Arménia faz subir a tensão entre Turquia e Alemanha

Arménia faz subir a tensão entre Turquia e Alemanha
De  Luis Guita
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As pressões e a ira das autoridades turcas em Ancara, e dos turcos da Alemanha, não mudaram nada.

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As pressões e a ira das autoridades turcas em Ancara, e dos turcos da Alemanha, não mudaram nada. Ontem, junto ao Bundestag, reuniram-se centenas de turcos para protestar contra a votação, mas foi em vão. Há 2 dias, o presidente turco, com um certo cinismo, colocou Berlim sob aviso

“Será que temos um problema com o assim chamado “genocídio arménio”? Não temos esse problema. Estamos confortáveis sobre o assunto. A Alemanha é um país onde vivem mais de 3 milhões de turcos. Se ela (Alemanha) morde o isco (referindo-se à votação 02 de junho pelo parlamento da Alemanha sobre a possibilidade de reconhecer que os arménios fortam vítimas de genocídio), é claro que isso vai prejudicar o futuro das nossas relações diplomáticas, económicas, comerciais, políticas e militares,” declarou o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.

Não é a primeira vez que a Turquia fica irritada com o assunto. Votações anteriores em outros países, provocaram a retirada temporária de embaixadores. Desta vez é com a Alemanha e, tendo em conta as relações entre os dois países, a questão é particularmente sensível. Dado a crise migratória que atinge a Europa, alguns observadores questionam o momento escolhido pelos deputados alemães.

No ano passado, o presidente alemão tinha iniciado o processo ao reconhecer o termo genocídio. Nas comemorações do centenário, Erevan recebeu uma plateia de chefes de estado, todos defensores da causa arménia. No mesmo periodo, o Papa Francisco descrevia-o como o primeiro grande genocídio do século 20 (aconteceu entre 1915-1918 sob o Império Otomano). De acordo com os arménios, 1,5 milhões dos seus foram mortos. Para a Turquia foi uma guerra civil cujo balanço não passou dos 800.000 mortos, entre os dois lados.

Além da batalha dos números, é a guerra diplomática que faz aumentar a tensão. 25 países já reconheceram a existência de um genocídio. O primeiro foi o Uruguai, em 1965, o mais recente foi a Alemanha. A maioria tem reconhecido através de resolução do Parlamento. Apenas 4 países, pela legislação.

As instituições internacionais também tomaram partido. Foi reconhecido pelo Parlamento Europeu, em 1987, e também pelo Conselho da Europa e Parlamento do Mercosul. No entanto, a ONU nunca o fez oficialmente. A questão continua a dividir a comunidade internacional.

Alguns países, como o Reino Unido e Israel recusam-se a comprometer as relações com Ancara. Portugal e Brasil também não reconhecem oficialmente o genocídio.

Como vão reagir os 3 milhões de turcos que vivem na Alemanha? Depois de a Alemanha reconhecer que os arménios foram vítimas de um genocídio, como serão afetadas as relações entre Ancara e Berlim? São questões que só o futuro pode dar.

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