Presidente de Portugal apela à paz e ao investimento em Moçambique

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De  Francisco Marques com LUSA, RáDIO MOçAMBIQUE
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, termina esta sexta-feira uma visita de Estado de quatro dias a Moçambique. É a primeira deslocação desta natureza desde que o chefe de Estado tomou posse. A visita foi dominada pelos apelos à paz e pela situação económica moçambicana.

Logo no primeiro dia, na terça-feira, dois parceiros internacionais disseram à Lusa que o grupo de doadores do Orçamento do Estado de Moçambique tinha decidido suspender a ajuda internacional ao país, após a revelação de dívidas ocultadas nas contas públicas.

Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou, a este propósito, que o grupo de doadores internacionais suspendeu a ajuda “para efeitos de esclarecimento de situações” e não de forma definitiva. O Presidente apelou, aliás, ao reforço do investimento português em Moçambique.

Marcelo Rebelo de Sousa em Moçambique: “O pior da democracia é sempre melhor… https://t.co/Mb8VIx3rGL#economico#depic.twitter.com/IqKqX4tt83

— Diário Económico (@diarioeconomico) 6 de maio de 2016

Na vertente política, os apelos à paz foram uma constante, desde o início, nos discursos do Presidente da República, numa altura em que Moçambique vive uma situação de tensão político-militar entre o Governo da Frelimo e a oposição da Renamo.

Três soldados morrem em emboscada

A Rádio Moçambique noticiou pela página de internet a morte de 3 soldados das Forças de Defesa e Segurança, vitimas de uma emboscada montada a uma viatura militar por alegados homens armados da Renamo na região de Potcho, província de Tete.

No jantar que lhe foi oferecido na quarta-feira pelo seu homólogo moçambicano, Filipe Nyusi — numa de várias ocasiões em que ambos estiveram lado a lado durante esta visita (como a registada na foto em cima, créditos: Presidência da República Portuguesa) —, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que as divergências devem ser expressas livremente através do parlamento e da comunicação social livre e independente. O chefe de Estado português condenou o recurso à violência. Filipe Nyusi expressou, por seu turno, o “desejo de voltar a viver a paz absoluta”. O Presidente de Moçambique defendeu que é preciso dialogar com a Renamo, antes de se falar de mediação internacional.

Apesar de a agenda inicial da visita não prever contactos públicos com os partidos da oposição, a comunicação social acabou por poder testemunhar os encontros do Presidente da República português com representantes da Renamo e do MDM, além da Frelimo (partido no poder). As reuniões extra-agenda realizaram-se na quinta-feira.

A chefe da bancada parlamentar da Renamo, Ivone Soares, considerou que Marcelo Rebelo de Sousa tem condições para exercer uma influência a favor de uma mediação internacional do conflito político e militar no país. Através dela, o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, transmitiu que gostaria de jantar e trocar impressões com o Presidente português mas “está impossibilitado” por se encontrar na Gorongosa — o seu nome constava da lista de convidados para o jantar que esta sexta-feira à noite Marcelo Rebelo de Sousa oferece a Filipe Nyusi.

Durante os três primeiros dias da visita, o Presidente da República português manteve contactos próximos com a população em várias ocasiões, a maior das quais na quinta-feira, em que conviveu por várias horas com centenas de crianças em duas escolas de Maputo.

Também o Acordo Ortográfico foi abordado na deslocação a Moçambique. O chefe de Estado portguês considerou que, se países como Moçambique e Angola decidirem não ratificar o Acordo Ortográfico, isso representará uma oportunidade para repensar o processo de unificação da língua portuguesa entre todos os países lusófonos.

As ligações de Marcelo Rebelo de Sousa a Moçambique, onde o seu pai, Baltazar Rebelo de Sousa, foi governador-geral, no período colonial, foram lembradas. O Presidente de Portugal sublinhou, no entanto, que não foi a nostalgia a razão fundamental para escolher este país para a sua primeira visita de Estado, mas o futuro das relações bilaterais.

O programa do último dia de Marcelo Rebelo de Sousa em Maputo incluiu já uma cerimónia nos Paços do Município, na qual foi entregue ao Presidente da República portuguesa a chave da cidade. Seguiu-se um almoço na Embaixada de Portugal com personalidades moçambicanas das áreas política, social e religiosa e visitas ao mercado municipal, à Escola São Francisco de Assis e ao Instituto do Coração.

Esta visita de Estado termina com um encontro com a comunidade portuguesa e um jantar oferecido por Marcelo Rebelo de Sousa em honra do Presidente da República de Moçambique, no hotel Polana.

Marcelo Rebelo de Sousa chegou a Maputo na terça-feira e regressa a Lisboa no sábado de manhã, viajando em voos comerciais e com uma comitiva que não integra ministros, deputados ou empresários, mas apenas os secretários de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, assessores e seguranças.

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