Eleições norte-americanas: A matemática dá vitória a Hillary Clinton

Eleições norte-americanas: A matemática dá vitória a Hillary Clinton
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Daqui a pouco mais de dois meses, os norte-americanos vão eleger o próximo presidente.

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Daqui a pouco mais de dois meses, os norte-americanos vão eleger o próximo presidente. As sondagens mais recentes mostram que a maioria dos eleitores já decidiu em que vai votar, com o número de indecisos a cair agora para os 10%. Neste momento, uma maioria sólida e consistente de americanos está decidida a votar por Hillary Clinton.

E, se a história se repetir neste caso, a ex-primeira dama e Secretária de Estado será a próxima comandante dos Estados Unidos, porque nas eleições presidenciais mais recentes o candidato que, em finais de agosto princípios de setembro, liderou as campanhas, chegou à Casa Branca em Novembro.

Por outras palavras, tudo indica que para o candidato republicano, Donald Trump, vai ser muito difícil alcançar uma maioria sólida daqui até ao dia da eleição, a 8 de novembro. O magnata do imobiliário de Manhattan está agora numa corrida contra o tempo e precisa de muito oxigénio para fazer mudar o curso das sondagens.

O caminho de Trump para a vitória é cada vez mais estreito enquanto a sua adversária conta com um mapa eleitoral bastante favorável. Vejamos porquê:

Quem elege o presidente dos Estados Unidos?

“O presidente dos Estados Unidos não é eleito diretamente pelos cidadãos. Estes elegem representantes, desigados como grandes eleitores ou delegados que, juntos, formam um “colégio eleitoral”“:https://pt.wikipedia.org/wiki/Elei%C3%A7%C3%B5es_presidenciais_nos_Estados_Unidos.

Os grandes eleitores (delegados) estão distribuídos pelos 50 estados do país e pelo Distrito de Colúmbia, com a capital Washington, de forma proporcional ao número de habitantes. O número de grandes eleitores de cada estado é igual ao número de membros do congresso a que cada estado tem direito, enquanto a constituição garante ao Distrito de Columbia o mesmo número de grandes eleitores – três -, que os do estado menos populoso (Wyoming).

No total são 538 delegados que correspondem aos 435 membros da Câmara dos Representantes e 100 senadores, mais os três atribuídos ao Distrito de Colúmbia.

À exceção do Maine e do Nebraska, todos os estados elegem os grandes eleitores na base de “o mais votado recolhe tudo”. Ou seja, o candidato que ganha acumula todos os delegados do estado, independentemente de ganhar com 90 ou 50,1% do voto popular, (ou até menos no caso de haver vários candidatos).

No final, o candidato que obtém a maioria absoluta dos votos dos grandes eleitores é eleito presidente. Para isso precisa, no mínimo, de 270 votos.

O facto de a eleição não ser decidida pelo voto popular, mas pela soma dos votos indiretos de cada estado produz um esquema matemático complexo que dita a importância estratégica e o investimento na campanha em cada estado.
É por isso que assistimos a comícios e ações de campanha repetidamente em alguns estados e nada noutros.

Porque é que o mapa eleitoral é favorável a Clinton?

Dos 50 estados do território norte-americano, 40 assim como o Distrito de Columbia, têm votado sempre da mesma forma em todas as eleições presidenciais. Os politólogos e os institutos de sondagens classificam-nos como “garantidos Democratas/Republicanos” ou “prováveis Democratas/Republicanos”, dependendo da margem da vitória.

Isto deixa no mapa eleitoral dez estados decisivos, os “swing states”, que nas últimas duas décadas têm oscilado entre democratas e republicanos.

Dois destes estados, no entanto, são falsos “swing states”: o Novo México, tradicionalmente democrata, votou por George W. Bush em 2004 e o Indiana, que é de tradição republicana, contribuiu para a eleição de Barack Obama em 2008. É suposto que ambos regressem à sua base eleitoral nesta eleição de 2016.

Partindo do princípio que 42 estados vão votar da forma que sempre fizeram, Hillary Clinton conta com 19 estados “garantidos” ou “prováveis”, mais o Distrito de Colúmbia, o que soma 247 votos de grandes eleitores, enquanto Donald Trump tem por seu lado 23 estados, com um total de 191 votos de grandes eleitores.

As contas dão a Clinton uma vantagem considerável já que, para chegar aos 270 votos, só precisa de mais 23 delegados para além dos 247 dos estados “garantidos” ou “prováveis”. Trump, em contrapartida, vai ter que conquistar mais 79 delegados para juntar aos 191 dos estados que tem “garantidos”.

Ora, uma vez mais, é nos “swing states” que se trava a última batalha e se concentram todas as atenções dos candidatos. Os oito estados concentram 100 votos de delegados, distribuídos da seguinte forma: Colorado (9 delegados), Florida (29), Iowa (6), Nevada (6), New Hampshire (4), Carolina do Norte (15), Ohio (18) e Virgínia (13).

À exceção da Carolina do Norte, todos estes estados votaram por Barack Obama em 2012.

Quem pode ganhar os swing states?

Se tomarmos como base o resultado da eleição presidencial de 2012, podemos dizer que Hillary Clinton parte numa posição muito mais forte do que Donald Trump.

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Nos 26 estados e Distrito de Colúmbia onde o presidente Obama ganhou a eleição em 2012, Clinton pode permitir-se perder alguns delegados que, ainda assim, poderá alcançar os votos dos 270 que necessita. Traduzindo em números dir-se-ia que dos 332 votos que Obama alcançou, Clinton poderia perder 62 que, mesmo assim, chegaria à presidência.

Por exemplo: Para os 23 votos que precisa, Clinton poderia ganhar os 6 do Nevada mais os 4 do New Hampshire e os 13 da Virgínia e poderia permitir-se perder a Florida e o Ohio.

Trump, por seu lado, sem ganhar novos estados, não pode permitir-se perder nenhum dos votos que Mitt Romney alcançou em 2012 (206 em 24 estados). Na verdade ele precisa de ganhar todos os estados que Romney obteve mais a Florida, a Virgínia, o Ohio e o New Hampshire, para chegar aos necessários 270 votos.

A sondagens mais recentes nos estados decisivos mostram bem as dificuldades de Trump nesta corrida. Num estado em que teria obrigatoriamente que vencer, a Virgínia, desceu tanto nas intenções de voto, que o campo de Hillary Clinton deixou mesmo de fazer campanha no território. O Colorado também parece fora do seu alcance.

A vantagem de Clinton na Florida e no Ohio é pequena, mas Trump têm aí uma batalha difícil, sobretudo na Florida, onde terá que convencer os latino-americanos, que lhe são maioritariamente hostis, a votarem nele.

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A sua campanha está particularmente concentrada nos estados industriais do Midwest como a Pensilvânia e o Michigan (onde Clinton sofreu uma preocupante derrota face a Bernie Sanders, nas primárias). Trump acredita que pode ter ali uma oportunidade, apesar de ambos os estados terem votado nos candidatos democratas desde 1992.

Assim, do ponto de vista de uma análise estritamente matemática, esta corrida presidencial é favorável a Hillary Clinton. Se os números se confirmarem, ela será a próxima presidente dos Estados Unidos.

Uma das razões que fazem o mapa eleitoral pender mais para o lado de Clinton (ou de qualquer candidato democrata) é a evolução demográfica do país e, sobretudo, o “emagrecimento” do eleitorado branco, a base eleitoral do campo republicano.

Os brancos constituíam cerca de 90% do eleitorado em 1972, quando Richard Nixon foi reeleito e 72% em 2012. Isto significa que o total do eleitorado branco caiu dois pontos percentuais nas eleições mais recentes – uma tendência que continua a acentuar-se.

A percentagem de voto dos brancos de Romney em 2012 foi de 59%, maior do que a Ronald Reagan em 1980 ( 56%), mas não suficiente para o levar à Casa Branca, sobretudo com a diferença abismal de votos que obteve entre as minorias relativamente a Obama (15 contra 85%).

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Em síntese: “Trump, que conta com um apoio das minorias ainda mais baixo que Romney, tem um longo caminho pela frente e, provavelmente, não chegará a lado nenhum”.

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