"Fantasio", a ópera desaparecida de Offenbach

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As desilusões de um sonhador, num autorretrato de Jacques Offenbach: "Fantasio".

É o regresso a Paris de uma obra cuja partitura original se julgava desaparecida num incêndio em 1887. MasFantasio, de Jacques Offenbach, adaptada de uma obra de Alfred de Musset, foi reconstituída por especialistas e reapareceu para se encontrar no Teatro do Châtelet.

Nesta ópera cómica, onde a música é pontuada por diálogos, o desiludido protagonista é desempenhado pela celebrada mezzo-sopranoMarianne Crebassa.

Vous m'en direz des nouvelles ! – Thomas Jolly, une fantasie nommée Fantasio https://t.co/RGJetphMVN

— RFI Mag (@RFImag) 20 de fevereiro de 2017

“É um personagem complexo. Primeiro porque ele se veste como o bobo da corte, muda de personagem a meio da peça. Depois, porque Fantasio tem múltiplas camadas interiores. Pode ser ousado, contemplativo ou desapontado. É a música que transporta a emoção, a faceta mais romântica de Fantasio. O texto falado mostra o seu lado mais bandido, revolucionário, republicano. Eu trouxe o meu lado mais espontâneo e brincalhão, mas também melancólico”, explica a cantora.

O encenador é Thomas Jolly, o jovem criador cujas adaptações de Shakespeare têm dado muito que falar. “É um Jacques Offenbach um pouco diferente daquilo que estamos habituados. Este é mais sombrio, mais íntimo, mais consciente da sua humanidade. Há menos humor, menos brilho, é menos divertido. Estamos mais no domínio da reflexão e introspeção. Na verdade, a sua ópera muda o fim da peça de Musset na qual se baseou para lançar um verdadeiro apelo à paz. É um hino, diria mesmo, à paz, que vem aliás de alguém que era um pacifista”, considera.

“Tive de deixar para trás todos os meus pudores”

Jolly salienta que “eles são todos grandes cantores, fico impressionado. Mas ao mesmo tempo, e isso é caraterístico dos grandes artistas, têm a humildade e a coragem de deixar de lado a sua técnica e a necessidade de ser eficientes para irem à procura, para testarem as coisas, cometerem erros, como se faz no teatro. É um alívio para eles não terem de ser eficientes a toda a hora, permite-lhes trabalhar de outra forma. Não se sentem forçados a obter logo resultados, podem mergulhar no aspeto criativo: na procura, na experimentação, no erro e, finalmente, na descoberta!”.

Para Marianne Crebassa, “Fantasio é uma história feita, sobretudo, de tonalidades, porque há nomeadamente dois personagens num só. Há um lado mais lânguido, mais romântico; e depois, quando se transforma em bobo, a escrita é mais apimentada. Há também grandes momentos dramáticos, impulsivos, com agudos impressionantes. Tive de ser não só cantora, mas também atriz. Tive de ousar mais, de deixar para trás todos os meus pudores”.

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