Refugiados na Turquia recebem "e-cards" para comprar alimentos

Refugiados na Turquia recebem "e-cards" para comprar alimentos
De  Monica Pinna
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Como assegurar as necessidades básicas dos refugiados?

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Como assegurar as necessidades básicas dos refugiados? Seis anos de guerra na Síria provocaram a maior crise humanitária desde a Segunda Guerra Mundial. 6,5 milhões de pessoas procuraram abrigo noutra parte do país. Quase 5 milhões foram recebidas pelos países vizinhos, sobretudo pela Turquia, o Estado que acolhe mais refugiados no mundo.

Criado em 2012, Kahramanmaraş é um dos 26 campos de refugiados que existem na Turquia. É apresentado como o exemplo a seguir em termos de funcionamento e condições. Vivem aqui 19 mil pessoas. Os residentes podem usufruir de um cartão que permite comprar alimentos.

“É muito melhor com o cartão. Antes, serviam-nos diretamente refeições quentes, mas muitas delas os meus filhos não podiam comer. Com o cartão, compro o que quero e cozinho à nossa maneira para a família. Venho aqui cinco vezes por semana. Gasto entre 30 a 40 euros”, conta-nos Salwa, uma refugiada síria.

O Programa Alimentar Mundial criou esta solução, juntamente com o Crescente Vermelho turco, para materializar os fundos internacionais que recolhe. Cada família recebe um dos chamados “e-cards”, uma espécie de cartão de débito que é carregado duas vezes por mês. É utilizado por mais de 150 mil pessoas. Um dos principais doadores é o Departamento de Ajuda Humanitária da Comissão Europeia.

Segundo Mathias Eick, representante deste departamento, “nos últimos 12 meses, no âmbito do Programa Alimentar Mundial, já foram entregues mais de 40 milhões de euros. Nos próximos meses, vamos tentar alargar o conceito para atingir a fasquia dos 600 mil utilizadores. Quanto mais soubermos sobre as suas necessidades, mais gente podemos embarcar neste conceito.”

Este campo funciona como uma pequena cidade onde a comida e os cuidados médicos são garantidos. Mas como vivem os 90% de refugiados sírios que se encontram fora dos campos? Fomos até Gaziantep, junto à fronteira síria.

Gaziantep situa-se a cerca de 100 quilómetros da martirizada cidade síria de Alepo. É de lá que vem a grande maioria dos 325 mil refugiados que vivem aqui. Aproximadamente um terço deles tem acesso ao cartão alimentar. Mas as equipas de ajuda humanitária sabem que é preciso ampliar rapidamente este recurso fora dos campos.

Hala Khaled faz parte dessas equipas: “Eu sou síria. Cheguei a Gaziantep há 4 anos e comecei a trabalhar no Programa Alimentar Mundial. Vamos porta a porta identificar as famílias sírias que cumprem os critérios para fazerem parte do nosso programa.”

Encontrar e registar as pessoas é uma tarefa exaustiva. Um dos dados que foi prontamente posto a nu foi que, pelo menos, um terço destas famílias passa fome.

Fatma tem cinco filhos. Chegou de Alepo há cerca de dois anos. Foi das primeiras a receber o cartão no exterior dos campos. “Isto melhorou muito. Recebi o cartão há nove meses. Podemos comprar aquilo que precisamos. É claro que podia ser melhor, mas já é bom”, considera.

#AidZone Crisis zones and humanitarian response eu_echo</a> from 28th April <a href="https://twitter.com/euronews">euronewspic.twitter.com/Yf7OSZ3dyv

— Monica Pinna (@_MonicaPinna) 20 avril 2016

A ajuda permite que estas pessoas escolham condignamente os seus alimentos, ao mesmo tempo que se incentiva a economia local. As compras devem ser efetuadas numa rede de lojas monitorizada.

Fora dos campos, cada pessoa tem direito a um carregamento no cartão de cerca de 20 euros por mês. É estritamente proibido comprar doces, álcool e cigarros.

“Há 25 supermercados que participam no programa aqui. Monitorizamos os preços mensalmente para garantir que os beneficiários têm acesso a produtos de qualidade a valores razoáveis”, explica Hala Khaled.

Aid Zone - Turkey

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