Analista em Rabat: "A nova situação de Marrocos preocupa os Europeus"

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A Euronews conversou com Abderrahim Manar Slimi, do Centro Magrebino de Estudos sobre a Segurança, sobre sobre o Saara Ocidental.

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Com Kawtar Wakil

EURONEWS
Connosco na capital marroquina, Rabat, Abderrahim Manar Slimi, presidente do Centro Magrebino de Estudos sobre a Segurança e Análise Política. Bem-vindo à EURONEWS.

ABDERRAHIM MANAR SLIMI
Obrigado.

EURONEWS
Enquanto especialista e conhecedor do conflito, pode explicar-nos que razões levaram Marrocos a retiar unilateralmente de Guerguerat, a pedido do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres?

ABDERRAHIM MANAR SLIMI
Houve mudanças no plano estratégico. A Frente Polisário tomou decisões que não respeitaram o acordo de cessar-fogo, em contradição com o estabelecido. Houve violações desde território mauritano até ao Oceano Atlântico. Mas, para piorar as coisas, começaram a opôr-se à existência de uma rota comercial civil internacional. Marrocos não estava em condições de levar este tema às Nações Unidas, pois tinha de lidar com a questão do regresso à União Africana, pelo que a discussão foi deixada para depois. Houve, posteriormente, um encontro com o secretário-geral das Nações Unidas. Um acordo foi assinado e Marrocos encontra-se agora do lado da legitimidade internacional. Marrocos respeita o cessar-fogo. Marrocos procedeu a uma retirada unilateral da região e a Frente Polisário caiu na armadilha.

EURONEWS
Como estão as coisas neste momento, tendo em conta que a Frente Polisário não deixou a região? Poderia dar-se um choque entre as Nações Unidas e a Frente Polisário?

ABDERRAHIM MANAR SLIM
Em primeiro lugar, sejamos claros: neste momento, vários atores influenciam o comportamento da Frente Polisário, que continua presente na região, o que viola as regras do Direito Internacional. O movimento tem tentado impedir a existência de uma zona uma zona de comércio internacional, o que pode ser considerado como um ato de agressão, segundo a Carta das Nações Unidas. Mas o movimento é, por outro lado, seguido de perto pelas Nações Unidas, que deverá apresentar, em breve, um relatório sobre o assunto ao Conselho de Segurança, que sabe da decisão tomada por Marrocos. Aguardamos com impaciência o relatório com o pedido da retirada da Frente Polisário por parte do secretário-geral, assim como pela resolução do Conselho de Segurança.

EURONEWS
António Guterres realçou a necessidade de que sejam respeitados os termos do acordo de cessar-fogo e disse estar preocupado com as tensões na região. Apelou à existência de relações e de um tráfico comercial e a que a região não seja bloqueada. Que poderá acontecer se os pedidos do secretário-geral não forem respeitados?

ABDERRAHIM MANAR SLIMI
A Frente Polisário não representa os saarauís nas províncias do sul, onde estes contam com representantes eleitos. Por outro lado, os europeus estão, de certa forma, preocupados com o regresso de Marrocos à União Africana, pois Marrocos, que sempre foi um parceiro estrategicamente importante, goza agora de uma excelente posição, pelo que estão todos preocupados com este processo.
Para os europeus, não há problema no Saara. Para eles, existe soberania marroquina nas províncias do sul. Mas todos sabemos que esta questão é utilizada como estratégia de negociação pelos europeus para fazer pressão sobre Marrocos no contexto africano, pois a integração de Marrocos em África pode ser prejudicial para os interesses deles

EURONEWS
E poderia utilizar a Frente Polisário o trunfo do Tribunal Europeu de Justiça? Haverá negociações para ser encontrada uma solução para este litígio comercial e político?

ABDERRAHIM MANAR SLIMI
A Frente Polisário impede a circulação na rota comercial e Marrocos tem direito à legítima defesa. Porquê? Porque as atitudes do movimento constituem uma ameaça para a paz e segurança internacionais. Não podemos renunciar a esta região. Enfrentamos uma ameaça à paz e segurança internacionais. Mas, até ao momento, parece que toda a gente aguarda o primeiro relatório do secretário-geral acerca da resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas. As estratégias no terreno poderão mudar posteriormente.

EURONEWS
Abderrahim Manar Slimi, obrigada por falar connosco.

ABDERRAHIM MANAR SLIMI
Obrigado.

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