Depois da festa, o ceticismo: russos descrentes na aproximação de Donald Trump

Depois da festa, o ceticismo: russos descrentes na aproximação de Donald Trump
De  Francisco Marques
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A vitória do magnata Republicano nas presidenciais dos Estados Unidos foi celebrada e deu até para cantar o "We Are the Champions", mas será que há mesmo motivo para festejar em Moscovo?

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A nove de janeiro, a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas teve um curioso eco no lado oposto do globo. O surpreendente triunfo do candidato tido como mais próximo de Vladimir Putin foi celebrado na Rússia como se de uma vitória russa se tratasse sobre o rival histórico, os Estados Unidos.

Houve mesmo quem cantasse em Moscovo o célebre tema dos britânicos Queen “We Are the Champions.”

Dois meses depois e a escassos dias da tomada de posse de Trump como novo residente oficial da Casa Branca, será que os moscovitas ainda acreditam na aproximação de Washinton a Moscovo?

O fim do distanciamento alargado durante a Adminsitração Obama parece certo quando recordamos a campanha presidencial de Trump e mesmo o que foi dito ao longo do período de transição entre a noite eleitoral e o dia da tomada de posse.

Ainda mais quando Trump escolheu para secretário de Estado um ex-patrão de uma empresa petrolífera conhecido pela proximidade à Rússia e a algumas das mais importantes personalidades de Moscovo, incluindo Vladimir Putin.

Na audiência de confirmação perante o Senado, Rex Tillerson, contudo, surpreendeu ao distanciar-se da Rússia e ao considerar, inclusive, a anexação da Crimeia como ilegal, defendendo até que devia ter havido uma mão mais pesada da NATO contra a interferência de Moscovo no conflito ucraniano.

Na rua, alguns moscovitas não se mostram muito confiantes na mudança de rumo dos Estados Unidos com a mudança de Obama para Trump. Sergei Pugachev, por exemplo, sublinha que “os americanos sempre tiveram a sua própria polícia”, diz acreditar “numa pequena aproximação ao mais alto nível, mas”, confia, os americanos “vão continuar a seguir o seu próprio caminho.”

Outro residente na capital da russa, Ramil Razatdinov, acrescenta que, “nos Estados Unidos, o Presidente não decide por todos”. “Há muitos níveis de equilíbrio e controlo antes das decisões. Claro que Trump vai ter influência, mas no geral a atitude dele em relação à Rússia irá manter a mesma tendência anterior”, defendeu.

A nível diplomático, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia considerou “acusações caluniosas” a alegada intereferência de Moscovo nas presidências norte-americanas.

Sergei Lavrov acusa, aliás, “diversos líderes de países aliados dos Estados Unidos de, ao contrário da Rússia, terem feito campanha de forma aberta por Hillary Clinton”. “Angela Merkel esteve ativa nesse apoio. Assim como François Hollande, Theresa May e outros líderes europeus. Mais: além da campanha por Hillary Clinton, alguns representantes oficiais dos países europeus chegaram mesmo a demonizar Donald Trump”, apontou Sergei Lavrov.

Com Donald Trump a tomar posse sexta-feira, o futuro da relação entre Washington e Moscovo é um dos grandes mistérios em aberto. Terá o secretário de Estado designado por Trump criticado Moscovo apenas para conseguir a confirmação do Senado ou estará mesmo em perspetiva uma mudança de opinião de Donald Trump em relação à Rússia?

Depois de 20 de janeiro saberemos, sendo que a confirmação de Rex Tillerson como sucessor de John Kerry se mantém ainda a aguardar a votação da Comissão dos Negócios Estrangeiros do Senado norte-americano.

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