Alemanha: Líder anti-emigração criticado por suposto comentário sobre Jerome Boateng

Alemanha: Líder anti-emigração criticado por suposto comentário sobre Jerome Boateng
De  Antonio Oliveira E Silva com Deutsche Presse Agentur, ARD
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Alexander Gauland, do partido anti-emigração Alternativa para a Alemanha (AfD), foi alvo de duras críticas por comentários sobre o jogador Jerome Boateng, de origem ganesa.

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Um dos mais importantes líderes do partido anti-emigração alemão Alternative für Deutschland (Alternativa para a Alemanha ou AfD, pela sigla em língua alemã), causou polémica no país depois de ter criticado o jogador nacional de origem ganesa, Jerome Boateng.

Membros da comunidade política alemã e representantes do mundo do futebol germânico condenaram este domingo as palavras de Alexander Gauland, publicadas no quadro de uma entrevista ao jornal Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung (FAS).

German nationalist party member causes storm over Boateng remark https://t.co/8Dn0jQvo5v

— dpa international (@dpa_intl) 29 de maio de 2016

“As pessoas acham-no um bom jogador de futebol. Mas ninguém quer Boateng como vizinho,” disse Gauland.

Boateng, que fez parte da equipa alemã que ganhou a última Taça do Mundo da UEFA no Brasil, em 2014, nasceu na capital alemã, Berlim, e é apenas um entre vários jogadores de nacionais com origens estrangeiras. Integra a seleção alemã de futebol, que se prepara para o campeonato europeu de futebol, competição organizada em França já a partir do próximo dia 10 de junho.

Durante um jogo da seleção alemã contra a Eslováquia, este domingo, vários fãs decidiram levar cartazes com palavras de apoio a Boateng, depois de conhecida a entrevista de Gauland ao FAS.

“Jerome, sê nosso vizinho”, poderia ler-se num dos cartazes, cuja imagem pode ser vista nesto vídeo da EURONEWS refente ao tema (em cima).

Olivier Bierhoff, da seleção alemã de futebol, disse, numa entrevista a um dos canais públicos de televisão alemães, a ARD, que a observação de Alexander Gauland “não era digna de qualquer comentário” e que a equipa vive num clima “de diversidade”.

Reinhard Grindel, Presidente da Federação Alemã de Futebol, disse que o comentário foi de Gauland foi “de mau gosto”, pelo facto de utilizar membros da comunidade desportiva para argumentar no debate político. Grindel relembrou ainda que milhões de alemães adoram a seleção nacional de futebol pelo que esta representa e que Boateng é um “jogador excecional e uma pessoa maravilhosa.”

Die Reaktion von Bundesjustizminister HeikoMaas</a> auf die Boateng-Äußerungen von AfD-Vize Gauland fällt deutlich aus: <a href="https://t.co/chPhy2o0Ab">pic.twitter.com/chPhy2o0Ab</a></p>&mdash; tagesschau (tagesschau) 29 de maio de 2016

O Ministro federal da Justiça alemão, Heijo Maas, por seu lado, considerou o comentário inaceitável, enquanto o Vice-chanceler Sigmar Gabriel disse ao jornal Bild que “Gauland está contra os estrangeiros e contras coisas boas que existem na Alemanha, como a modernidade, a abertura de espírito e a liberdade”, acrescentando que o partido de Alexander Gauland, o AfD, é “anti-alemão”.

AFD-Gauland gegen #Boateng: Wie Frauke Petry vom Rassismus-
Ausfall profitieren will. https://t.co/DkqU5v5iQL

— BILD (@BILD) 30 de maio de 2016

Frauke Petry, líder do AfD, disse, no entanto, à mesma publicação, que Alexander Gauland não se recordava de ter feito tais declarações durante a sua entrevista ao jornal FAS, tendo, ainda assim, pedido desculpas a Jerome Boateng no passado domingo, utilizando, para o efeito, a rede social Twitter. Disse que Boateng era um “grande jogador” e que fazia parte “da equipa nacional”.

Jêrome Boateng ist ein Klasse-Fußballer und zu Recht Teil der deutschen Nationalmannschaft. Ich freue mich auf die EM. #Nachbarn

— Frauke Petry (@FraukePetry) 29 de maio de 2016

No mesmo dia, Alexander Gauland defendeu-se das acusações de que foi alvo. Disse que nunca insultou Jerome Boateng, ao contrário do que foi publicado no FAS. Acrescentou que fez apena referência ao que muitas pessoas pensavam e que aquela não era a sua opinião sobre o assunto. Os jornalistas responsáveis pelas entrevistas defenderam-se da posição tomada pelo entrevistado e insistiram em que o publicado corresponde exatamente ao que foi dito por Gauland durante a entrevista.

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