A pesada herança nuclear do Cazaquistão

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A pesada herança nuclear do Cazaquistão mostra bem como é importante acabar com este tipo de armas em todo o mundo.

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Com António Oliveira e Silva

A pesada herança nuclear do Cazaquistão mostra bem como é importante acabar com este tipo de armamento em todo o mundo.

Os habitantes do país da Ásia cental sabem bem como é viver com armas nucleares e, sobretudo, viver perto de infraestruturas destinadas a este tipo de atividades.

Há cerca de quatro décadas, os soviéticos instalaram uma insfraestrutura destinada a testes nucleares perto da cidade de Semipalatinsk, na que era então a República Socialista Soviética Cazaque.

Entre 1949 e 1989, pelo menos 456 testes nucleares foram levados a cabo na região.

Estima-se que cerca de 1,5 milhões de pessoas sofreram as consequências das radiações. Muitos vivem com cancros e deformações físicas por causa das radiações libertadas durante os testes, segundo o Projeto ATOM, uma iniciativa internacional destinada a mostrar as consequências dos testes nucleares, tanto sobre os Humanos como sobre o meio ambiente.

Karipbek Kuyukov é uma dessas pessoas. Nasceu sem braços, uma deformação causada pelo facto da sua mãe ter estado exposta a radiações. Mas Kuyukov decidiu lutar e tornou-se num conhecido artista e ativista contra a existência de armas e testes nucleares.

Talvez seja surpreendente descobrir que, depois da independência, em 1991, o Cazaquistão tenha sido um dos primeiros países do mundo a renunciar às armas nucleares.

Um aspeto fundamental da História recente do Cazaquistão, que ainda hoje é motivo de debate no país.

O presidente Nursultan Nazarbayev disse, num discurso no passado mês de março, que o Tratado de Não-proliferação Nuclear não estava a cumprir com os seus objetivos. Acrescentou que era “apenas uma questão de tempo” até que armas nucleares caíssem nas mãos de terroristas.

O Cazaquistão acolhe justamente uma conferência internacional de maior importância sobre o assunto. Entre os convidados, contam-se representantes das Nações Unidas.

O encontro durará dois dias e coincide com o 25to aniversário do encerramento do centro de testes nucelares de Semipalatinsk. Dia 29 de agosto, celebra-se, em todo o mundo, o Dia Internacional Contra os Testes Nucleares.

O que é preciso saber sobre testes nucleares

  • Há, de acordo com a Campanha Internacional pela Abolição de Armas Nucleares ou ICAN (pela sigla em inglês), nove países em todo o mundo com armas nucleares: Israel, Estados Unidos, Reino Unido, França, China, Índia, Paquistão e Coreia do Norte.

  • No entanto, segundo a ICAN, outros cinco países acolhem armas nucleares nos seus territórios: A Bélgica, os Países Baixos, a Itália, a Alemanha e a Turquia.

  • Calcula-se que o número de armas nucleares foi reduzido de 70,300, em 1986, para 15,350, em 2016. De acordo com o Instituto Internacional para a Pesquisa sobre a Paz de Estocolmo, (SIPRI, pela sigla em inglês), os nove “Estados nucleares” têm procurado reduzir o peso do seu armamento, ainda que haja iniciativas para a modernização do arsenal nuclear.

  • Foram usadas armas nucleares duas vezes em tempo de guerra, nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, em 1945, resultando na morte de mais de 210 mil pessoas.

  • Foram registados, até hoje, pelo menos 2,503 testes nucleares. O mais importante foi o Tsar Bomba, em 1961.

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