Brexit: Bruxelas vai negociar com Theresa May

Brexit: Bruxelas vai negociar com Theresa May
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De  Isabel Marques da Silva
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A partir desta quarta-feira, o Reino Unido tem um nova primeira-ministra – Theresa May, até agora ministra do Interior.

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A partir desta quarta-feira, o Reino Unido tem um nova primeira-ministra – Theresa May, até agora ministra do Interior. Discreta face ao Brexit, apesar de ter criticado a política migratória da União Europeia, May era vista no seio do partido conservador como a figura capaz de conciliar as fações divididas.

No primeiro discurso como chefe do governo, excluiu um segundo referendo, sublinhando que o Brexit é um caminho sem regresso:

“Vamos ter de negociar, claro, as melhores condições de saída da União Europeia e construir um novo papel para o nosso país no mundo. Brexit significa Brexit, e vamos fazer do Brexit um sucesso.”

Cameron passou-lhe a bola e as dores de cabeça. Antes de ser escolhida para o cargo, Theresa May disse que não acionaria o artigo 50 do tratado de Lisboa antes de janeiro, porque quer ter tempo para negociar as melhores condições com a União Europeia. Uma posição que incomoda Bruxelas, onde os sentimentos continuam melindrados depois do referendo.

Para discutir as futuras relações do Reino Unido com a União Europeia (UE), com Theresa May na liderança do governo britânico, a correspondente da euronews em Bruxelas, Isabel Marques da Silva, entrevistou Lincoln Allison, professor de Política na Universidade de Warwick (Reino Unido).

Isabel Marques da Silva/euronews (IMS/euronews): “Que estilo de negociação pode a UE espera de Theresa May, que tem sido descrita como uma mulher difícil, outra dama de ferro, considerando que ela terá de enfrentar, por exemplo, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, do outro lado da mesa?”

Lincoln Allison/Professor de Política (LA/Professor de Política): “O facto de Theresa May ter sido escolhida para primeira-ministra já acalmou os mercados financeiros. Como ela defendia a permanência na UE, há a ideia de que as negociações vão decorrer com boa vontade, mas tudo depende, claro, de quem será a outra parte nas negociações: se será apenas a Comissão Europeia ou se será uma equipa de negociação europeia mais alargada”.

IMS/euronews: “Theresa May mencionou que gostaria de desencadear o artigo 50 do Tratado apenas no início de 2017, mas a UE faz pressão para que isso aconteça o mais rapidamente possível. Será que consegue atrasar o processo?”

LA/Professor de Política: “Penso que a maioria das pessoas tem uma mensagem para o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e é a seguinte: ele pode dizer que quer que o governo britânico inicie o processo o mais rapidamente possível, mas a resposta é que ele já não pode continuar a dizer-nos o que fazer nestas circunstâncias. Mas, na verdade, está muito pouco claro quais serão exatamente os termos, os procedimentos durante as negociações de Brexit, seja no que se refere ao acesso ao mercado único ou que tipo de migração será permitida”.

IMS/euronews: “Theresa May defendia a permanência na União, mas agora insiste que “Brexit significa Brexit”. Será que esta mudança em relação à posição anterior pode influenciar a estratégia, por exemplo, em questões como a migração?”

LA/Professor de Política: “Sim, vai certamente influenciar. A migração é uma questão muito central. A Inglaterra é o maior e o mais próspero país de língua inglesa na UE, o que funcionou como um enorme íman para os migrantes. Para muitas pessoas passou a ser a principal questão política. Penso que, no que se refere aos defensores da saída da União, o direito de livre circulação de pessoas de outros 27 países no Reino Unido, ou mesmo só em Inglaterra se se tornasse um país independente, é inegociável”.

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