Síria: Após cinco anos de guerra, não há solução à vista

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De  Aissa BOUKANOUN com ANTONIO OLIVEIRA E SILVA, LURDES DURO PEREIRA, ASSOCIATED PRESS
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Cinco anos depois da primavera árabe, a guerra civil síria não parece ter fim à vista. Um conflito multipolar e confessional e que obedece a interesses locais, regionais e globais.

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Com António Oliveira e Silva, Lurdes Duro Pereira e Associated Press

As primaveras árabes de 2011 foram, para a Síria, o início de uma longa e sangrenta guerra que dura há cinco anos. Um conflito complexo, multipolar e confessional, que conta com vários atores e interesses a nível local, regional e nacional. Interesses e frentes de combate que, juntos, contribuiram para a existência de um território destruído, ocupado e dividido e para cerca de 400 mil mortos, segundo as Nações Unidas, entre civis e combatentes. Os números variam, no entanto, de acordo com as fontes consultadas.

Grupos jihadistas lutam pelo território

A progressiva fragmentação, desde 2011, e a perda de autoridade por parte do exército governamental em parte do território, favoreceu o aparecimento e a consolidação de diferentes grupos jihadistas armados, como o autoproclamado Estado Islâmico, (EI ou Daesh, pela sigla em língua árabe), com uma visão muito própria do Corão e do Islão Sunita, considerada retrógrada e em contradição com a da maioria dos muçulmanos de todo o mundo. Outro grupo importante no teatro de guerra sírio, a Frente para a Conquista do Levante ou Jabhat Fateh al-Sham, em língua árabe, na realidade grupo sucessor da Frente al-Nusra, tendo adotado a nova designação no final deste mês de julho. Combatem o exército de Bachar al-Assad, as milícias xiitas, apoiadas por libaneses e iraquiados e os curdos, estes, apoiados por Washington.

Syria's state news agency: Rebel fire kills at least 9 civilians in government-controlled part of city of Aleppo. https://t.co/zvABRwZg88

— The Associated Press (@AP) 2 de agosto de 2016

A Rússia juntou-se ao conflito para defender Bachar al-Assad e os interesses de Moscovo na região, como a base naval de Tartus. Os Estados Unidos, por outro lado, decidiram ajudar vários grupos rebeldes que consideram moderados, embora a política de Washington tenha sido alvo de críticas, nomeadamente porque muitos dos grupos rebeldes hostis ao Governo de Damasco parecem ser menos moderados do que seria de esperar. As primeiras vítimas de um conflito que teima em não acabar são as crianças. A Unicef diz que mais de oito milhões, cerca de 80% da população menor da Síria, vive em permanente ameaça de morte, violação ou mutilação. Uma em cada três crianças sírias nasceu depois do início do conflito.

Impacto na estrutura demográfica

Antes do início da guerra, a Síria tinha cerca de 24 milhões e 500 mil habitantes. Pelo menos 6 milhões e 600 mil não vivem atualmente em território sírio. Para além dos milhares de mortos, fugiram para países vizinhos, como a Turquia, a Jordânia, o Líbano ou, para países da Europa, como a Grécia e a Alemanha, milhões de pessoas. Começou assim a chamada crise dos migrantes e refugiados. As Nações Unidas dizem que, desde 2011, os hospitais sofreram mais de 330 ataques e que quase 700 pessoas, ligadas aos cuidados de saúde, morreram durante esses ataques. Segundo a Organização não Governamental Save the Children, pelo menos duas pessoas morreram e várias ficaram feridas num ataque contra uma maternidade em Idlib no fim de julho, zona controlada por grupos rebeldes.

A guerra provocou também um aumento sem precedentes no preço dos alimentos básicos, como o pão, o leite, o açúcas, a farinha e os ovos.

Diferentes organizações de defesa dos Direitos Humanos dizem que todas as partes em conflito na Síria cometeram crimes de guerra em cinco anos de conflito. O Governo de al-Assad foi acusado de tortura e de bombardear civis e refugiados. Os grupos rebeldes, por outro lado, são acusados de execuções sumárias, muitas vezes, recorrendo a decapitações, seja de adultos ou de crianças.

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