Manuel Valls admite falha na segurança francesa

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Todo um país se debruça sobre a mesma questão: será que tem sido feito tudo o que é possível para garantir a segurança no território francês?

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Todo um país se debruça sobre a mesma questão: será que tem sido feito tudo o que é possível para garantir a segurança no território francês? Pela primeira vez, o primeiro-ministro Manuel Valls reconheceu que não.

Um dos atacantes da igreja perto de Rouen estava identificado pelos serviços franceses e possuía uma pulseira eletrónica que lhe permitia liberdade de movimentos durante algumas horas por dia. Numa entrevista ao jornal Le Monde, Valls assumiu que houve um problema: “Compreendo as dúvidas em torno da situação de Adel Kermiche. A vigilância eletrónica em regime de prisão domiciliária a que estava submetido foi decretada por um juiz de instrução especializado no jihadismo e confirmada em recurso por três outros juízes. Temos de admitir a falha.”

Valls afirma também que os atentados não vão ficar por aqui. Uma coisa parece cada vez mais clara: as estratégias de proteção definidas atualmente não funcionam. Mas as propostas da oposição também não geram consenso.

.ManuelValls</a> : « La France a une stratégie pour gagner cette guerre » <a href="https://t.co/lSjrZ4swDP">https://t.co/lSjrZ4swDP</a> <a href="https://twitter.com/hashtag/ITW?src=hash">#ITW</a> par <a href="https://twitter.com/JuliaPascualita">juliapascualita et nicolaschapuis</a></p>&mdash; Le Monde (lemondefr) 29 juillet 2016

Segundo o especialista François Heisbourg, do Instituto Internacional para os Estudos Estratégicos, “o governo francês encerrou-se num ciclo de repetição das mesmas medidas de sempre, isto é, mais Estado de emergência, mais soldados, mais bombardeamentos em Raqqa ou Mossul. São medidas que não funcionaram no passado, por isso é altamente improvável que venham a resultar no futuro. A oposição opta por discursos grandiloquentes e propostas extravagantes, como a criação de campos de detenção onde qualquer pessoa que tenha sido identificada pela polícia pode ir parar.”

“Não será este governo que irá criar um Guantanamo à francesa”, garantiu Valls ao Le Monde, acrescentando: “Tudo o que possa reforçar a nossa segurança deve ser analisado. Mas há uma linha que não pode ser ultrapassada: a do Estado de direito. A detenção de indivíduos em centros com base numa simples suspeita é moral e juridicamente inaceitável. Aliás, nem sequer seria eficaz.”

Mantém-se a pergunta: como reforçar a segurança no território francês sem, como pretende o governo, atentar contra os direitos adquiridos? As últimas informações vieram alimentar ainda mais a controvérsia: o segundo terrorista do ataque em Saint-Étienne-du-Rouvray, Abdel Malik Petijean, que aparece num vídeo a proferir ameaças contra a França, tinha sido identificado recentemente por radicalização.

Para François Heisbourg, “o Estado de emergência é, fundamentalmente, uma má ideia, porque atira os terroristas para uma maior dissimulação e clandestinidade. E eles adaptam-se muito bem a Estados de emergência. Vigilância, sim, mas temos de ser realistas. A única forma de evitar que este tipo de situações aconteça em França, ou na Alemanha, ou na Bélgica, é adotarmos muitos mais mecanismos de vigilância da sociedade em geral, e não apenas dos potenciais criminosos.”

De acordo com o relatório da Inspeção-Geral da Polícia francesa, o dispositivo de segurança em Nice nas celebrações do 14 de julho era adequado, perante as circunstâncias previsíveis e sem ameaças específicas no horizonte. Morreram 84 pessoas.

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