Agência da ONU para os refugiados e países bloqueados respondem a Donald Trump

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De  Francisco Marques
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ACNUR espera poder manter a parceria com Washington na proteção dos que fogem da morte; Irão responde na mesma moeda ao governo norte-americano.

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A nova ordem executiva anti-imigração assinada segunda-feira pelo Presidente dos Estados Unidos, a bloquear por 90 dias a entrada no país de refugiados e de cidadãos de seis países de maioria muçulmana, mereceu a condenação dos países visados, mas também deixou a agência das Nações Unidos (ACNUR) para os refugiados em alerta.

Incluída na ordem-executiva emitida por Donald Trump logo no final da primeira semana na Casa Branca, entretanto suspensa pelo tribunal e agora revista com a exclusão do Iraque nos países de maioria muçulmana afetados, está a suspensão do programa de acolhimento de refugiados herdado da Administração Obama.

A porta-voz da ACNUR, Cecile Poully, sublinha o caráter “temporário da suspensão” do programa e revela que a agência está “a tentar trabalhar com Administração americana de forma construtiva e positiva para encontrar soluções.”

#Refugees are ordinary people forced to flee war, violence + persecution in their home countries. Our statement: https://t.co/HRuKkJ2Zqi https://t.co/KSmXi1HAkV

— UNHCR United States (@UNHCRUSA) 7 de março de 2017

Em comunicado, a ACNUR refere que “o imperativo mantém-se na proteção às pessoas que fogem de violência mortal”. “Estamos preocupados que esta decisão (dos Estados Unidos), embora temporária, possa agravar a angústia daqueles que afeta”, lê-se no comunicado da agência, no qual lembra a “longa parceria” que mantém com Washington na procura de soluções para os refugiados. “E e esperamos poder continuar com esta parceria.”

Num dos principais alvos diplomáticos da nova Administração Trump, o Irão, o novo bloqueio de vistos de entrada nos Estados Unidos mereceu uma resposta similar. Teerão anunciou o bloqueio de vistos de entrada no país a cidadãos norte-americanos enquanto durar o mesmo impedimento por parte de Washington.

Do ponto de vista comercial e um ano depois de o Irão ter começado a abrir-se ao Ocidente com a assinatura do acordo do Programa Nuclear com um grupo internacional em que se incluem os Estados Unidos, a responsável da agência de viagens Parsavosh acusou “as medidas tomadas por Trump, da noite para o dia”, de provocarem “instabilidade nas políticas executivas dos Estados Unidos”.

“Isto pode levar, por exemplo, muitos turistas iranianos a mudar os planos de visitarem os Estados Unidos e a preferirem outros destinos”, referiu Zohreh Elahi, a responsável da Parsavosh.

Outro dos seis países de novo afetados pelo bloqueio norte-americano é o Iémen. Na capital, Saná, a medida de Trump não foi, claro, bem acolhida e há até quem defenda um boicote iemenita aos Estados Unidos.

Para o jornalista Hassan al-Wareeth, “a ordem-executiva de Donald Trump é, acima de tudo, racista”. O também analista político acusa o Presidente norte-americano de apenas visar os países mais fracos de entre aqueles na zona do Golfo Pérsico com os quais os Estados Unidos não têm relações diretas ou ligações comerciais.

Na Somália, em dia de visita do novo secretário-geral da ONU, o português António Guterres, por causa da fome que afeta o país, o Presidente Mohamed Abdullahi Mohamed “Farmajo” manifestou preocupação com a “grande comunidade somali nos Estados Unidos”. “Temos de falar com o governo norte-americano”, afirmou o chefe de Estado da Somália, o qual, curiosamente, possui nacionalidade americana e não é afetado pela ordem-executiva agora revista por Donald Trump.

O ministério dos Negócios Estrangeiros do Sudão, outro dos países afetados, expressou em comunicado o “descontentamento” pelo bloqueio de vistos remitido por Donald Trump. “Os cidadãos sudaneses não estão ligados a atos criminosos ou terroristas cometidos nos Estados Unidos”, refere o documento que apela a Washington para rever a “severa decisão.”

São agora seis os países de maioria muçulmana afetados explicitamente pela ordem-executiva de bloqueio à entrada durante 90 dias nos Estados Unidos: Iémen, Irão, Líbia, Síria, Somália e Sudão.

A nova medida decretada pelo presidente Donald Trump substitui o primeiro decreto assinado a 28 de janeiro e que viria a ser anulado a 27 de fevereiro, pela justiça federal norte-americana por suposta inconstitucionalidade da medida.

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