Brexit: Um divórcio, duas experiências

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De  Antonio Oliveira E Silva
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A Euronews foi ao Reino Unido conversar com empresários sobre vantagens e incovenientes de operar numa economia fora da UE.

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Com Damon Embling, em Londres

Uma das grandes preocupações relacionadas com a saída do Reino Unido da União Europeia, o brexit, são as relações económicas e comerciais entre Londres e os restantes membros do bloco europeu.

No entanto, se a maioria das empresas expressou preocupação por um Reino Unido fora da UE, há empresas para quem a possibilidade de serem estabelecidos acordos comerciais com outros países parece bastante aliciante.

A EURONEWS esteve com empresários britânicos para saber que vantagens e que incovenientes estes viam no brexit e de que forma as suas empresas sairiam a ganhar, ou não, com este novo posicionamento da economia britânica no mundo.

Russ Pullen, diretor da British Hovercraft Company, em Sandwich, condado de Kent, sudeste do Reino Unido, a saída da UE representa, acima de tudo, novas possibilidades de crescimento:

“Já estamos a trabalhar em novos produtos e estamos preparados para receber investimento. Quase não fizemos negócios com a União Europeia nos últimos cinco anos”, disse Pullen à EURONEWS.

“A nossa produção vai, quase na totalidade, para outros países. Por isso, falamos num enorme potencial de crescimento assim que as barreiras impostas pelas União tenham sido abolidas. E estamos muito entusiasmados”, concluiu o diretor da British Hovercraft Company.

Para outras empresas, o brexit apresenta, no entanto, toda uma série de obstáculos que será necessário contornar, especialmente se forem postas em prática novas restrições à contratação de estrangeiros.

James Booth, fundador da start upScoota, especializada em comunicação digital, diz que vai ser mais complicado encontrar recursos humanos fora do Reino Unido:

“Espero que seja possível alguma liberdade de circulação, porque precisamos de recursos em Londres. Gostariamos de abrir escritórios noutras cidades, como Berlim ou Lisboa”, disse o fundador da Scoota, em entrevista à EURONEWS.

A Scoota foi fundada em 2008 e conta com 45 colaboradores permanentes em Londres. A empresa diz ser líder no setor da publicidade digital do Reino Unido e produzir milhões de anúncios por mês para todo o mundo.

“Por agora, é demasiado cedo para saber se será estrategicamente viável. Talvez seja mais relevante dentro de um ano. Os Estados Unidos são também um mercado importante. Estamos atentos à evolução das negociações do Brexit para entendermos como ficam as coisas.”

Atentos estão também Michel e Facund, dois trabalhadores da Scoota. O primeiro é francês e o segundo, espanhol das Baleares. A estes jovens quadros residentes em Londres, como a tantos outros um pouco por todo o Reino Unido, resta-lhes esperar, para saberem se será possível viver e trabalhar no país daqui para a frente.

Michel trabalha numa empresa anti-brexit por excelência e explicou à EURONEWS que iria tentar encontrar uma forma de contornar os obstáculos que possam surgir:

“Espero não ter de pedir visto ou ter de pagar mais impostos. Isso seria pior. No caso do nosso setor de atividade, penso que, se as coisas correrem mal e se tiver de voltar para o meu país, posso provavelmente trabalhar para a mesma empresa como externo ou com uma companhia independente.”

E se a imigração foi um dos temas mais importantes do brexit e, para alguns analistas, o principal motivo para que muitos tenham votado no Sim, empresas como a Scoota, muitas agrupadas na Câmara Britânica de Comércio, querem continuar a contratar estrangeiros.

Para Marcus Manson, da Câmara Britânica de Comércio, os empresários devem exigir que seja encontrado um regime vantajoso para os negócios no Reino Unido e para as empresas britânicas na Europa:

“Queremos que sejam aplicadas tarifas mínimas e que sejam evitadas barreiras no comércio com a União Europeia. Mas falamos também do mercado de trabalho e das migrações. As empresas querem beneficiar com o acesso de trabalhadores qualificados e não qualificados da União Europeia para que os negócios cresçam,” explicou Manson à EURONEWS.

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Falta ainda muito para a saída final do Reino Unido da União Europeia. Mas a pressão aumenta e, em Londres, o Governo tem de encontrar as melhores soluções para empresas e negócios.

Depois de aprovada a saída do Reino Unido da União Europeia enquanto Estado membro, em referendo de 23 de junho de 2016, começou uma batalha legal entre opositores e partidários do brexit. Ainda que o processo seja, como a primeira-ministra britânica, Theresa May já clarificou, mais do que uma vez, para avançar, muitos aspetos do acordo entre Londres e Bruxelas poderiam sofrer modificações.

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