães, não as reconhecermos como seres humanos e, de seguida, colocando-as em locais onde são apenas vistas como um grupo de pessoas, estamos a desafiar a multietnicidade, que deveria ser a marca do século XXI.”

Isabelle Kumar, euronews: Foi responsável por encontrar uma solução para a guerra dos Balcãs, não só enquanto secretária de Estado mas também enquanto embaixadora das Nações Unidas. Deve ter acompanhado de perto os julgamentos e recentes vereditos. Parece que estes julgamentos, este tribunal, deveriam ter trazido a reconciliação. Algumas argumentam que não houve justiça. O que correu mal?

Madeleine Albright: “Bem, na minha opinião os tribunais estiveram bem. O facto de (Radovan) Karadzic, um dos principais responsáveis pela guerra dos Balcãs, ter sido condenado é muito importante. O tribunal tinha como propósito atribuir culpa individual e apagar a culpa coletiva, para que houvesse reconciliação.”

Isabelle Kumar, euronews: Mas, não tem havido reconciliação.

Madeleine Albright: “Tem havido, mas não como esperávamos. O que finalmente aprendi é que queremos soluções rápidas. Estas são questões que vão demorar muito tempo a serem resolvidas. Penso que a parte mais difícil para as pessoas é quando se tomam decisões, como aconteceu com os Acordos de Dayton, por exemplo. Foram feitos com a maior das boas vontades, na época. Muitas vezes é preciso que as coisas sejam atualizadas, revistas de alguma forma.”

Isabelle Kumar, euronews: Portanto, já não são adequados…

Madeleine Albright: “Podem não ser adequados aos objetivos. De certo modo, julgo que as as complicações resultantes das diferentes camadas do governo na Bósnia-Herzegovina e a forma como certos poderes da República Sérvia foram interpretados, minaram o problema. O mais interessante é que vários sérvios em Belgrado têm tentado olhar para as coisas de forma diferente, principalmente por causa do incentivo da adesão à União Europeia. Mas, não vou defender algumas situações que estão a ocorrer. No Kosovo, por exemplo, persistem questões entre os sérvios e os kosovares.”

Isabelle Kumar, euronews: Mencionou Radovan Karadzic. Várias pessoas criticam a sentença de 40 anos de prisão e dizem que devia ter sido superior. Está satisfeita com a sentença?

Madeleine Albright: “Penso que 40 anos é muito tempo, especialmente se tivermos em conta a sua idade. Devo dizer que o Tribunal de Crimes de Guerra funcionou melhor do que a maioria das pessoas esperava. Foi um dos primeiros votos que fiz quando estava nas Nações Unidas. As pessoas pensavam que ninguém jamais seria indiciado ou levado à justiça, mas foi.”

Isabelle Kumar, euronews: Mas um dos problemas foi a duração dos julgamentos.

Madeleine Albright: “Gostava que tivessem sido mais rápidos, mas prefiro ser otimista e perceber que foram dados passos em frente. Com o Tribunal de Crimes de Guerra e o Tribunal Penal Internacional há uma tentativa de atribuir responsabilidade e de haver uma abordagem internacional ao genocídio e aos crimes contra a humanidade.”

Isabelle Kumar, euronews: Pedimos aos nossos internautas para enviarem questões. “Sanaa Ben-Hammouda” pergunta: Qual foi a decisão mais difícil que teve de tomar quando estava em funções?

Great to meet a feisty & interesting @madeleine Albright for discussion at the #GLOBSEC2016 security forum @euronewspic.twitter.com/csxtDvWLjB

— Isabelle Kumar (@Isabelle_kumar) April 17, 2016

Madeleine Albright: “Antes de mais, nunca esperei ser secretária de Estado ou até embaixadora das Nações Unidas. A parte mais difícil é decidir como se envia pessoas para a guerra, o que se faz, e a questão ética de que falávamos na Bósnia e no Kosovo. Não é fácil para uma mera civil defender o uso da força e, de seguida, enviar tropas para a guerra. Julgo que decidir quando se torna aceitável usar a força para eliminar pessoas que andam a matar outras é uma das decisões mais difíceis.”

Isabelle Kumar, euronews: Mantém essa decisão?

Madeleine Albright: “Mantenho. Definitivamente. Sei que muitas pessoas criticam. Passei parte da minha infância em Belgrado, o meu pai era o embaixador da Checoslováquia na Jugoslávia. Hoje em dia não sou bem-vinda em Belgrado, mas acredito que o que fizemos foi a resposta necessária ao que estava a ser feito por Milosevic e Karadzic. Dar a oportunidade aos bósnios e aos kosovares de tomarem decisões em relação ao rumo dos seus países.”

Isabelle Kumar, euronews: Os Estados Unidos demoraram a tomar uma ação decisiva no conflito dos Balcãs. Mas, atualmente, vemos a presidência de Barack Obama ser alvo de críticas por ser branda quando se trata de política externa, em particular na Síria. Mas como se avalia o impacto dessa decisão, de não intervir militarmente na Síria?

Madeleine Albright: “A forma como o presidente George W. Bush conduziu o país à guerra com o Iraque, preterindo uma solução pela via diplomática ou uma coligação com as Nações Unidas, levantou a questão sobre a validade de armas de destruição em massa em vários sentidos. Portanto, o presidente Obama foi eleito para pôr fim às guerras no Iraque e no Afeganistão. Foi essa a base da sua eleição: considerar as guerras um erro. Julgo que Obama acredita que deveríamos trabalhar com outros países para ajudar a resolver os problemas, que os Estados Unidos não têm de fazer tudo sozinhos. Na minha opinião, foi a resposta de Obama aos erros da administração anterior (George W. Bush).

Isabelle Kumar, euronews: Portanto, apoia-o na decisão de retirada.

Madeleine Albright: Acredito que os Estados Unidos precisam de estar mais envolvidos. A questão é quando.

Isabelle Kumar, euronews: Mais envolvidos na Síria?

Madeleine Albright: “Na Síria. Bem, de uma forma geral. A secretária Clinton defende uma área de segurança e é a favor de uma zona de exclusão aérea na Síria. Na minha opinião, esta medida devia ter sido tomada mais cedo. Gostaria que tivéssemos sabido mais cedo quem eram os grupos rebeldes. Mas a parte mais difícil, e estou a ser muito cuidadosa quando digo isto, é que as opiniões foram criadas com base em decisões tomadas durante a administração Clinton. É fácil estar de fora e opinar sobre o que deveria ter acontecido. As pessoas em funções tomam decisões com base nas informações que têm no momento. Pessoalmente, gostava que tivéssemos agido mais cedo na Síria.”

Isabelle Kumar, euronews: Tocou num assunto que me remete para uma questão feita nas nossas redes sociais. O utilizador de internet com o nome de “ydureiss” pergunta: Qual deve ser o papel dos Estados Unidos no mundo?

Madeleine Albright: “Deve ser a questão mais difícil até ao momento. A América é um país peculiar. Não somos uma potência colonial, não queremos ser os polícias do mundo. Em vários aspetos é difícil descobrir quando nos devemos ou não envolver. Somos criticados em ambas as opções.”

Isabelle Kumar, euronews: Para si, qual seria a melhor conquista da política externa do presidente Obama?

Madeleine Albright: “Acho que as conquistas foram várias. A forma como lidou com Osama Bin Laden – foi uma decisão difícil. Os passos dados em direção a uma melhor relação com a Ásia. A tentativa de Obama e do secretário Kerry de fazer algo no Médio Oriente. Na minha opinião, uma das maiores conquistas foi feita no campo das alterações climáticas. Conseguiu juntar vários países em Paris e perseguir o objetivo. Além disso, tentar mostrar que os Estados Unidos estão e vão continuar a estar envolvidos com os países parceiros.”

Isabelle Kumar, euronews: Se voltarmos ao tempo em que estava em funções, gerou polémica sobre as sanções no Iraque, nomeadamente sobre o que disse num programa de televisão sobre a morte de crianças: 500 mil crianças eram um preço que valia a pena pagar pelas sanções. Sei que já se retratou. Mas, esta é uma questão que surgiu várias vezes nas nossas redes sociais. Um internauta com o nome de EU Economics diz: Como é que Madeleine Albright pode justificar a morte de 500.000 crianças iraquianas e conseguir dormir à noite?

Madeleine Albright: “Referi que foi a coisa mais estúpida que alguma vez disse. Pedi desculpas e expliquei. Mas há pessoas que continuam a querer levantar a questão. Saddam Hussein invadira outro país. Havia um plano para entregar alimentos e medicamentos ao povo iraquiano. Saddam Hussein recusou-se a deixar entrar no Iraque qualquer pessoa responsável por distribuir esses cuidados. Foi Saddam Hussein quem matou as crianças, não foram os Estados Unidos. Eu estava a tentar defender, de maneira geral, as sanções políticas que haviam sido instituídas pela administração Bush. Às vezes as pessoas dizem coisas estúpidas. Gostava que todos os que me criticam se questionassem se nunca disseram algo de que se arrependessem. É uma afirmação estúpida e não há nada que eu possa fazer em relação às pessoas que teimam em levantar a questão. Estou arrependida por ter dito aquilo.”

Isabelle Kumar, euronews: Vamos mudar de assunto e olhar para a atual presidência dos Estados Unidos. A Madeleine é uma apoiante fervorosa de Hillary Clinton. Os críticos, porém, dizem que ela é estéril, muito encenada e está demasiado desesperada pelo posto. É isso que afasta as pessoas. Qual é a sua resposta?

Madeleine Albright: “Bom, acho que estão errados. Acho que é uma mulher notável, muito dedicada ao serviço público. Conheço-a há muito tempo. É muito inteligente, trabalha afincadamente e tem mais experiência do que qualquer pessoa que já tenha concorrido à presidência dos Estados Unidos. Ela ouve as pessoas do país e do estrangeiro. Enquanto senadora pertenceu à Comissão dos Serviços Armados, sabe como funciona. Enquanto secretária de Estado restaurou a reputação norte-americana. Penso que não há ninguém mais bem preparado.”

Isabelle Kumar, euronews: Existe um ditado que diz: “Há um lugar reservado no inferno para as mulheres que não estão a ajudar outras mulheres”. Se Hillary Clinton fosse um homem, estaria a apoiá-la tão veemente como agora?

Madeleine Albright: “Absolutamente. Preferiria apoiar um homem com verdadeiros ideais do que uma mulher que se opõe a tudo. Hillary Clinton é a pessoa mais qualificada para ser presidente dos Estados Unidos – seja homem ou mulher.”

Isabelle Kumar, euronews: Consigo imaginar qual vai ser a resposta, mas esta pergunta é de “McOuasfi”: Donald Trump é uma ameaça para os Estados Unidos ou o oposto?

Madeleine Albright: “Acho que é ambos. Parte do problema é que ninguém faz ideia do que ele está a fazer ou a pensar. Ele fala para ele próprio. Já admitiu isso, que recebe conselhos dele próprio. Sempre que viajo, tenho dificuldade em explicar às pessoas as coisas que ele diz e que são prejudiciais para a América e para o mundo.”

Isabelle Kumar, euronews: Na Europa, muitas pessoas não percebem como é que ele consegue ser tão popular nos Estados Unidos. O que torna alguém como Donald Trump tão popular?”

Madeleine Albright: “Acho que a imprensa tem sido cúmplice na subida de Trump, porque ele é uma história interessante e tem ajudado as audiências de muitos canais. Isto é parte do problema. Mas devemos lembrar-nos de que ele é popular para uma pequena parte de um partido. As pessoas não conseguem perceber qual é a diferença entre um “reality show” e a realidade nos Estados Unidos da América.”

Isabelle Kumar, euronews: Donald Trump foi criticado por causa de declarações sexistas. Madeleine foi a primeira mulher a ser secretária de Estado dos Estados Unidos, o seu género deve ter sido um entrave em algumas situações, mas também a deve ter ajudado. Consegue dar-me um exemplo de uma situação onde ser mulher teve um peso importante?

Madeleine Albright: “Nem todas as mulheres são iguais, obviamente. Mas acho que tentamos desenvolver um tipo de relação pessoal e fazer o seguinte: um diplomata – uma das primeiras regras de ser um diplomata é saber colocar-se no lugar de outra pessoa. Acho que as mulheres são boas nisso. Eu soube desenvolver a arte do beijo diplomático e acho que isso conseguiu sempre quebrar o gelo.”

Isabelle Kumar, euronews: O que é um beijo diplomático?

Madeleine Albright: “É complicado quando se chega a um país. Em alguns países, nos latinos, por exemplo, é muito difícil. Acho que não consegue visualizar os meus antecessores fazerem isso, mas em alguns países latinos os beijos são dados na face direita e em outros na esquerda. Eu misturei todos. Os franceses dão dois beijos, os holandeses três. É muito difícil. Enfim, é uma boa forma de começar uma reunião.”

Isabelle Kumar, euronews: Finalmente, é impossível entrevistar Madeleine Albright sem abordar a questão dos alfinetes de peito. Qual foi o momento mais marcante de alfinete ao peito?

Madeleine Albright: “Mais marcante? Foram vários. Às vezes faço as coisas certas, outras as erradas. O maior erro foi levar um alfinete de peito com os três macacos sábios num encontro com o presidente Putin. Símbolo chinês que significa: Não olhe para o mal, não escute o mal, não pronuncie o mal. Enquanto caminhávamos Putin perguntou ao presidente Clinton: ‘Reparámos sempre nos alfinetes que a secretária Albright usa. Porque traz este com os três macacos?’ Eu respondi: ‘Porque considero a sua política na Chechénia diabólica’. Putin ficou chateado e com razão. Hoje, voltaria a usar o alfinete com os três macacos porque penso que algumas das coisas que Putin faz são demoníacas.”

Isabelle Kumar, euronews: Pode dizer-nos o que significa o alfinete de peito que traz hoje?

Madeleine Albright: Bem, este…tem dois globos e pareceu-me o mais adequado para uma conferência que tem muito de global. Achei que seria engraçado usá-lo.

Former US Secretary of State Madeleine Albright will be meeting @Isabelle_kumar. Send your questions #AskAlbrightpic.twitter.com/tXVuHxwCna

— euronews (@euronews) April 11, 2016

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