Suécia digere ato terrorista mas partido anti-imigração sai reforçado

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Representante do partido no governo acusa "nazis e as pessoas que pretendem espalhar o ódio" de manipular fotos para implicar muçulmanos no ataque de Estocolmo.

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A Suécia é um exemplo de tolerância e abertura, mas foi colocada à prova com o ataque terrorista de sexta-feira, oito de abril. Quatro pessoas morreram e mais de uma dezena ficou ferida após um homem conduzir um camião por uma rua pedonal até chocar contra a montra de uma loja e fugir.

Agora, de luto, o país tem de gerir as tensões geradas pela ascensão da islamofobia e dos crimes de ódio.

Com a reputação de ser um dos países na Europa mais acolhedores, desde a dácada de noventa a Suécia já acolheu 700 mil requerentes de asilo. Só em 2015, foram acolhidos 163 mil refugiados e isto num país, à imagem de Portugal, com cerca de dez milhões habitantes.

A política de portas abertas seguida pela Suécia no início deste milénio é bem visível nas ruas de Rinkeby, um dos bairros de maior presença de imigrantes em Estocolmo, conhecido também pela instabilidade, que será um reflexo também do atual clima tenso na política, explica um membro do Partido Social Democrata, a força política atualmente no governo.

“Nem sequer tinham passado 48 horas quando começámos a ver circular fotos manipuladas em que era colocada uma jovem mulher islâmica no local do ataque. Podemos ver por aí que os nazis e as pessoas que pretendem espalhar o ódio, já o começaram a fazer”, acusa Mohamed Nuur, o representante social-democrata no bairro de Rinkeby.

A hostilidade contra os imigrantes mantém-se tabu na Suécia, mas o véu começa a ser levantado, diz-nos Sajad Khalaf, um operário da construção civil nascido há 25 anos no Iraque: “Os Democratas Suecos (partido da direita nacionalista anti-imigração) têm vindo a crescer e, para eles, um ataque era apenas uma questão de tempo. Agora que aconteceu, ainda vão ganhar mais força. Acho que vai ser uma catástrofe.”

Foi precisamente o que aconteceu. O apoio dos Democratas Suecos aumentou e as sondagens já os colocam na segunda posição atrás do Partido Social Democrata. Já em janeiro de 2016, os militantes daquela força anti-imigração exigiam a demissão do atual primeiro-ministro, Stefan Lofven.

Após a cerimónia de homenagem às quatro vítimas do ataque terrorista de oito de abril, o chefe do governo ainda abriu os braços ao eleitorado e elogiou a determinação dos suecos em manterem-se unidos perante a trágica provocação que tinham sofrido com o sucedido em Estocolmo.

A verdade é que após a enorme vaga de refugiados de 2015, a Suécia já se tinha visto obrigada a rever a política de portas abertas e acabou por deixá-las apenas entreabertas. O governo decidiu endurecer os requisitos para vistos de residência, cortou nos benefícios sociais para imigrantes e reforçou os controlos fronteiriços.

Agora, com o ataque de Estocolmo, deverá reforçar ainda mais a fiscalização sobre os imigrantes a residir na Suécia e dificultar ainda mais o acesso àqueles que ali pretendam procurar refúgio e relançar a vida.

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