Presidenciais norte-americanas: O que revela a linguagem corporal de Donald Trump?

Presidenciais norte-americanas: O que revela a linguagem corporal de Donald Trump?
De  Euronews
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Quer se concorde ou não com as suas opiniões politicas, não se pode dizer que Donald Trump passe despercebido.

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Quer se concorde ou não com as suas opiniões politicas, não se pode dizer que Donald Trump passe despercebido. Os seus gestos e a expressão corporal incomodam e fascinam em simultâneo. Falámos com peritos em comunicação para sabermos o que pensam do seu estilo.

Trump – an open book?

Os críticos poderão encontrar o seu estilo exagerado e caricatural, mas, de acordo com o professor Professor Geoff Beattie, autor de Rethinking Body Language, isto é um dos seus atrativos: “Os políticos querem aparecer como abertos, honestos e autênticos e quando se tem uma expressão facial que revela uma resposta emocional as pessoas compreendem que se acredita naquilo que dizemos, ainda que seja muito estranho”.

“Muitos políticos passam uma grande parte do tempo a esconder as suas expressões naturais por detrás de sorrisos durante as entrevistas e os debates”. O professor Beattie explica que isso “nos é desconfortável porque percebemos que há algo escondido. Podemos não ter consciência disso, porque muita da comunicação não verbal manifesta-se no inconsciente, contudo sentimos um certo desconforto com isso”.

Já muita gente tentou analisar as micro-expressões de Trump, à procura de discrepâncias entre as palavras e a linguagem corporal, mas não foram capaz de encontrar a prova de que Trump acredita verdadeiramente naquilo que diz. No ano passado, um perito disse ao jornal britânico The Independent”:http://www.independent.co.uk/news/world/americas/donald-trump-body-language-expert-decodes-us-republican-presidential-candidates-most-divisive-a6767981.html: “Nos sete canais de comunicação que observei, ele foi consistente em todos – por isso, conclui que os seus discursos parecem concordar com aquilo em que ele acredita”.

Our experts

- Geoff Beattie é professor de Psicologia na Edge Hill University, e é também um conceituado autor, que publicou mais de 20 livros, incluindo o recentemente lançado "Repensar a Linguagem Corporal"Rethinking Body Language

- Alan Stevens uma comunicação de media coach mediacoach.co.uk

Mas o facto de os gestos de Trump mostrarem o que pensa, não significa que ele não tenha consciência da importância que têm. “Numa análise na BBC”: :http://www.bbc.com/news/election-us-2016-37088990 foi dito que Trump não recebeu treino em linguagem corporal, mas o professor Beattie não acredita: “Não acredito que não tenha sido bem treinado no passado… Trump tem uma linguagem corporal muito distinta, alguns dos seus gestos e movimentos são pouco comuns para se pensar que não foram aprendidos e treinados. Eu não concordo com isso. Ele transformou-os numa arte.”

Mas não são só os gestos e as expressões que fazem dele um candidato diferente dos outros. O perito em comunicação, Alan Stevens disse à Euronews que a presença em palco de Trump é também muito especial. “Enquanto os anteriores presidentes como Bill Clinton ou Barack Obama se afastavam do leitoril para dialogar com as multidões, Trump mantém-se firme e usa gestos e expressões marcantes para confortar o seu ponto de vista. Isto transmite uma sensação muito mais de poder e controle do que de colaboração”.

De acordo com os peritos, a utilização regular de gestos fortes permite convencer mais as multidões da autenticidade do discurso. Na verdade, os estudos do professor Beattie mostram que quando as pessoas ouvem discursos acompanhados de muitos gestos, lembram-se melhor do que foi dito. Em psicologia isto chama-se o dual encoding, ou seja, receber a mensagem através de dois canais, o verbal e o visual.

Donald Trump’s hand gestures and what they mean

Este é provavelmente o gesto mais conhecido de Trump – a junção entre o polegar e o indicador. De acordo com os especialistas este é um gesto que o ajuda a mostrar precisão e controlo.

Geoff Beattie:“Estes movimentos acentuam as partes da mensagem que ele considera importantes e nós gostamos de políticos que fazem isso. Em certo sentido isto mostra um compromisso em relação ao que diz e acrescenta uma informação ao subconsciente”.

Alan Stevens:“Ele também acena aleatoriamente com a mão para mostrar que as coisas têm corrido muito mal e volta a apertar o gesto para mostrar que podem confiar que ele trará a solução”.

Muitas vezes Trump alterna os movimentos de junção do polegar e indicador com o apontar para cima com os dedos em L.

Geoff Beattie:“Alguns pensam que utiliza este gesto mecanicamente. Eu penso que não. Se repararmos no que ele faz, vemos que vai usar o gesto de precisão como um contraponto ao dedo que aponta para cima para acentuar uma terceira parte da frase. O gesto de apontar para cima é um gesto muito pouco comum. Analisei muitos políticos no passado e não me lembro de nenhum que fizesse isto”.

Alan Stevens:“O gesto de circuito fechado (circular) e o L indicam ambos “Eu tenho a certeza disto”. Sugerem precisão e um trabalho bem feito. Ambos, mas sobretudo o último, são usados com frequência pelos seus apoiantes para criarem outra forma de ligação com ele.”

Muitos políticos, tal como Obama com o punho fechado e o indicador e polegar unidos, tentaram encontrar um gesto menos agressivo que o dedo apontado. Mas Trump não.

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Alan Stevens:Apontar é um gesto normalmente evitado pelos políticos porque pode ser interpretado como acusador. Contudo, Donald Trump, tal como o antigo apresentador do “The Apprentice” apoderou-se deste gesto e utiliza-o para lembrar que, enquanto presidente, terá o controlo e pode despedir pessoas”.

Geoff Beattie:“Quando ele fala sobre Clinton, algumas vezes, este dedo apontado transforma-se numa garra. Transforma-se quase num símbolo, um gesto icónico para Clinton – ele fala na decisão dos juizes e o dedo transforma-se quase numa garra. É quase uma garra de bruxa”.

Trump tem diversas formas de abrir as mãos. Esta é tipicamente vista como um gesto de abertura.

Alan Stevens:“Abrir as mãos é normalmente um gesto de inclusão, especialmente com os braços bem abertos”.

Geoff Beattie:“As mãos abertas significam “vejam, eu sou um tipo honesto”, mas há muitos exemplos em que faz este gesto quando fala das coisas que não estão bem. Está a dizer “vocês, o público e eu,estamos no mesmo barco”. E não o diz verbalmente, di-lo gestualmente. Alguns críticos afirmam que Trump fala demasiado sobre ele e muitas pessoas apontam-lhe um elevado narcisismo… Mas o que é interessante é que quando faz isto, não entra em contradição, compensa isso com um gesto inclusivo, que traduz um “nós” em ligação com a sua audiência. Mostra que as suas emoções estão em sintonia com as emoções do seu público. Por isso, mesmo que esteja a falar dele, está a construir esta relação de conexão com a audiência.”

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Alan Stevens:“Trump utiliza a postura de recuo com as duas mão à frente como se empurrasse uma parede imaginária. Isto é para lembrar as suas duas principais propostas políticas – o muro na fronteira com o México e a proibição de entrada de muçulmanos no país.”

Geoff Beattie:“É fascinante como ele levanta as mãos… O que tenta fazer é mostrar uma reação imediata às ameaças que os Estados Unidos enfrentam. Também aqui, as pessoas pensam que ele assume um compromisso.”

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