Bulgária: Legislativas de domingo sob ameaça de fragmentação de voto

Legislativas antecipadas no domingo na Bulgária. Os conservadores do partido do ex-primeiro-ministro Boiko Borissov vão ter dificuldade em conseguir uma maioria governativa, empatados – segundo as sondagens – com o Partido Socialista Búlgaro da advogada Kornelia Ninova.
Fronteira exterior da União Europeia, na Bulgária estão imobilizados milhares de migrantes. As manifestações de 2013 contra a corrupção e a pobreza parecem ter sido esquecidas pelos candidatos.
“A fragmentação do voto traduz uma posição crítica face à elite política. É sinal evidente de que dez anos depois da adesão à União Europeia os búlgaros não estão felizes. Não houve uma mudança clara e indiscutível que desejassem apoiar com o voto”, alerta Anna Krasteva, analista política.
Se o resultado apontado pelas sondagens se confirmar, as eleições deste domingo darão origem a mais um parlamento fragmentado. Nos bastidores, os partidos já estão a negociar coligações.
Ao mesmo tempo, a cena política é afetada pela influência estrangeira. Por um lado, a Turquia, com o terceiro partido da Bulgária, com cerca de 15% dos votos, o DPS, tradicionalmente reservado face a Erdogan, a disputar os votos da minoria turca com uma nova formação pró-turca, Democratas pela Responsabilidade, Solidariedade e Tolerância (DOST), fundada por Lyutvi Mestan, que apoia abertamente Ancara e as políticas do presidente Erdogan. Por outro lado, a Bulgária mantém fortes laços com a Rússia, com Moscovo interessada em reforçar esta influência com os resultados eleitorais.
A minoria turca na Bulgária conta cerca de 700 mil pessoas. Os últimos dias de campanha foram marcados por acusações de ingerência nos assuntos nacionais por parte da Turquia, com Ancara a apoiar um novo partido pró-turco.
“Parte da propaganda pró-russa é de facto anti-turca. A Bulgária pode parecer igualmente distante ou igualmente próxima de ambos os países, mas não existe propaganda pró-turca na Bulgária”, ressalvou Anthony Galabov, professor de Sociologia Política e Cultura do Departamento de Ciências Políticas da Universidade Nova da Bulgária.
Estas serão as terceiras legislativas em menos de quatro anos. Se a instabilidade parlamentar se mantiver, a Bulgária poderá vir a ser confrontada com novas eleições antecipadas.