Malaui proíbe feitiçaria com albinos

Malaui proíbe feitiçaria com albinos
Direitos de autor 
De  Antonio Oliveira E Silva com LUSA, UN NEWS CENTER, AI
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button

A justiça do Malaui decidiu proibir que os curandeiros daquele país da África Oriental usem pessoas albinas para a feitiçaria, depois de várias mortes registadas em todo o território terem sido

PUBLICIDADE

Os curandeiros tradicionais do Malaui estão, a partir de agora, proibidos de patricar feiticaria com cidadãos albinos, depois de uma decisão da justiça daquele país da África Oriental, que teve em conta os assassinatos de pessoas com albinismo por razões ligadas às práticas curandeiras.

Da mesma decisão resulta, por outro lado, a proibição de que sejam publicados anúncios nas publicações nacionais, como jornais e revistas, relativamente à atividade de curandeiros, sejam consultas ou os “trabalhos por encomenda.”

“Todos os curandeiros tradicionais, feiticeiros, fabricantes e vendedores de amuletos, magos e adivinhos ficam proibidos de exercer no país”, diz a decisão do tribunal de Mzuzu, cidade capital da Região do Norte do Malaui (175 mil habitantes).

65 cases reported. For 10000 albino population, the group is an endangered species. Victims dont know who to trust pic.twitter.com/55E3TbDhlW

— UK in Malawi (@UKinMalawi) April 29, 2016

O albinismo é uma característica genética que se traduz na falta de pigmentos na pele e nos cabelos devido à ausência ou defeito de uma enzima envolvida na produção de melanina. Resulta de uma herança de alelos (formas alternativas de um mesmo gene) de gene recessivo e pode dar-se em todo o reino animal e não apenas nos Seres Humanos.

No Malaui, país fronteiriço com Moçambique, muitas pessoas acreditam que os órgãos das pessoas albinas podem servir como ingredientes especiais na na prática da feiticaria, sendo, muitas vezes, consideramos como determinantes para que determinado feitiço venha a dar resultado e para que os desejos da pessoa sejam atendidos.

O tribunal de Mzuzu tomou em conta as queixas de três clientes que se disseram dececionados com o trabalho realizado por parte dos feiticeiros cujos serviços tinham contratado. Os três acabaram por denunciar a utilzação de órgãos de humanos com albinismo nos diferentes rituais de feitiçaria que lhes tinham sido preparados.

#Malawi: Heinous attacks & murders of people with #albinism must end! Pls RT! pic.twitter.com/446u2Hsk0t

— Amnesty Actions (@Amnesty_Actions) May 31, 2016

A justiça do Malaui citou a posição de um dos três queixosos no acórdão, que disse acretidar “sinceramente que os assassínios são encomendados por feiticeiros que querem partes dos corpos como ingredientes para “cozeduras” que, supostamente, trarão dinheiro de forma milagrosa.”

Este tipo de crenças faz com que a população albina de países africanos como o Malaui se encontre particularmente vulnerável, especialmente quando vivem fora dos grandes centros urbanos.

É que não se trata de um problea exclusivamente do Malaui, pois os albinos são regularmente vítimas de violência um pouco por todo o continente africano.

Desde final de 2014, a polícia do Malaui registou 65 ataques, sequestros ou assassinatos de albinos no país. Organizações como as Nações Unidas ou a Amnistía Internacional dizem que a comunidade albina do país, como em outros países africanos, vive num medo constante.

Nações Unidas falam numa situação de urgência

A Organização das Nações Unidas, por outro lado, “alertou em abril, depois da visita de Ikponwosa Ero, especialista em Direitos Humanos dos albinos ao Malaui, que este grupo de pessoas está “em risco” e descreveu a situação naquele país como de “emergência”.

“As pessoas que vivem com o albinismo e os pais destas pessoas, permanecem num medo constante de sofrerem ataques”, disse a enviada das Nações Unidas.

“Muitos nem conseguem dormir tranquilamente e tentam sair o menos possível de casa”, continuou. “E é muito perturbador o elevado grau de envolvimento de familiares neste tipo de ataques. As pessoas com albinismo não conseguem sequer confiar naqueles que deveriam ser quem se preocupa com eles e quem os protege. Por isso, muitas vezes estas pessoas acabam numa espiral de medo, mas também de pobreza”, relembrou Ikponswosa Ero.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Comandante das Forças Armadas do Quénia morre em acidente de helicóptero

Alemanha promete milhões em ajuda ao Sudão no aniversário da guerra

Só em janeiro, Canárias receberam mais migrantes do que na primeira metade de 2023