Economia Social e Solidária em afirmação na União Europeia

Economia Social e Solidária em afirmação na União Europeia
De  Francisco Marques
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Nesta edição de Business Planet, visitamos um dos bons exemplos de ESS em França, a cooperativa centenária União dos Ferreiros e explicamos o que é este modelo económico em desenvolvimento.

A Economia Social e Solidária (ESS) é o conceito na base do SUSY (SUstainable and Solidarity EconomY), um projeto financiado pela União Europeia que reúne mais de 20 associações de 23 países europeus, incluindo o Instituto português Marquês de Valle Flôr, e que já emprega no setor cerca de 11 milhões de pessoas. A ESS é também o tema desta edição de Business Planet, o magazine sobre Pequenas e Médias Empresas (PME) da euronews.

Que conceito económico é este da ESS?

“A Economia Social e Solidária é um movimento que pretende promover a mudança em todo o sistema social e económico, defendendo um paradigma de desenvolvimento diferente assente nos princípios da Economia Solidária. A Economia Social e Solidária é assumida como uma dinâmica de reciprocidade e solidariedade que concilia os interesses individuais com os coletivos”, lê-se na página oficial da União Europeia, citando a Rede Intercontinental para a Promoção da Economia Social e Solidária.
“De forma mais simples, a Economia Social e Solidária pretende promover e criar condições de vida dignas para todos e todas a uma escala glocal. Significa que a economia reconhece as necessidades de todas as pessoas ao invés de criar mais necessidades – e permite criar as condições necessárias para estabelecer políticas nacionais e internacionais que tornem a ESS uma realidade”, lê-se no site oficial do Instituto Marquês de Valle Flôr.
A Rede Portuguesa de Economia Solidária (RedPES) descreve este conceito como resultado dos “processos, formais ou informais, de produção, troca, consumo, distribuição, geração de rendimentos, poupança e investimento, que conjugam Economia com Solidariedade, Perspetiva Ecológica, Diversidade Cultural, Reflexão Crítica, Democracia Participativa e Desenvolvimento Local.”

Nesta edição, deslocámo-nos a Paris para falarmos um pouco com a Secretária de Estado da Economia Social e Solidária de Michel Sapin, o ministro francês da Economia e Finanças. Ao nosso enviado especial, Serge Rombi, Martine Pinville sublinhou que a Economia Social e Solidária já não é “de todo” um setor marginal na Europa.

“Só em França representa 10 por cento do PIB, com mais de dois milhões de empregos, o que representa 14 por cento do emprego privado do país”, revela a também secretária de Estado do Comércio, do Artesanato e do Consumo.

L'#ESS et l'accompagnement des entrepreneurs ont été des priorités de ce quinquennat et le succès du #SDE2017 est à l'image de nos réussites pic.twitter.com/ETvTxblgCN

— Martine Pinville (@MartinePinville) 2 de fevereiro de 2017

A alguns quilómetros da capital francesa, Serge Rombi foi conhecer um exemplo de um negócio social e solidário: a União de Ferreiros, uma cooperativa metalúrgica fundada em 1912 e ainda hoje a funcionar com cerca de uma centena de trabalhadores a produzir peças metálicas para diversos fins.

O volume de negócios ronda os 20 milhões de euros por ano e — realce-se — esta empresa solidária tem apresentado sempre resultados positivos.

“Entre os nossos clientes há grandes nomes da aeronáutica, da exploração espacial, do setor nuclear ou do setor do petróleo. Nós fornecemos peças para serem integradas em equipamentos de alta tecnologia e temos mais de um século de experiência”, destaca Jean Lery Lecornier, o diretor geral (CEO) da União dos Ferreiros.

Operários em atividade ou já na reforma; chefes de serviço ou diretores gerais; alguns assalariados da metalúrgica são também acionistas da empresa ou, por outras palavras, são proprietários em partes iguais. “Redistribuímos cerca de 60 por cento dos lucros pelos empregados e isto ajuda a criar dinâmica, motivação e polivalência entre os postos de trabalho. Também promove a competitividade da empresa”, garante Jean Lery Lecornier.

Acabam de ser investidos 25 milhões de euros em novas máquinas. Como em todas as decisões importantes, também esta foi aprovada por todos os acionistas. Entre eles, Claude Faure, o responsável de qualidade da metalúrgica.

“Quando uma empresa regista lucros, é apenas uma ou algumas pessoas que beneficiam. Numa cooperativa como a nossa, os lucros não se destinam apenas a uma pessoa. São reinvestidos na sociedade para que possamos progredir rumo ao futuro”, explica-nos Claude Faure.

[#LT] SyndexFR</a> : "Par nature, le dialogue social est déséquilibré dans les <a href="https://twitter.com/hashtag/entreprises?src=hash">#entreprises</a>, ça marche mieux dans les <a href="https://twitter.com/hashtag/coop%C3%A9ratives?src=hash">#coopératives</a>". <a href="https://twitter.com/hashtag/ESS?src=hash">#ESS</a> <a href="https://twitter.com/hashtag/NFE?src=hash">#NFE</a> <a href="https://t.co/0XBWIXaPLp">pic.twitter.com/0XBWIXaPLp</a></p>&mdash; MEDIATICO (MEDIATICO_FR) 2 de fevereiro de 2017

A Secretária de Estado francesa para a Economia Social e Solidária assume que este é um setor “muito competitivo”. “É uma economia robusta e resiliente, que soube resistir à crise e criou três vezes mais emprego que o setor privado nos últimos 10 anos, sublinha Martine Pinville, à euronews.

As cooperativas estão presentes em diversos setores. Da banca às energias renováveis, da saúde à agricultura e até na educação. Existem atualmente 180 mil cooperativas entre os cerca de dois milhões de empresas relacionadas com a economia social e empregam mais de 4,5 milhões dos cerca de 11 milhões de pessoas a trabalhar neste setor na Europa.

Martine Pinville fala de uma dinâmica a nível europeu, com a França a trabalhar ao lado de outros Estados-membros e da própria Comissão Europeia num conceito que tem por objetivo servir os seus membros e não o retorno do investimento como nas tradicionais empresas capitalistas.

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