60° aniversário do Tratado de Roma: Polónia ameaça estragar a festa

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De  Maria Barradas
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É uma Europa em plena crise de identidade e de confiança que se prepara a celebrar este fim-de-semana, em Roma, os tratados fundadores.

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É uma Europa em plena crise de identidade e de confiança que se prepara a celebrar este fim-de-semana, em Roma, os tratados fundadores. Esta Europa começou a seis e foi fazendo entrar mais 22. 60 anos depois são 28, com o primeiro a bater com a porta. Para além do Brexit – um duro golpe na construção europeia – as tensões entre Bruxelas e Varsóvia podem estragar a festa.

“A Europa tem que ser uma só, indivísivel e fortalecida pela força de todas as nações soberanas que são os estados membros. Criar divisões artificiais, fala de várias velocidades não vai produzir os efeitos esperados. Só pode conduzir à rutura da nossa cooperação em vez de a profundar”, reitera a primeira-ministra polaca, Beata Szydlo.

Só que em termos de divisões, a Polónia não tem lições a dar aos seus parceiros. Por exemplo, Varsóvia opôs-se à reeleição de Donald Tusk – polaco – à presidência do Conselho Europeu, recusando mesmo assinar as conclusões da reunião dos chefes de Estado.
Para além disso, ameaça não assinar também a declaração final do Tratado de Roma. E conta com o apoio do grupo de Visegrad, a Hungria de Vitor Orban, a Eslováquia e a República Checa. Todos defendem a unidade da Europa contra as propostas das grandes capitais de uma Europa a várias velocidades.

Para a Polónia, caminharem todos juntos significa sobretudo não pôr em risco as ajudas financeiras que têm feito do país um campeão do crescimento económico.
Entre 2007 e 2013, a Polónia recebeu da União Europeia 81,5 mil milhões de euros. Entre 2014 e 2020 tornou-se no país que mais dinheiro recebe de Bruxelas, à frente da Espanha e da França, com um montante que ultrapassa o próprio orçamento de estado do país.
O PIB polaco duplicou entre 2004 e 2013. O crescimento económico é de 3,5% e o desemprego está abaixo dos 10%.

Em termos políticos o país está dividido. Uma parte da população opõe-se à deriva autoritária de poder que controla os media e a justiça. O paradoxo polaco é que o partido populista que governa terá interesse em manter-se políticamente fora do alcance de Bruxelas, mas não quer correr o risco de ver o país relegado para a segunda divisão do campeonato europeu.

“O risco geopolítico e de segurança é de nos tornarmos uma vez mais membros desta espécie de zona cinzenta da Europa central entre a Europa real e o império russo e encontrarmo-nos outra vez na situação a que tentámos escapar nos últimos 25 anos, desde a queda do comunismo”, explica o presidente do Instituto polaco dos Assuntos Públicos, Jacek Kucharczyk.

Tusk, o mal amado dos polacos, alerta os que querem “queimar pontes”, que “há caminhos, que, uma vez tomados, não têm volta”. Um recado que parece seguir direto para Varsóvia.

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