Regiões europeias apostam na "especialização inteligente"

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O Real Economy foi até Bolonha falar nas mais-valias competitivas que cada região europeia tem a oferecer. Descubra a "especialização inteligente".

O Real Economy foi até Bolonha, a maior cidade da região italiana de Emilia-Romagna, para falar de estratégias de desenvolvimento económico que assentam nas mais-valias competitivas que cada região europeia tem a oferecer. Descubra os princípios daespecialização inteligente.

É um dos objetivos da agenda de crescimento da União Europeia: promover a inovação industrial ao nível nacional e regional. Para aceder aos fundos que existem, como o FEDER, é necessário delinear um plano de “especialização inteligente”. Há 40 mil milhões de euros previstos para a investigação e desenvolvimento. Mas em que consiste exatamente a especialização inteligente? Aqui fica uma breve história elucidativa num planeta não muito distante.

Um novo mundo assente na especialização

No planeta imaginário de Zotopia, há mais ovelhas do que habitantes. A produção de lã é crucial para a economia. No entanto, o setor é pouco competitivo. Não tardou muito até os habitantes sentirem a necessidade de modernizar a atividade. Toda a gente se sentou à mesma mesa para decidir o caminho a tomar: os políticos, os pastores, os comerciantes, os empresários, os cientistas.

Juntos fizeram um brainstorming para criar métodos de produção inovadores que combinam tecnologia e estratégia de mercado, no sentido de promover novas oportunidades. Isto chama-se “descoberta empresarial”.

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Não há espaço para as grandes indústrias dominarem o processo: as ideias de todos os participantes devem ter o mesmo peso. Com os fundos necessários e o apoio vindo da galáxia, a especialização inteligente arrancou. Em menos de nada, surgiram privados interessados em investir. Zotopia entrou num ciclo de crescimento.”

Esperar por propostas para definir áreas prioritárias

Mas será que esta estratégia pode realmente tornar-se num motor de crescimento em todas as regiões europeias?

A Vivadental é uma clínica dentária em Gdansk, na Polónia, que desenvolve tecido ósseo a partir das células estaminais dos pacientes. A tecnologia foi criada em conjunto com uma universidade local e uma empresa farmacêutica. É um exemplo apresentado como dos mais bem-sucedidos em termos de especialização inteligente nesta região.

“O concurso para a especialização inteligente começou em 2014. Para nós era óbvio que tínhamos de participar: conhecemos bem o potencial da nossa clínica, da Universidade de Tecnologia e sabemos aquilo que os pacientes necessitam”, declara Milena Supernak-Marczewska, representante desta clínica.

A mobilização do setor privado colocou a Pomerânia na linha da frente. Ao contrário doutras regiões polacas, aqui as áreas de especialização são definidas só depois de terem sido apresentadas propostas concretas de empresas ou institutos de pesquisa.

“Somos a única região do país que organizou um concurso para propostas de especialização inteligente. Não são só as ideias que importam, mas sim projetos concretos que possam ser comercializados a nível global. Pensamos em termos internacionais”, salienta Karolina Lipińska, coordenadora local desta estratégia.

A abordagem permitiu definir quatro setores prioritários: médico, logístico, tecnologias de informação e eficiência energética. As cerca de três centenas de empresas envolvidas providenciaram metade do financiamento, complementando os 250 milhões de euros atribuídos pelo fundo regional europeu.

Segundo Karolina Lipińska, “os fundos públicos não são a única fonte de financiamento: as empresas também têm de aplicar o seu próprio capital. Isso torna os projetos mais eficientes e financeiramente sustentáveis”.

O setor privado na Polónia representa menos de 40% nos gastos em Investigação e Desenvolvimento. Mas, na Pomerânia, os números aproximam-se dos 55% que compõem a média europeia: 49,6%. Até 2020, esta região conta apresentar outras posições destacadas, nomeadamente na criação de emprego, no acesso ao ensino superior e a cuidados médicos.

A visão de Patrizio Bianchi, especialista em Economia e responsável do governo regional de Emilia-Romagna

Maithreyi Seetharaman, euronews: A região de Emilia-Romagna está a impulsionar a especialização inteligente em setores como o automóvel, a construção, a cultura e a criatividade. Já há resultados à vista?

Patrizio Bianchi: Os resultados têm sido excelentes. A especialização inteligente consiste em incentivar as pessoas a trabalharem em conjunto. Já foram criados mais 50 mil postos de trabalho. Do lado da investigação, temos mais cerca de mil cientistas. É este o caminho que queremos seguir no futuro: colocar as universidades, as empresas e os organismos de formação profissional a trabalharem juntos.

euronews: Que previsões faz em termos de crescimento e criação de emprego?

PB: Nós temos de explorar todas as possibilidades que a tecnologia oferece e que nos permitem ter uma vida melhor. É esse o potencial que temos pela frente. Isso implica a criação de muitas novas empresas, de novos serviços, de novas frentes de investigação e de novas formas de entendimento para podermos trabalhar em conjunto.

euronews: E no que toca às regiões com indústrias mais tradicionais, de base mais rural… Como é que elas podem identificar os seus pontos mais fortes e atrair investidores?

PB: Este é um período extraordinário, a agricultura está a atravessar uma grande revolução. Não estou a falar de campos imensos de cultivo; estou a falar de produções cada vez mais específicas, adaptadas a um determinado clima, por exemplo. Também temos de explorar a possibilidade de criar novos produtos. Há muita inovação nesta área. Hoje em dia, a inovação concentra-se na indústria. Chegou o momento de dar essa possibilidade de explorar a tecnologia às pessoas que vivem nas zonas rurais.

euronews: E como é que se evita que as grandes indústrias ditem a agenda política?

PB: Esse é um conceito político ultrapassado: a política industrial baseada na atribuição de subsídios a quem não merece ou precisa. A nova abordagem que defendemos assenta no estabelecimento de condições para que toda a gente possa criar a sua própria atividade e colaborar com os outros. Não há especialização inteligente se não houver cooperação inteligente, nem complementaridade inteligente. Tudo isto significa trabalhar em conjunto para promover o crescimento. Esta é que é a chave da nova política industrial: a criação de ligações entre todos. Uma sociedade que é capaz de se dinamizar, de promover a inovação, representa o conceito da Europa. É assim que vamos mudar a Europa.

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