Com 35% dos votos na primeira volta, Norbert Hofer, o candidato do FPÖ, é dado como largamente favorito na segunda volta das presidenciais da Áustria, que decorre este…
Com 35% dos votos na primeira volta, Norbert Hofer, o candidato do FPÖ, é dado como largamente favorito na segunda volta das presidenciais da Áustria, que decorre este domingo.
Se fôr eleito, para além de se tornar o primeiro presidente da extrema-direita na União Europeia, acaba com uma bipolarização de décadas da política austríaca. O país tem alternado o poder entre os Social Democratas do SPÖ – de esquerda, e o Partido Popular ÖVP, de centro-direita.
Ao longo de toda a campanha, Hofer não tem deixado de repetir que utilizará todos os poderes que lhe confere o cargo de presidente, o que significa que poderá mesmo demitir o governo, uma prerrogativa constitucional do presidente, que os anteriores chefes de Estado sempre optaram por não utilizar.
“Se o governo decidir que deve aumentar os impostos, ou se exceder as quotas para os refugiados, ou ainda se não conseguir resolver o problema do desemprego no prazo de um ano, ele anunciou que isso seriam razões para demitir o governo. E pode fazê-lo. Claro que haverá protestos, manifestações, o que quer que seja, mas são os seus poderes constitucionais”.
O homem que tenta impedir Hofer de chegar à presidência é Alexander Van der Bellen, antigo líder ecologista, mas candidato independente nesta eleição, que obteve pouco mais de 20% de votos na primeira volta, mas que as sondagens mostram agora muito próximo do candidato da extrema-direita.
Os analistas como Rauscher acreditam, no entanto, que Hofer tem argumentos para convencer um largo expectro de eleitores:
“Os votantes no Partido da Liberdade não são todos Nazis. São votantes de protesto. Estão fartos da coligação que governa, cujos resultados são uma desilusão. Em primeiro o desemprego, o aumento dos preços, inflação e o fluxo de refugiados que estragou tudo”.
Mas van der Bellen, o professor de Economia de 72 anos, que se autodenomina o “refugiadito”, por ter nascido numa família obrigada a fugir da Rússia em 1917, espera conseguir unir e mobilizar todos os austríacos que não desejam um presidente de extrema direita, tentando transformar esta segunda volta da eleição numa espécie de referendo sobre o extremismo.
A espetativa é grande, mas não só na Áustria. No domingo à noite é toda a Europa que vai estar de olhos postos em Viena.