Quanto custa organizar os Jogos Olímpicos?

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A organização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro mostrou ser um desafío difícil de ultrapassar, para o Brasil.

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A organização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro mostrou ser um desafío difícil de ultrapassar, para o Brasil. A poucos meses da cerimónia de abertura, o excesso de poluição da Baía de Guanabara fez as manchetes da imprensa internacional.

A isto seguiu-se a demissão de Mario Cilenti, responsável po garantir que a Aldeia Olímpica tinha as condições necessárias para receber os atletas. O argentino foi demitido depois de se constatar que muitos dos quartos não eram adequados ou estavam abaixo do padrão exigido.

Os problemas continuaram a surgir. Pouco depois, a rampa principal da marina da Glória, onde se realizarão as provas de vela, colapsou devido à maré e aos ventos fortes. A juntar aos problemas das infraestruturas, o cenário de instabilidade política e social que se vive no Brasil. Manifestações de trabalhadores com salários em atraso e escândalos de corrupção, envolvendo as mais altas instâncias políticas do Brasil, fazem parte do quotidiano.

Espera-se que se gastem mais de 4 mil milhões de euros para realizar os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, de acordo com um estudo sobre o custo dos Jogos Olímpicos

Com o país em recessão económica, os brasileiros protestam e têm esperença de, talvez, conseguirem beneficiar com este tão grande investimento.

Londres 2012

O estudo da Universidade de Oxford, na Inglaterra, mostrou que os Jogos Olímpicos de Verão do Rio de Janeiro estão longe de serem os mais dispendiosos.

Esse ónus fica com a edição de Londres, em 2012. O documento revela que para se realizarem as Olímpiadas na capital britânica foram necessários cerca de 14 mil milhões de euros.

Aquando do concurso para acolher a edição de 2012, Londres tinha uma estimativa dos custos que, dois anos mais tarde, revelou ser errada, sendo revista em alta, na ordem dos 100%.

Do lado oposto da balança, a edição de Tóquio, no Japão, em 1964 mostrou ser a menos dispendiosa. O orçamento fixou-se nos 252 milhões de euros.

O estudo defende, financeiramente,que receber uma edição dos Jogos Olímpicos é o mais dispendioso, e o mais arriscado dos “megaprojetos” que uma cidade ou nação podem empreender.

Sochi 2014

Os Jogos Olímpicos de Sochi, na Rússia, custaram cerca de 20 mil milhões de euros, o que faz com que seja a edição de inverno mais cara de sempre. A fatura final chegou as uns impressionantes 46 mil milhões de euros. No entanto, este valor inclui a construção de infraestruturas como, por exemplo, uma linha férrea de cerca de 50 quilómetros, que ligou a cidade à estância de esqui de Krasnaya Polyana. A linha férrea teve um custo de 7,7 mil milhões de euros.

Atenas 2004

Para realizar os Jogos de Atenas, na Grécia, foram necessários 2,7 mil milhões de euros. Apesar da alegria de organizarem a primeira edição das Olimpíadas do milénio, os gregos foram confrontados com um forte peso na frágil economia do país. Quatro anos após o evento, a Grécia foi atingida pela crise global de crédito. O país foi forçado a lidar com uma dívida crescente, a pobreza e o desemprego elevados, o que levou os gregos a questionarem quais foram os benefícios de tal empreitada.

O legado dos Jogos de 2004 é uma cidade repleta de estádios e arenas, autênticos “elefantes brancos”, praticamente sem uso e que custam milhões de euros a manter.

Montreal 1976

Se os Jogos Olímpicos deixaram um sabor amargo em Atenas, em Montreal, no Canadá, só o leve pensamento na edição de 1976 ainda provoca calafrios.

A edição canadiana fica para a história das Olímpiadas como sendo aquela com a maior derrapagem orçamental, 720%, de acordo com o estudo da Universidade de Oxford.

O documento refere que a cidade precisou de três décadas para pagar as dívidas contraídas para a realização do evento.

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Os atrasos das obras fizeram com que os organizadores ficassem desconfiados. Os trabalhadores estiveram mais de 130 dias em greve, 30% do tempo previsto para construir as infraestruturas para os Jogos.

O Comité Olímpico Internacional cogitou, ainda, a ideia de transferir o evento para o México.

O aumento da inflação, os custos elevados das horas extras e a corrupção levou o governo da província do Quebeque a assumir o projeto.

O arquiteto francês, Roger Taillibert, que tinha construído o Parc des Princes, em Paris, e projetado a Aldeia Olímpica, antes de ser afastado do projeto, afirmou: “A construção do Parque Olímpico e do estádio mostrou-me um nível de corrupção organizada, roubo, mediocridade, sabotagem e indiferença como eu nunca tinha visto antes e nunca mais testemunhei desde então. O sistema falhou completamente e cada empresa de engenharia civil envolvida sabia que podia simplesmente abrir esta verdadeira caixa registadora e servir-se. “

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