Liga dos Bombeiros Portugueses culpabiliza poder político pelos incêndios

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De  Filipa Soares
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A história repete-se todos os anos.

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A história repete-se todos os anos. No verão os bombeiros portugueses não têm descanso, a braços com o elevado número de incêndios que consomem dezenas de milhares de hectares de floresta.

Segundo dados da União Europeia, há mais incêndios em Portugal do que noutros países da Europa. Mais de um terço dos incêndios registados entre 2000 e 2013 nos países do Mediterrâneo ocorreram em território português.

Para analisar este problema, a jornalista Filipa Soares entrevistou o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares.

Filipa Soares, Euronews: Por que razão há um número tão elevado de incêndios todos os anos em Portugal?

Jaime Marta Soares: Para mim o problema assenta, fundamentalmente, no mau tratamento da floresta portuguesa, que não tem prevenção estrutural, que na maior parte do território está abandonada. Não se protegem as zonas populacionais, nem as zonas próximas dos parques industriais. Há um conjunto de situações que, quando nos deparamos com temperaturas que são influenciadas pela bacia do Mediterrâneo, com valores altíssimos, taxas de humidade muito baixas e ventos atípicos, com o combustível que está por essa floresta toda, sem qualquer tratamento, leva a que qualquer ignição, de um momento para o outro, transforme o nosso país num archote contínuo. E nisso eu culpabilizo o poder político que é responsável por este setor, o Ministério da Agricultura, a Secretaria de Estado das Florestas, o ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas), que efetivamente, ao longo dos anos, nada têm feito para alterar a face da nossa floresta.

Euronews: Todos os anos se debate este problema e se discute esta necessidade de apostar na prevenção, mas porque é que na prática nada parece mudar?

Jaime Marta Soares: Porque eu acho que há muita incompetência nos políticos que têm responsabilidade nesse setor. Não é que faltem bons técnicos em Portugal. É preciso é dar-lhes liberdade para que eles possam desenvolver os seus conhecimentos. Mas é habitual, quando acontecem estes flagelos, os políticos, muito bem-falantes, virem dizer muitas coisas sobre tudo isto, como os treinadores de bancada, muitos deles não sabendo do que estão a falar. Na minha opinião, muitos dos elementos que têm feito parte dos vários governos, porque é transversal aos vários governos, que aparecem como responsáveis na área das florestas, não conhecem nada do que estão a tratar.

Euronews: Que meios é que os bombeiros portugueses têm para combater estes incêndios? Têm os meios suficientes para fazer face aos incêndios que estão a atingir Portugal?

Jaime Marta Soares: O que pode fazer os portugueses sentirem orgulho é que, ao contrário da prevenção, do planeamento e do ordenamento da floresta, toda a estrutura de Proteção Civil, no que diz respeito ao socorro e ao combate aos fogos florestais, teve uma evolução fantástica. Estamos ao nível do melhor que há na Europa e no mundo. Diria mesmo que, este ano, estamos no top daquilo que possa vir a ser um dispositivo bem organizado, com mais formação, mais exercício, mais integração de outras forças no meio, nomeadamente a GNR e o Exército.

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