Presidenciais nos EUA: A vantagem de Clinton nos "swing states".

Presidenciais nos EUA: A vantagem de Clinton nos "swing states".
Direitos de autor 
De  Antonio Oliveira E Silva
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button

A redação em língua portuguesa da Euronews explica-lhe, com a ajuda do nosso correspondente em Washington DC, porque são importantes os chamados "swing states" e porque Hillary Clinton poderá vencer d

PUBLICIDADE

Com Stefan Gobre, correspondente da Euronews em Washington DC

É certo que, nas eleições presidenciais norte-americanas, votam eleitores de 50 estados e de um distrito federal. No entanto, basta seguir o sentido de voto de alguns desses estados – não necessariamente os mais populosos ou os mais ricos – para entender quem será, provavelmente, o candidato vencedor.
Os 418 votos considerados safe seats no colégio eleitoral
Noutros estados da União, existem os chamados safe seats, ou seja, é possível prever, com alguma certeza, o sentido do voto do colégio eleitoral do estado em causa. Bons exemplos são, para o lado Democrata, a Califórnia, o Massachusetts e o Vermont e, para o lado Republicano, o Texas, a Geórgia e o Alabama.

Os estados com um sentido de voto mais ou menos claro são a maioria na União. Juntos, somam 418 votos no colégio eleitoral.
*Os 120 votos dos swing states no colégio eleitoral *
Os chamados swing states, os estados onde mais volatilidade eleitoral tem sido registada nas últimas décadas, podem eleger, com relativa facilidade, um candidato de um dos dois grandes partidos. Somados, os delegados destes estados representam 120 votos no colégio eleitoral.

É em estados como estes, como o Colorado, o Iowa, a Carolina do Norte ou a Florida, que os partidos Democrata e Republicano concentram, normalmente, os esforços (e os fundos) das longas campanhas que caracterizam o processo de eleição presidencial dos Estados Unidos.

Diversos fatores contribuem para este comportamento eleitoral. Uma transformação demográfica do estado, fruto de mudanças a nível industrial e do mercado de trabalho. Migrações, tanto de residentes que deixam a região, como de nacionais e estrangeiros que se instalam. Elementos que podem, no seu conjunto, contribuir para um rejuvenescimento populacional, mas também para uma diversificação étnica, cultural e geracional das populações, transformações que se refletem no sentido de voto.
Os swing states parecem preferir Clinton
A redação em língua portuguesa da Euronews explica-lhe, com a ajuda do nosso correspondente na capital federal dos EUA, porque é possível prever uma vantagem para a candidata Democrata, Hillary Clinton, nas presidenciais de 8 de novembro, nos chamados swinger states. Analisemos então, estado a estado, como poderá votar o eleitorado mais volátil.
FLORIDA-29 votos no colégio eleitoral
Vencer na Florida é fundamental para Clinton. Se a candidata Democrata ganhar todos os estados onde o seu partido tem, habitualmente, os votos colegiais assegurados, os 29 votos da Florida são suficientes para assegurar a vitória de Hillary.

Trump, por seu lado, pode mesmo vencer em todos os estados considerados eleitoralmente voláteis, sem que isso lhe garanta a eleição presidencial.

A Florida é considerada um estado conservador, mas elegeu Barack Obama em 2008 e 2012. O voto cubano, tradicionalmente à direita, tem vindo a sofrer toda uma transformação demográfica. Os filhos da comunidade anti-castrista do sul da Florida mostram-se mais moderados do que os seus pais. Poderão, desta forma, preferir a candidata democrata a um Trump pouco ou nada popular entre as comunidades latina e hispana.

Os novos residentes do sul da Florida, muitos deles latinos, vindos da ilha de Porto Rico, parecem preferir também o campo Democrata. Juntos, pesam mais do que o as comunidades da maioria branca do norte e nordeste do estado, tradicionalmente mais conservadoras.
PENNSYLVANIA-20 votos no colégio eleitoral
A Pennsylvania tem vindo a perder votos eleitorais desde 1960, uma vez que a população residente diminuiu, fruto da crise no setor industrial e consequente migração para outras regiões dos EUA.

Desde os anos 90, o estado prefere o campo Democrata, embora as suas características sociais e económicas façam da Pennsylvania um território imprevisível. O verdadeiro swing state em potência.

Clinton lidera as sondagens desde junho, mas Trump pode ainda conseguir os votos do colégio eleitoral, caso mobilize o eleitorado masculino, branco e descontente com as políticas dos Democratas.
OHIO-18 votos no colégio eleitoral
A particularidade do Ohio reside no facto de que, desde 1944, acertou sempre no cadidato vencedor, exceção feita para 1960, quando os votos colegiais do estado foram para o candidato Republicano, Richard Nixon. Nesse ano, os Estados Unidos elegeram John F. Kennedy, o candidato Democrata. Desta forma, é costume dizer-se, nos EUA “Win Ohio, win the presidency“, ou seja, “Quem vence no Ohio, ganha a presidência”.

Este ano, no entanto, as coisas poderão ser diferentes, já que Donald Trump lidera as sondagens, ainda que tal não seja suficiente, feitas as contas, para considerá-lo vencedor a nível nacional. É que a maioria dos votos do colégio eleitoral da União não lhe são, de forma alguma, favoráveis.

Atingido pelos males da globalização e com uma população maioritariamente branca, sem formação superior e fundamentalmente descontente com a sua situação financeira e económica, o Ohio tem o eleitorado que mais aposta em Trump.

Ainda assim, as eleições primárias mostraram que se trata de um estado altamente volátil. E as guerras pessoais de Trump com alguns dos altos representantes do Partido Republicano no Ohio não ajudam. Além disso, Clinton é a preferida nos centros urbanos, como Cleveland, Cincinnati e a capital, Columbus.
CAROLINA DO NORTE- 15 votos no colégio eleitoral
Como muitos estados do que é tradicionalmente considerado como deep South ou o sul profundo, a Carolina do Norte favorece, normalmente, os candidatos do Partido Republicano. Uma reação, dizem os analistas, às leis de integração racial do final dos anos 60, favorecidas pelos Democratas e rejeitadas, naquele então, pela população branca, essencialmente rural, de muitos estados da região.

A Carolina do Norte elegeu, no entanto, dois candidatos Democratas. Jimmy Carter, em 1976, homem do sul, do estado da Geórgia, e, surpeendentemente, Barack Obama, em 2008, ainda que pela curtíssima diferença de 14 mil votos em relação John MacCain, o candidato Republicano. Quatro anos depois, o estado prefere o candidato Republicano, Mitt Romney, embora por apenas 2%.

Este ano, as sondagens mostram os dois principais candidatos muito próximos nas intenções de voto, embora Clinton tenha tomado a dianteira nas intenções de voto este mês de outubro.

A Carolina do Norte tem vindo a sofrer uma profunda transformação social e demográfica na última década. É agora um dos estados mais importantes para a indústria transformadora em todo o país, o que contribui para um tecido social mais diversificado e com maior nível de formação técnica e académida. O incremento da população de origem hispana e latina faz da Carolina do Norte um dos estados mais importantes para o processo eleitoral em curso.
VIRGÍNA- 13 votos no colégio eleitoral
A Virgínia votou nos Republicanos entre 1952 e 2004, exceção feita para a eleição de Lydon Johnson, candidato Democrata que venceu Barry Goldwater, em 1964. No entanto, Obama foi o escolhido pelos eleitores em 2008 e 2012, uma tendência que se relacionaria com a rápida mudança no tecido social do estado, especialmente nas crescentes zonas urbanas.

Hillary Clinton lidera as sondagens com vantagem sobre Donald Trump e o estado estaria, à partida, garantido para o campo Democrata. A escolha de um Senador local, Tim Kaine, como candidato a vice-presidente poderá ter ajudado Clinton.

A Virgínia é agora mais urbana, mais secular e socialmente mais diversificada. Os suburbios da capital federal dos EUA, Washington DC, expandiram-se de tal forma que formam uma continuidade urbana que ultrapassa as linhas do estado. Os residentes da Virgínia ocupam agora postos de trabalho nos setores terciários, como a tecnologia, em multicionais e no Governo Federal. A imagem da “old Virgina“ rural parece ser coisa do passado.

PUBLICIDADE

COLORADO- 9 votos no colégio eleitoral
O Colorado encontra-se quase cercado por feudos do Partido Republicano e o voto do estado é, normalmente, conservador. Ainda assim, tal como em muitos estados do sul, (o Colorado não fica, culturalmente falando, situado no sul do país) a urbanização e o facto de que muitos eleitores se considerem independentes, rejeitando afiliações nos dois grandes partidos, fazem deste um estado cada vez mais imprevisível. Obama venceu no Colorado em 2008 e em 2012.

As sondagens feitas depois dos dois primeiros debates mostram que Clinton lidera com vantagem. A composição do eleitorado não favorece Trump: uma maioria branca, com educação superior, uma população de origem hispana e latina que aumenta de forma contínua e um clima político que favorece o que os norte-americanos definem como liberals ou progessistas. O consumo de marijuana foi legalizado no Colorado.
IOWA- 6 votos no colégio eleitoral
O estado das pradarias tem votado Democrata nas últimas duas décadas, ou seja, em cinco das últimas seis eleições. Barack Obama venceu Mitt Romney em 2012. Até agora, o Iowa parece ser, no entanto, o único dos estados que Donald Trump poderá roubar aos Democratas.

Trump lidera nas sondagens e os dois primeiros debates mais não fizeram do que consolidar a sua vantagem sobre Clinton.

Ainda assim, os Democratas dizem acreditar numa vitória, mesmo que o Iowa tenha, na sua composição demográfica, todos os ingredientes que os politólogos consideram fundamentais para uma vitória de Trump: uma população maioritariamente branca, sem ensino superior, de meio rural e muito crítica dos Democratas, do presidente Obama e da candidata Clinton em particular.
NEVADA- 6 votos no colégio eleitoral
O Nevada é um dos estados da União que mais população ganhou nos últimos anos, com uma subida de 35% no número de residentes, só na última década. O colégio eleitoral ganhou assim mais um voto. Tradicionalmente Republicano, o Nevada elegeu Barack Obama em 2012.

Mais de 40% da população residente pertence às chamadas minorias, como latinos ou hispanos, existindo ainda uma comunidade importante de cidadãos de origem asiática ( oriundos de países como o Japão, a Coreia do Sul, as Filipinas, a China ou o Vietname). Grupos tidos como eleitoralmente conservadores nos EUA. No entanto, a retórica anti-imigração de Trump poderia custar-lhe muitos votos no Nevada. Além disso, as sondagens realizadas no estado depois dos dois primeiros debates demostram que Hillary Clinton lidera nas intenções de voto.
NEW HAMPSHIRE-4 votos no colégio eleitoral
A tendência independente do eleitorado deste estado da Nova Inglaterra torna-o mais imprevisível do que os seus vizinhos da região, tradicionalmente progressistas, seculares e de tendência Democrata. O New Hampshire era, tradicionalmente, um estado Republicano, mas votou Democrata em cinco das últimas seis eleições presidenciais.

PUBLICIDADE

No entanto, este ano, Donald Trump joga com algumas vantagens. Conseguiu uma vitória impressionante nas primária de fevereiro, enquanto o lado Democrata sofreu uma derrota. Os eleitores preferiam Bernie Sanders, originário do vizinho Vermont. Além disso, apenas 4% dos residentes pertencem às chamadas minorias, importante base eleitoral do Partido Democrata.

Mais de metade do eleitorado é composto por brancos sem formação superior, que deverá preferir o candidato Republicano. O resultado dependerá do sentido de voto do eleitorado independente, que corresponde a 40% do total.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Eleições norte-americanas: A matemática dá vitória a Hillary Clinton

Mike Pence: "A maioria dos norte-americanos acredita no nosso papel de líderes do mundo livre"

Homem imolou-se no exterior do tribunal onde Donald Trump está a ser julgado