Ucrânia: Reconstruir debaixo de fogo

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De  Monica Pinna
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O que está a acontecer, hoje em dia, no leste da Ucrânia?

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O que está a acontecer, hoje em dia, no leste da Ucrânia? Em que ponto está o conflito dois anos após a anexação russa da Crimeia? O Aid Zone foi até à linha da frente.

O conflito no leste da Ucrânia já afetou mais de 3,5 milhões de pessoas. Contam-se cerca de 9500 mortos. Perto de dois milhões de habitantes tiveram de abandonar as suas casas.

A localidade de Stanytsia Luganska situa-se junto à linha da frente na parte oriental da Ucrânia, na fronteira entre as autoproclamadas repúblicas de Lugansk e Donetsk.

Após horas de espera, os residentes costumam precipitar-se para atravessar rapidamente a única passagem pedestre vigiada ao longo de 450 quilómetros. Apesar do cessar-fogo, há trocas de tiros praticamente todas as noites. É à luz da manhã que os habitantes verificam até que ponto as suas casas foram danificadas.

“Quando voltei, estava tudo coberto de estilhaços”

Valentyna Tereshchenko mostra-nos os impactos das balas na fachada da sua casa e diz-nos que cobre completamente todas as janelas com cobertores, “porque senão vê-se a luz do lado de fora e eles podem disparar.”

A casa ao lado também sofreu estragos. Uma ONG apoiada pela União Europeia, a Norwegian Refugee Council, tem ajudado às reparações. Mas é um trabalho sem fim. “Passei a noite no abrigo. Quando voltei, estava tudo coberto de estilhaços. Havia um buraco enorme no telhado”, conta-nos a vizinha de Valentyna, Taisia Kornieva.

Aid Zone - UkraineTaisia recebeu recentemente o equivalente a 400 euros em material de construção para poder reparar o telhado, no âmbito da intervenção local da Norwegian Refugee Council. Tatiana Stepykina, coordenadora desta ONG, afirma que já ajudaram “a reparar as casas de 78 famílias nesta localidade. Ao todo, este ano, já fornecemos assistência a cerca de 9200 pessoas.”

Segundo Tatiana Stepykina, “antes do conflito, esta localidade tinha cerca de 14 mil habitantes. Agora tem perto de metade. Os jovens, as famílias com crianças pequenas partem. Os idosos ficam.”

Every night an average of 3-5 Ukrainian soldiers die along the buffer zone in Eastern #Ukraine Yesterday they were 7 pic.twitter.com/1qekEFmLAt

— Monica Pinna (@_MonicaPinna) 20 juillet 2016

Ajudar os deslocados mais jovens

O elevado número de deslocados gera necessidades específicas ao nível do apoio psicológico fornecido pelas organizações no terreno. Fomos conhecer um grupo de educadores perto de Toretsk, na região de Donetsk, que participou num projeto integrado na iniciativa europeia Crianças da Paz, implementado aqui pela Unicef. A formação consistiu no recurso à comunicação emocional para ajudar alunos afetados pelo êxodo.

“Damos a estes professores a oportunidade de passarem à prática, de forma a poderem mais tarde implementar estas técnicas nas suas escolas. O objetivo é fazer com que as crianças possam desabafar num contexto que sintam ser seguro e talvez mesmo ultrapassar certos episódios das suas vidas”, explica-nos Olena Spirke, coordenadora do projeto Life Skills Education.

Yulia Philimonova foi uma das alunas que participou no projeto no ano passado. Tem 16 anos de idade. O pai ficou em Donetsk. Ela, a mãe e a irmã vieram viver com a avó. “As nossas aulas são melhores do que as aulas normais. Podemos falar à vontade. Ouvimos o que os outros têm a dizer, o que quer que seja. Eu sabia que tudo isto ia durar muito tempo. E vê-se agora que é verdade”, afirma.

Samuel Marie-Fanon, do gabinete de ajuda humanitária da UE, salienta que “as zonas mais vulneráveis são a prioridade. As zonas situadas junto à linha da frente, as zonas que não são controladas pelo governo ucraniano, onde deixaram de existir as condições mais básicas. 40% da ajuda humanitária da União Europeia destina-se então a estas áreas não controladas pelo governo ucraniano. É crucial que todas as organizações humanitárias tenham acesso integral a estas zonas. Há que respeitar o direito humanitário internacional.”

Material received! After #AidZone film, works started in Mikhailo's house #Ukraine#contactlineeu_echo</a> <a href="https://twitter.com/euronews">euronewspic.twitter.com/dRCivB4g92

— Monica Pinna (@_MonicaPinna) 16 settembre 2016

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