Anunciantes suspendem publicidades no Google e no YouTube

Anunciantes suspendem publicidades no Google e no YouTube
De  Patricia Cardoso com Reuters, AFP
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A indústria publicitária cerra fileiras contra o Google, aproveitando o fiasco do algoritmo usado para a distribuição automática de anúncios publicitários na…

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A indústria publicitária cerra fileiras contra o Google, aproveitando o fiasco do algoritmo usado para a distribuição automática de anúncios publicitários na internet. Em causa está a associação de anúncios de instituições, grandes marcas e empresas a vídeos com conteúdos extremistas ou racistas.

A empresa tecnológica norte-americana viu-se obrigada a pedir desculpas públicas, esta segunda-feira (20 de março) no evento Advertising Week Europe, a decorrer em Londres.

Nos últimos dias, a empresa viu anunciantes suspenderem as publicidades nas páginas Google e YouTube. Da lista consta o governo britânico, HSBC, Lloyds, Royal Bank of Scotland, Marks’s&Spencer, McDonald’s, BBC, Sainsbury’s, Argos, Sky, The Guardian e Vodafone, entre outros nomes.

A agência de publicidade Havas foi das primeiras a agir. Na sexta-feira, a filial britânica cancelou os anúncios dos clientes locais, como O2, BBC, Dominos e Hyundai Kia, dizendo que “não tinha conseguido chegar a um acordo” com o gigante tecnológico, de que o seu conteúdo vídeo é classificado de forma rápida ou com os filtros corretos.

Estima-se que a Havas gaste, por ano, 201,6 milhões de euros em publicidade digital.

As críticas do setor publicitário ao Google não tardaram.

WPP, a maior agência de publicidade do mundo, estima que empresas como “Google, Facebook e Snapchat devem ter a mesma responsabilidade que outras empresas do setor dos media e que, quando se trata de colocar publicidade, não se podem esconder sob o epíteto de tecnologia”.

A francesa Publicis, número três do setor publicitário, adianta que o “Google não respeitou os padrões da publicidade”.

As empresas publicitárias são clientes e ao mesmo tempo concorrentes do Google, num mercado sob pressão. Os gigantes tecnológicos atraem cada vez mais clientes e receitas publicitárias, penalizando os grupos tradicionais, como os jornais.

O Reino Unido é o maior mercado publicitário para a Alphabet Inc, a casa-mãe do Google, fora dos Estados Unidos. No ano passado rendeu 7,8 mil milhões de dólares, ou seja, quase 9% das receitas totais da empresa.

A venda e compra de espaços publicitários no Google e YoTube não é feita por humanos, mas por um sistema automótico baseado em algoritmos. A audiência é um dos critérios.

Google põe anúncios nos vídeos para poder pagar a quem os publica. Por cada mil visualizações, a empresa de Silicon Valley paga cerca de 7 euros.

Numa carta enviada ao Google, Yvette Cooper, presidente da comissão parlamentar de Assuntos Internos, acusou a empresa de “lucrar com o ódio”. A empresa tecnológica terá também de dar explicações ao governo britânico.

Face às críticas, Matt Brittin, chefe do Google para a Europa, Médio Oriente e África, reiterou as promessas da empresa: “Comprometemo-nos publicamente a melhorar em três domínios: reforçar os critérios da nossa política publicitária, simplificar os controlos e ajustar as redes automáticas de segurança, aumentar o investimento para agir mais depressa quando um conteúdo controverso é assinalado pelos utilizadores”.

Tendo em conta as somas envolvidas, a empresa tem todo o interesse em recuperar a confiança dos anunciantes.

Outros artigos sobre o assunto no Jornal Público, e no jornal digital Dinheiro Vivo

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