Nunca foi tão fácil publicar na internet vídeos filmados com um simples smartphone e abrir a via a situações como as mortes em direto.
Nunca foi tão fácil publicar na internet vídeos filmados com um simples smartphone e abrir a via a situações como as mortes em direto. Os últimos dois casos, em apenas duas semanas, chocaram a opinião pública e tornaram-se um verdadeiro problema para o Facebook.
Na segunda-feira, um tailandês de 20 anos, estarreceu o mundo com as imagens em direto do momento em que matava o seu bébé antes de se suicidar. As imagens ficaram várias horas em linha até que o Facebook as retirou.
Após o caso de Cleveland, o patrão e fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, prometeu continuar a “fazer tudo o que é possível para evitar este tipo de tragédia” mas admitiu que a tarefa não seria fácil.
Mas se o Facebook se compromete a encontrar uma solução é apenas por razões morais e para fidelizar os utilizadores, porque legalmente a rede social não é responsável pelos conteúdos dos utilizadores na sua plataforma, como explica Karen North, professora de comunicação, especialista em redes sociais: “Em termos legais e em termos de práticas de negócio, eles não têm responsabilidade, porque não são eles que publicam os conteúdos. Eles põem à disposição uma rede de difusão para que as pessoas publiquem. No caso de violência e crimes, como é que podem saber se é real ou se é um filme que alguém publicou? É muito difícil para os robôs tomarem decisões humanas”.
Com efeito, o Facebook tem sido regularmente acusado de censura, como no caso em que suprimiu de diversas contas na Noruega, as imagens históricas de uma menina vietnamita sob os bombardeamentos de napalm em junho de 1972, – simplesmente porque a criança estava nua.
Erna Solberg, a primeira-ministra da Noruega tinha reagido prontamente na altura: “Os jovens com menos de 30 anos têm, em 90% dos casos, as redes sociais como primeira fonte de informação. Se censurarmos alguém que publica fotografias historicamente importantes, factos importantes da nossa história, perdemos algo de muito importante para a comunidade, em termos de educação e de compreensão da sociedade”.
Com quase 2 mil milhões de utilizadores, o Facebook está particularmente vulnerável a esta realidade. Há mesmo quem questione se não seria melhor deativar a aplicação de difusão em direto, Facebook Live. O problema é que ela faz parte do eixo de desenvolvimento estratégico do grupo.